Castelo de Palmela une-se a São Jorge 600 anos depois

Ritual Almenara levou ajuda de Palmela ao cerco a Lisboa 

A Câmara de Lisboa e de Palmela assinalam uma parceria através de uma oferta conjunta dirigida à promoção do turismo nas duas regiões. Fernando Medina afirma que a estratégia para o fluxo de turismo assenta na diversidade. O Projecto Almenara evoca o episódio em que D. Nuno Álvares Pereira fez passar uma mensagem a Lisboa através de uma fogueira acesa em Palmela. "Esta é já a terceira travessia do Tejo", disse o presidente do município de Palmela. Já o presidente da Câmara de Lisboa recordou os tempos em que havia “uma certa concorrência” entre municípios no que ao sector turístico diz respeito e frisou com satisfação que hoje a realidade é outra. Para Fernando Medina, o futuro passa precisamente pela aposta em “ofertas complementares, que diversifiquem e aumentem o número de experiências”A primeira iniciativa vai ter lugar a 17 de Setembro. Nesse sábado, pelas 21 horas, os castelos de São Jorge e de Palmela vão ser palco de dois espectáculos de evocação do episódio ocorrido há mais de 600 anos, onde se prometem ovelhas voadoras e cavalos lusitanos. 
Autarcas de Lisboa e Palmela juntos na apresentação do programa

Em 1384, durante o cerco da cidade de Lisboa pelos castelhanos, a chegada de reforços comandados por Nunes Alvares Pereira, foi assinalada com uma grande fogueira acendida no Castelo de Palmela. Graças a essa mensagem, Mestre D’Avis e os lisboetas ficaram a saber que a ajuda estava próxima e que vinha desequilibrar as forças sitiantes. A mensagem foi respondida com novas fogueiras acesas no castelo de Lisboa. Essas fogueiras designavam-se Almenara, que quer dizer, grande fogo, farol. Os dois castelos ficaram assim ligados à liberdade e à independência de Portugal.
Evocando a história relatada nas crónicas de Fernão Lopes, o projeto Almenara apresentado ontem, dia 8 de Setembro, na sala Oval do Castelo de S. Jorge pretende dar continuidade e aproximar as duas margens do Tejo, oferecendo aos portugueses e ao turismo da cidade uma oportunidade de descoberta e de fruição através de um programa cultural conjunto, entre a autarquia da capital e de Palmela.
Os dois diretores artísticos do projeto, Jorge Gomes Ribeiro, da Companhia da Esquina e João Brites, do Grupo de Teatro O Bando apresentaram as grandes linhas dramaturgicas que orientam o projeto artístico e teatral que dia 17 de Setembro irá assinalar o Ritual Almenara.
Para Álvaro Manuel Amaro, presidente da Câmara de Palmela, este projeto seria “já a terceira travessia do Tejo. Num plano simbólico e cultural, procuramos alargar o conceito de região e de Lisboa aos municípios que a envolvem, sendo esta uma oportunidade de promover o nosso espaço comum e valorização do fluxo turístico, que Lisboa acolhe como destino turístico de excelência”. Para o autarca de Palmela "faz todo o sentido as duas margens estejam unidas pelas pessoas que as habitam", sublinha Álvaro Amaro.
Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, referiu que Lisboa tem de possuir a capacidade de saber acolher e proteger a autenticidade da cidade. "Face ao fluxo de turistas que temos vindo a sentir, é fundamental saber alargar e diversificar. Se há uns tempos havia uma certa rivalidade entre regiões, hoje o modelo é o de oferecer diversidade e promover ofertas complementares, alargando os vários pontos de atração, seja no interior da cidade, seja nas regiões envolventes através de estratégias de articulação de que o presente projeto é exemplo”. Para Fernando Medina impõe-se também através deste programa "a valorização de um dos nossos principais ativos que é a nossa história e cultura. A nossa cultura é um dos pontos de afirmação e de orgulho que devemos dar a conhecer a todos aqueles que nos visitam", sublinhou o autarca.

Ovelhas voadoras em Palmela... e cavalos lusitanos em Lisboa 
Fogueiras ateadas em Palmela avisaram Lisboa 
A primeira iniciativa do Projecto Almenara, apresentada como o seu “evento âncora”, vai ter lugar no sábado, dia 17 de Setembro. Nessa data, pelas 21 horas, os castelos de São Jorge e de Palmela vão ser palco de dois espectáculos de evocação do episódio ocorrido há mais de 600 anos.
Estão em causa “dois espectáculos independentes, que se interligam na sua lógica conceptual, técnica e artística, com projecções comuns visíveis nos dois municípios, através do recurso à tecnologia”. Aquele que vai poder ser visto em Palmela tem direcção artística de João Brites, do Teatro O Bando, enquanto o de Lisboa é dirigido por Jorge Gomes Ribeiro, da Companhia da Esquina.
Na apresentação desta quinta-feira, João Brites contou que o ponto de partida para o espectáculo que dirigiu foi perceber “que mensagem se queria enviar para Lisboa”. A resposta a essa pergunta, adiantou, foi a de que “até uma ovelha pode voar”, conseguindo “talvez aterrar no Castelo de São Jorge”, vinda de Palmela.
O dramaturgista, encenador e cenógrafo fala também numa “homenagem à pastorícia e aos rebanhos”, que “fazem lembrar os refugiados”, e sublinha que o espectáculo que concebeu “pretende acima de tudo enaltecer o sentido de cidadania”.
No comunicado explicita-se que o “Ritual Almenara Palmela” inclui “encenações teatrais e musicais, a cargo do maestro Jorge Salgueiro” e um momento em que “serão lançadas ‘ovelhas voadoras’, representando as antigas almenaras (fogueiras)”.
No lado da capital, Jorge Gomes Ribeiro explica que no espectáculo procurou “confrontar um bocadinho o pensamento da guerra e da paz” e notou a importância de o episódio de 1384 continuar, “depois destes anos todos”, a ser “celebrado”. Às ovelhas, o director artístico da Companhia da Esquina acrescentou o cavalo lusitano, pela sua “coragem”.
O “Ritual Almenara Lisboa”, resume-se na informação, “celebra a lusitanidade e os padrões das subculturas de Lisboa através de um espectáculo com performances teatrais e musicais, a cargo de uma orquestra de 12 elementos”.
Para lá da iniciativa agendada para o dia 17 de Setembro (que tem entrada gratuita mas que requer reserva prévia por telefone), o Projecto Almenara contempla várias outras actividades em torno dos castelos de Palmela e de Lisboa, que se uniram pela primeira vez em 1384, em nome do reino de Portugal.

 Agência de Notícias

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