Cidade europeia do vinho pode projectar a região a nível turístico

Nós e as cidades - by Miguel Macedo
Cidade europeia do vinho pode projectar a região a nível turístico

O património histórico e cultural do distrito de Setúbal começa a ser encarado, cada vez mais, como uma componente importante da oferta turística, quer pelo seu significado intrínseco, quer pelo que representa enquanto factor diferenciador da nossa identidade, num mundo formatado pela ideia da globalização.
Depois dos atentados cometidos, de uma forma mais acentuada ao longo do último meio século, como consequência do modo como se encarava então o desenvolvimento turístico, o património histórico e cultural ligo à nossa cultura começa a ser entendido, agora, como um interessante complemento daquilo que tem constituído o essencial da nossa oferta turística, “sol e praia”. Uma ideia que está facilitada pela acentuada diminuição da pressão urbanística, como consequência da crise dos sectores da construção e imobiliário. Hoje são poucos os proprietários que insistem em projectos que visem a destruição patrimonial ou o desvirtuamento dos centros históricos.

Ao contrário de um passado recente, será muito mais fácil seduzir, actualmente, um proprietário de um imóvel nos centros históricos de Setúbal, Montijo, Almada, Barreiro ou Palmela para a importância da preservação de um determinado tipo de arquitectura e urbanismo, do que há uma década atrás.
É neste contexto e porque o combate à crise económica também se faz com ideias inovadoras, que sublinho a decisão da Câmara Municipal de Palmela ter concorrido a cidade europeia do vinho e... ter ganho. É, não tenhamos dúvidas, uma montra para mostrar aquilo que a nossa região tem de bom. As restantes autarquias deviam de aproveitar a “boleia” e prepararem-se com requinte para promover a região. Além do vinho de Palmela – de facto um dos melhores do país e do mundo – nós temos a Arrábida, temos o Tejo aqui tão perto, o Estuário do Sado, o turismo de luxo de Tróia, as praias da Caparica e Sesimbra e cidades e vilas cheias de tradições únicas.
Diria eu, falta agora olhar para os nossos centros históricos e meter mãos à criatividade e na massa para fazer da Península de Setúbal, um lugar de excelência e podemos, como acontece no Algarve, fixar muitos turistas.
Para isso, além da inevitável recuperação patrimonial que uma tal iniciativa supõe, há um factor que importa por em evidência quando abordamos esta problemática, que é o da valorização e revitalização dos centros históricos.
A recuperação de um centro histórico só tem sucesso se, ao mesmo tempo que se reconstroem os edifícios, se lhes der um uso susceptível de fixar e atrair pessoas.
Palmela, que em 2012 terá a capital europeia do vinho, uma jóia da arquitectura histórica do país, esteve demasiado tempo ao abandono. Sei que terá obras profundas de reabilitação nos próximos anos. Mas não chega apenas pensar nas infraestruturas sem pensar também nos edifícios. Pensar nisso é importante e fundamental. Fazer uma coisa sem a outra é jogar dinheiro público fora para continuar tudo na mesma depois das ditas infraestruturas feitas.
De qualquer maneira, Palmela, cidade europeia do vinho pode ser um bom exemplo de como a história pode servir o turismo. E vice-versa.
Um feliz Natal a todos quanto fazem e escrevem No ADN e aos leitores.





Miguel Macedo
Estudante de Arquitectura
Montijo 

(Nós e as Cidades é uma rubrica de Miguel Macedo, sobre urbanismo,  mobilidade e bem-estar, que será publicado às quintas-feiras,quinzenalmente)



Outros artigos do autor: 

Falta pensar nas cidades 

Que mobilidade temos?

Comentários