AD com a vitória mais curta de sempre vai conseguir formar governo? Em Setúbal a aliança reforçou votação
De Almada a Sines, todo o distrito já foi pintado de vermelho. Os comunistas foram perdendo influência, mas a esquerda manteve-se firme, sobretudo o Partido Socialista. A tradição manteve-se nestas eleições. O PS venceu em todos os concelhos do distrito mas perdeu três deputados [tinha 10] e quase 41 mil votos. A AD [a coligação que juntou PSD, CDS-PP e PPM] venceu o país mas nos 13 municípios do distrito foi a terceira força política. Leva para a Assembleia da República quatro deputados. A grande surpresa veio pela extrema-direita onde o Chega obteve 102 mil 077 votos e instalou-se no segundo lugar e elegeu quatro deputados. A CDU perde um deputado no distrito e 4688 votos em relação a 2022. Bloco de Esquerda e Iniciativa Liberal mantêm um deputado e o Livre [outra surpresa da noite eleitoral] elege pela primeira vez um deputado. A melhor notícia? Houve mais 69 mil pessoas a votar em relação a 2022. Um rombo na abstenção.
No que resultou irmos votar no Domingo? |
No início da noite, um edital de uma mesa da União de freguesias do Seixal, Arrentela e Aldeia de Paio Pires era exemplo de um terramoto eleitoral. Nessa zona popular do Distrito de Setúbal, o Chega estava em primeiro lugar, seguido do PS e da AD. No conjunto dos distritos do sul, o Chega seguia em segundo na maior parte dos distritos, ganhando no Algarve. O partido de André Ventura ia buscar votos a toda a esquerda, sobretudo ao PS, com a AD a manter quase a sua votação e a IL a progredir ligeiramente.
Em Beja, distrito em que os comunistas perderam o último deputado no Alentejo. O PS perde aí 12 pontos percentuais em relação a 2022; o Chega sobe 11 pontos percentuais; a AD fica com a mesma percentagem, da soma de PSD e CDS em 2022; e a CDU desce mais de três pontos percentuais, perdendo o seu representante.
A noite não começou com muitos sorrisos e acabou com outros tantos, até dos vencedores. A proximidade entre a AD e o PS impediu os líderes de cantarem vitória ou assumirem derrota cedo. A complexidade das eleições mais participadas de sempre (6,1 milhões), deixa um cenário difícil para a governação.
AD e PS estão separados por apenas dois deputados (79 para a AD e 77 para o PS) e ambos os blocos, à esquerda e à direita democrática, não alcançam a maioria absoluta de deputados. Os votos da emigração só serão contados entre 18 e 20 de Março e estão quatro mandatos por distribuir, mas o panorama dos próximos tempos assumidos pelos líderes será este: a AD governará “com maioria relativa” e o PS irá “para a oposição”.
Chega a subir. CDU a cair e Livre a aparecer
No distrito de Setúbal, que pela primeira vez elegeu 19 deputados, 502.587 votantes Dos 751 mil 292 inscritos, foram votar 502 mil 587 pessoas. A grande maioria escolheu a lista socialista liderada por Ana Catarina Mendes. Recolheu pouco mais de 157 mil votos e sete deputados [mais três que em 2022].A grande surpresa da noite chegou pela direita radical. O partido que quer mudar o sistema político português e conquistou mais de 102 mil votos [há dois anos teve 39 mil 135 eleitores]. O que permite ao Chega eleger quatro deputados pelo círculo sadino. Tinha apenas um. O partido de Ventura foi a segunda força política mais votada no distrito. Nas freguesias de Quinta do Conde, Pegões, Marateca/Poceirão foi mesmo a força mais votada. A Aliança Democrática foi a vencedora no país, mas em Setúbal teve 86 mil 297 votos e elegeu quatro deputados. Em 2022 tinha elegido três. Ainda assim, com mais votos e mais participação, no final da contagem, o partido que irá formar governo teve 17,17 por cento.
A perda de um deputado da CDU confirma a "queda" da esquerda comunista. Os 38 mil 841 votos não chegaram para eleger mais do que a deputada Paula Santos. A CDU perdeu 4688 votos em relação a 2022.
No Bloco de Esquerda, apesar do aumento da votação, apenas Joana Mortágua foi eleita. E a grande surpresa foi o Livre que com mais de 21 mil e 500 votos conseguiu eleger um deputado pela primeira vez no distrito.
A Iniciativa Liberal também aumenta a votação e volta a eleger um deputado. O PAN também aumentou muito a votação mas não recuperou a representação parlamentar por pouco. Outra das surpresas da noite foi o partido ADN que subiu dos 1300 votos em 2022 para os quase oito mil neste domingo. Ainda assim não chegou para eleger nenhum deputado.
O ADN teve 99 mil 475 votos nestas eleições, em 2022 tinha tido cerca de 10 mil. Foi uma confusão que custou caro à AD que terá perdido dois deputados por este facto. Exatamente os dois deputados que teriam dado uma vitória clara à Aliança Democrática já esta noite.O Chega com 48 deputados eleitos é o vencedor esmagador destas eleições e quadruplicou os resultados de 2022, quando tinha elegido 12 deputados. Como é que Montenegro vai conseguir manter a promessa do “não é não”, ignorando 48 deputados e mais de um milhão de votos, é uma das grandes dúvidas que sobra destas eleições.
O pior cenário confirma-se e o país fica com um xadrez parlamentar muito complicado de gerir e, sobretudo, com grande probabilidade de não garantir condições de governabilidade durante quatro anos. Cabe agora a Marcelo Rebelo de Sousa resolver esse enigma.
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