Ministério Público abre inquérito crime ao lar Peninsular no Montijo

Suspeitas de usurpação e desvio de dinheiro dos utentes juntam-se a relatos de falta de comida, higiene e saúde

A Segurança Social efetuou uma segunda inspeção ao Lar Peninsular, no Montijo, depois da que foi realizada há uma semana, na sequência de uma denúncia de alegados maus-tratos aos utentes, confirmou o Instituto da Segurança Social. "Na sequência de denúncia, a Segurança Social realizou uma ação inspetiva à referida instituição [Lar Peninsular, no Montijo] no dia 6 de Março. Agora, depois mais uma denuncia, a Segurança Social voltou à instituição a realizar nova fiscalização. As ações inspetivas não têm aviso prévio", informou o Instituto da Segurança Social. Depois da emissão das reportagens da SIC, que denunciavam falta de condições de higiene, má alimentação e falta de tratamento dos utentes, o Ministério Público também já decidiu investigar.
Relatos de mau tratos são frequentes naquele lar da cidade 

"Como acontece em todas as ações inspetivas, caso sejam identificados indícios de práticas que possam configurar crime serão de imediato participadas ao Ministério Público", acrescenta o instituto.
O Instituto da Segurança Social nada diz sobre as conclusões da inspeção realizada no passado dia 6 de março, embora se saiba que o Lar Peninsular continuou a funcionar normalmente, pelo menos até agora, nem sobre os motivos que determinaram a realização de uma segunda inspeção, realizada esta segunda-feira. 
Até ao momento, já foi possível confirmar junto da Procuradoria-Geral da República de que já foi aberto algum processo-crime relacionado com o Lar Peninsular.
As denúncias de alegados maus tratos aos utentes daquele lar de idosos foram divulgadas pelo canal de televisão SIC, que esta segunda-feira disse haver também "suspeitas de usurpação e desvio de dinheiro dos utentes" na referida instituição.
O Lar Peninsular, no Montijo,  pertence ao proprietário do Lar Delicado Raminho, na Lourinhã, que foi encerrado na semana passada na sequência das ações de fiscalização da Segurança Social, após denúncias por alegados maus-tratos aos utentes.
A filha de uma utente, que entretanto morreu, denunciou a falta de condições de higiene que era praticada no lar. Numa das visitas ao lar, a filha da utente diz que detetou cheiro a urina muito intenso e que falou com a diretora que atribuiu a culpa aos detergentes que tinham "mudado e os mesmos não prestavam e iam resolver a situação".
"A pessoa que recebeu a minha mãe [no hospital], disse que um sem abrigo entra em melhores condições do que a minha mãe", disse ainda a filha de uma ex-utente do lar. 
A agência Lusa questionou também o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre as conclusões das inspeções recentes efetuadas no Lar Peninsular, mas ainda não obteve resposta.

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