Credores aprovam viabilização da YDreams em Almada

Com  plano de recuperação aprovado dá "vida nova" a empresa tecnológica 

A YDreams ultrapassou o último obstáculo e está salva da insolvência. O Tribunal do Barreiro homologou na semana passada o plano de revitalização da empresa liderada por António Câmara. A decisão surge menos de uma semana depois da aprovação pelos credores. "O PER foi aprovado por mais de 80 por cento dos credores", revelou Bruno Vicente, administrador judicial provisório da YDreams, em declarações ao jornal Dinheiro Vivo. O plano foi viabilizado com 86 por cento dos votos, revelou fonte ligada à operação, acima dos dois terços necessários no âmbito do processo especial de revitalização. Sedeada no Madan Parque, dentro do campus da Universidade Nova de Lisboa do Monte da Caparica,  em Almada, a empresa começou por despertar a atenção com soluções que tiravam partido dos conhecimentos dos respetivos fundadores: todos eles professores universitários, com carreiras feitas no processamento de imagem, engenharia ambiental e sistemas de localização. 
Empresa de Almada deve quase 18 milhões de euros 

A tecnológica que começou em Almada pretende pagar as dívidas junto dos 180 credores. No total, a empresa tecnológica deve 17,98 milhões de euros. Os bancos são as entidades que mais esperam receber da parte da empresa fundada em 2000, a partir do campus da Universidade Nova de Lisboa. Ao todo, representam 67,3 por cento das dívidas da YDreams, mais de 12 milhões de euros, que deverão ser recebidos daqui a dois anos.
A YDreams também irá manter a equipa de gestão, adianta António Câmara, questionado pelo Dinheiro Vivo. "O grupo continuará a ser gerido pelos três fundadores da empresa, que tem um grupo internacional de conselheiros", adianta o presidente da YDreams, cujos vogais continuarão a ser Edmundo Nobre e José Miguel Remédio, outros dos elementos que criaram a empresa em 2000.
António Câmara indicou ainda que o futuro da YDreams vai passar pela "aposta em parcerias no Canadá e na Alemanha, que inclui processos de investimento e cotação em bolsa de várias das suas empresas", segundo declarações à Exame Informática. Em 2011, aYnvisible, uma das spin-off da tecnológica, chegou a estar cotadano índice First Quotation Board da bolsa de Frankfurt, acabando por ser retirada em Novembro de 2012.
Em 2015, a YDreams indica que as participadas, "num grau de maturidade superior", vão tentar entrar em praças financeiras que "têm uma liquidez consideravelmente superior", adianta António Câmara.

Empresa inovadora na área tecnológica 
Sedeada no Madan Parque, dentro do campus da Universidade Nova de Lisboa do Monte da Caparica, a empresa começou por despertar a atenção com soluções que tiravam partido dos conhecimentos dos respetivos fundadores - todos eles professores universitários, com carreiras feitas no processamento de imagem, engenharia ambiental e sistemas de localização.
Jogos de telemóvel que, numa aposta muito à frente do seu tempo, punham os utilizadores aos tiros no meio da rua; mostradores de museu; sistemas de interação com repositórios de imagens clínicas para salas de cirurgia; e guias robóticos - eis alguns dos 600 projetos que a Ydreams deu a conhecer dentro e fora de Portugal.
Em 2006, a empresa que mereceu menções na Wired, Business Week ou The Economist e que tinha a Adidas, Nokia, Banco Santander ou Vodafone como clientes, recebe 8,5 milhões de euros de investidores de capital de risco (Espírito Santo Tech Ventures e Herrick Partners). Nesse mesmo ano, António Câmara recebeu o Prémio Pessoa.
Em 2011, começam a circular as primeiras notícias sobre salários em atraso na Ydreams. António Câmara admite problemas nos pagamentos, mas desdramatiza em declarações reproduzidas pelo "Diário Económico": "Vamos acabar o ano de uma forma excelente. Curiosamente, em termos do grupo, estamos a ter o melhor ano de sempre". Ainda nesse mesmo ano, equipa liderada por António Câmara tenta a sorte na bolsa alemã com a Ynvisible - que haveria de deixar de estar cotada mais tarde.
Atualmente, a Ydreams conta com delegações em Espanha e no Brasil e ainda com cinco spin-offs: a Y.Vision; a Ydreams Robotics; a AudienceEntertainment; a Azorean; e a Ynvisible. Foram estas duas últimas spin-offs que mais deram que falar nos últimos tempos: a Azorean ganhou um prémio internacional com uma embarcação telecomandada por telemóvel que viria a ser bem-sucedida na plataforma de crowdfunding Kickstarter; e a Ynvisible desenvolveu uma plataforma de prototipagem na lógica de "faça você mesmo", que também recebeu financiamento em regime de crowdfunding.

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