10 mil esperam por ajuda do Banco Alimentar em Setúbal

Distrito de Setúbal tem 10 mil pessoas na lista de espera do Banco Alimentar 

Actualmente são apoiadas 30 mil pessoas do distrito de Setúbal, mas a pobreza continua a aumentar, diz o responsável local pelo Banco Alimentar Contra a Fome. De acordo com António Alves há mais 10 mil em lista de espera e este número não para de aumentar. São entre 50 a 60 as instituições do distrito de Setúbal que aguardam ajuda do Banco Alimentar. O embargo de produtos europeus por parte da Rússia tem permitido ao Banco Alimentar dar um apoio extra a mais instituições. Mas, apesar deste reforço de última hora de bens alimentares, António Alves admitiu que o Banco Alimentar "não consegue chegar a todas as pessoas que precisam de ajuda". O Banco Alimentar Contra a Fome entrega a instituições de todo o distrito mais de quatro mil toneladas de alimentos por ano, o que equivale a cerca de 5 milhões de euros.

Banco Alimentar ajuda 30 mil pessoas no distrito de Setúbal 

Apesar da boa vontade dos portugueses, apesar no enorme esforço dos voluntários, a recolha dos bens alimentares do Banco Alimentar Contra a Fome não chega para "alimentar" toda a gente carenciada no distrito de Setúbal. Ao todo a instituição apoia 30 mil pessoas no distrito mas ainda há quase 10 mil a "reclamar"  por comida a quem o Banco Alimentar não consegue dar resposta imediata.
"Não é um aumento exponencial, como tinha sido até há um ano atrás, mas tem havido algum aumento. Neste momento, temos entre 50 a 60 instituições em lista de espera, o que dá cerca de 10 mil pessoas", enumerou António Alves, responsável pelo Banco Alimentar Contra a Fome no distrito.
"Damos alimentos a cerca de 15 mil pessoas contratualizadas e a mais 15 mil, para além dos contratos. Temos contratualizadas 145 instituições, a quem garantimos os alimentos todas as semanas, e mais algumas instituições que temos estado a apoiar de forma extraordinária, porque temos estado a receber produtos que não esperávamos, devido ao embargo decretado pelas autoridades russas", acrescentou António Alves.
Mas, apesar deste reforço inesperado de bens alimentares, graças ao embargo de produtos europeus por parte da Rússia, António Alves admitiu que o Banco Alimentar não consegue chegar a todas as pessoas que precisam de ajuda e reconhece que a pobreza continua a aumentar na região de Setúbal.

Pobreza a aumentar no distrito 
Uma opinião corroborada por Manuel Cardoso, coordenador do grupo sócio caritativo da Paróquia de São Brás, no Samouco, concelho de Alcochete, uma das muitas instituições de solidariedade social da região que ajudam centenas de famílias, com o apoio do Banco Alimentar Contra a Fome.
"No grupo sócio caritativo de São Brás servimos, neste momento, em frescos, 44 famílias, mas temos inscritas 66, que recebem cabazes de produtos secos. Esta ajuda do Banco Alimentar é uma dádiva para as famílias carenciadas", disse Manuel Cardoso. 
Carlos e Francisca, ambos a morarem numas águas furtadas no Pinhal Novo, são duas das pessoas sinalizadas. Ambos desempregados vivem "dos favores" dos familiares e de alguns vizinhos que lhes trazem bens de primeira necessidade para se alimentarem. Ainda assim contam que "há muitas vezes que nem uma refeição conseguimos". A situação, diz o casal, "não está a ser fácil mas sabemos que há pessoas ainda piores e as intuições não conseguem dar uma resposta eficaz a toda a gente". Assim a Carlos e Francisca, ele com 41 e ela com 36, resta "procurar trabalho ou um biscate para que possamos comer todos os dias. É nisso que estamos focados". 
Na freguesia da Baixa da Banheira, no concelho da Moita, mais um casal, de cerca de 50 anos, continuam à espera de ajuda. Um e outro caso estão sinalizados mas o apoio não chega para tanta gente aflita e com fome no distrito de Setúbal. 
Sinal de que se mantêm as dificuldades, o vaivém diário de viaturas de instituições de solidariedade social do distrito, é uma constante junto ao armazém do Banco Alimentar de Setúbal, instalado na zona de Vila Amélia, no concelho de Palmela.Situado a poucos quilómetros da fábrica de automóveis da Autoeuropa, uma das empresas que mais contribui para a riqueza nacional e para o Produto Interno Bruto de Portugal, o Banco Alimentar procura minimizar os problemas dos mais carenciados.
"Nos armazéns de Vila Amélia, em Palmela, e de Vila Nova de Santo de André, em Santiago do Cacém, entregamos a instituições de todo o distrito mais de quatro mil toneladas de alimentos por ano, o que equivale a cerca de 5 milhões de euros", disse António Alves. "Neste momento estamos a entregar 90 toneladas de frescos por semana, a que se juntam as 21 toneladas de peixe fresco que já foram distribuídas este ano, proveniente das lotas de Setúbal e Sines", acrescentou. 

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