Junta de Freguesia de Palmela “sem governo”

CDU “teima” em fazer passar executivo de confiança quando perdeu maioria 

Continua o impasse na Junta de Freguesia de Palmela. A CDU ganhou sem maioria e não chega a acordo com o PS nem com a coligação PSD/CDS para formar governo. Fernando Baião, o vencedor minoritário pela CDU, afirma que “o eleitorado quer que seja a CDU a governar” e, por isso, avança com a intenção de “constituir um executivo de sua confiança política”, referindo que quem faz as propostas para os órgãos é o presidente. Do lado da oposição em peso há a reclamação de que não são não ouvidos para coisa alguma e culpam o cabeça de lista da CDU de “bloquear” a governabilidade da junta.
 
Partidos não se entendem para formar executivo da junta de Palmela 

O candidato que venceu as eleições à Junta de Palmela (pela CDU), Fernando Baião disse que o PCP [principal força política da coligação], “não vai ceder a qualquer pressão por parte da oposição”.
O comunista que ganhou com 39,2 por cento dos votos acha que “o eleitorado quer que seja a CDU a governar” e, por isso, avança com a intenção de “constituir um executivo de sua confiança política”, referindo que quem faz as propostas para os órgãos é o presidente. 
Ainda assim, Baião quer encontrar uma solução “que beneficie a população de Palmela e sirva os interesses do povo”, sendo que, “só em último recurso serão feitas novas eleições”, porque durante seis meses “a junta não pode aprovar o orçamento e fica num impasse”. O cabeça-de-lista da CDU apela à oposição para que esta “não coloque os interesses partidários acima dos interesses da população”. 
E a proposta comunista é simples no entender de Miguel Casanova, do PCP Palmela. Passa por “ter um vogal do PS e representantes das três forças políticas na mesa da Assembleia de Freguesia”, diz o responsável. Miguel Casanova lembra que a CDU sempre procurou um entendimento, mas apercebeu-se “que havia um acordo entre o PS e o PSD/CDS, para ganharem posição”. 
O responsável do partido em Palmela, realça que “quem ganhou as eleições deve poder governar a junta”. O PS e a coligação PSD/CDS continuam “a fazer propostas e a querer fazer ajustamentos” e a CDU está disponível “para chegar a um entendimento que seja bom para ambas as partes”. O comunista salienta que está preparado “para qualquer situação que possa ocorrer”, mas reconhece “que um acordo já vai ser difícil, embora não seja impossível”. 

PS acusa comunistas de falta de diálogo 
Fernando Baião é acusado de não "dar voz" à oposição 
O PS, segunda força mais votada na freguesia, quer mais diálogo e acusa os comunistas de não deixar o cabeça de lista do PS falar. Os socialistas que conseguiram apenas menos 474 votos que a lista vencedora, entende que cabe ao partido “mais votado, a CDU, encetar negociações que garantam a governabilidade, propondo um executivo que represente a vontade dos eleitores e a proporcionalidade dos votos expressos, ou seja, para manter a maioria relativa seria 2, CDU + 2, PS + 1, Palmela Mais [coligação PSD/CDS]. Qualquer outra composição deverá ser o resultado de negociações entre todos os partidos/coligações”, responde Raúl Cristóvão, responsável do PS local.
O socialista diz ainda que “o PS desde a primeira hora mostrou abertura ao diálogo que envolvesse todas as forças políticas eleitas, propondo um membro no executivo e um membro na mesa da assembleia de freguesia, deixando margem para que a coligação PSD/CDS também pudesse estar representada, posição que mantém”.
Perante a “forma autocrática e ferida de legalidade com que o Presidente eleito tem conduzido as reuniões, onde só ele tem exercido o direito à palavra, afirmando e proclamando inverdades, impõe-se a pergunta – o que quer esconder a CDU e o Presidente eleito?”, questiona Raúl Cristóvão.  
Apesar de posições divergentes o líder socialista também defende “uma negociação séria, transparente, sem pressões ou coações a eleitos, com a presença de representantes das forças políticas eleitas, a bem de Palmela e dos Palmelenses”, conclui Raúl Cristóvão. 

CDS defende novas eleições
“O Partido Comunista não está disposto a entrar num acordo e em última instância tem que haver eleições antecipadas”, defende Francisco Piteira. O presidente da concelhia do CDS-PP considera que, na última reunião, “houve várias ilegalidades”, porque a CDU “apresentou sempre a mesma lista, sem proceder às devidas alterações, previstas na lei”, o que levou a que esta fosse recusada pela oposição sucessivas vezes.
Francisco Piteira considera que a freguesia se “encontra numa anarquia”, em que existe “um défice claro de negociação por parte da CDU, que ambiciona ter o poder absoluto”.

PSD lembra que CDU perdeu maioria e precisa de dialogar
Carlos Vitorino, líder dos social-democratas do concelho de Palmela, também acha esta situação “preocupante” e lembra que a CDU “agiu contra a lei, ao não permitir que os outros partidos tivessem a palavra”.
O PSD Palmela não pode aceitar esta posição do PCP, que, quando tem maioria absoluta diz que é a expressão da vontade popular e faz o que entende, mas, quando perde essa maioria absoluta, acha-se no direito de se comportar da mesma maneira”, diz um comunicado do PSD que deixa claro que democracia é respeitar a vontade do povo, e a vontade do povo foi no sentido de retirar a maioria ao PCP”, refere a concelhia laranja.
Esperam os social-democratas [obtiveram 13,9 por cento nas últimas eleições] que o PCP reveja a sua posição e adopte uma postura verdadeiramente democrática na próxima sessão, pondo de parte atitudes de intolerância e prepotência a que assistimos”.
Tal como todos os partidos, a coligação Palmela Mais também abre a porta para “reatar  uma negociação séria e abrangente”.  Mas avisa Carlos Vitorino, “não cederá a pressões, não tem medo e está preparado para qualquer cenário político, defendendo intransigentemente os cidadãos de Palmela”.
As eleições foram há um mês. Ainda ninguém se entende por Palmela.


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