Empresa histórica fecha portas e deixa 300 trabalhadores no desemprego em Palmela

Vanpro encerra atividade e abre novo capítulo de incerteza para centenas de famílias

A Vanpro, empresa que durante cerca de três décadas produziu bancos para os veículos da Autoeuropa, encerrou definitivamente a atividade na segunda-feira, em Palmela, deixando cerca de 300 trabalhadores sem emprego e colocando um ponto final numa história ligada ao coração do setor automóvel nacional. Existia um acordo para a integração de 125 funcionários na nova unidade, mas apenas cerca de 60 acabaram por aceitar essa possibilidade. 
Parque Industrial da Autoeuropa perde empresa histórica

Instalada no Parque Industrial de Palmela desde o início dos anos 90, a Vanpro acompanhou a chegada da Autoeuropa à região e forneceu bancos para os modelos da Volkswagen produzidos em Portugal desde o primeiro dia. O encerramento surge depois de a empresa ter perdido o concurso para o fornecimento dos assentos do novo T-Roc híbrido, decisão tomada no início deste ano pelo grupo alemão.
A notícia do fecho já era conhecida desde Setembro de 2023, mas só agora se concretizou, com o último banco a sair da linha de produção na segunda-feira. A empresa despede-se assim de uma atividade iniciada em 1994 e que marcou várias gerações de trabalhadores no concelho de Palmela.

Integração parcial na nova fábrica ficou aquém do esperado
Com a perda do contrato, a produção dos novos bancos passou para a Brose Sitech, empresa que conta com uma participação de 50 por cento da própria Volkswagen e que emprega atualmente cerca de 350 trabalhadores. Segundo a Comissão de Trabalhadores da Vanpro, existia um acordo para a integração de 125 funcionários na nova unidade, mas apenas cerca de 60 acabaram por aceitar essa possibilidade.
De acordo com Sónia Almeida, coordenadora da Comissão de Trabalhadores, muitos optaram por outros caminhos profissionais. "Outros saíram para outras empresas e até mudaram de ramo", disse. 
Ainda assim, os trabalhadores entram oficialmente no desemprego em Fevereiro, mantendo-se até lá a expectativa de novas oportunidades. "Há esperança que sejam integrados noutras fábricas do Parque Industrial de Palmela ou até em diferentes ramos de trabalho que não o fabril", afirmou. 

“Qualquer empresa terá sorte em empregá-los”
Sónia Almeida sublinha o percurso profissional dos trabalhadores agora afetados. "São pessoas que sempre desempenharam a função da forma mais profissional possível, desde o primeiro banco produzido para a Volkswagen até ao último, e qualquer empresa vai ter muita sorte em empregá-las", destacou.
A própria Vanpro assinalou o momento numa publicação no Linkedin, onde escreveu: "Hoje encerramos a história da Vanpro, localizada no Parque Industrial da Autoeuropa, no coração do setor automóvel", acrescentando que "não é apenas o fim de uma atividade, mas a celebração de tudo o que construímos juntos".

Indemnizações acima do mínimo legal
Antes do encerramento, foi alcançado um acordo entre a administração da empresa e a Comissão de Trabalhadores para o despedimento coletivo. Em Junho, ficou definido o pagamento de uma indemnização correspondente a 1,2 salários por cada ano de trabalho, quando a compensação prevista na lei variaria entre 0,4 e 0,6 salários por ano, consoante a antiguidade.
A este valor acresce um prémio de assiduidade no montante de 900 euros. Os trabalhadores abrangidos são maioritariamente homens, com cerca de 90 por cento em regime de contrato. Um terço conta com aproximadamente 30 anos de casa e outro terço acumula mais de 15 anos de serviço.
Alguns dos trabalhadores permaneceram na fábrica até ao último dia de laboração e irão continuar temporariamente para assegurar a limpeza e o desmantelamento do espaço industrial, no âmbito do acordo alcançado com a administração.
O fecho da Vanpro representa não apenas a perda de centenas de postos de trabalho, mas também o desaparecimento de um dos nomes históricos ligados à produção automóvel em Portugal.

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