Autarcas do Chega da Moita também já abandonaram o partido

Partido já não tem vereadores eleitos no distrito de Setúbal e perdeu ainda dezenas de autarcas 

No final de Setembro, André Ventura - o líder absoluto do Chega - orgulhava-se de ter conseguido três vereadores no distrito de Setúbal. Menos de cinco meses depois já todos abandonaram o partido em confronto com o líder. Depois dos autarcas de Sesimbra e do Seixal terem abandonado o Chega, foi agora a vez do vereador do concelho da Moita "fechar a porta" ao partido. E com ele, todos os autarcas eleitos pelo partido também saíram com muitas acusações e críticas ao Chega. De acordo com o agora ex-líder da concelhia, desde que o executivo tomou posse [a 19 de Outubro], "uma pessoa da direção distrital pediu ao vereador para ajudar a aprovar um projeto de um empresário do concelho, que incluía pagamento de luvas". Um pedido que os autarcas eleitos recusaram. 
Partido com cada vez menos representatividade no distrito

Os seis autarcas eleitos pelo Chega para os órgãos municipais da Moita, desfiliaram-se e vão continuar nos cargos como independentes, anunciou, na sexta-feira, o núcleo concelhio do partido. Entre os autarcas está o único vereador que o Chega tinha na Câmara da Moita, Ivo Pedaço, dois deputados municipais e três membros das juntas de freguesia.
De acordo com o núcleo concelhio do Chega, a desfiliação do partido efectiva-se a partir de hoje e os autarcas continuarão como “independentes e livres para assumir o compromisso para com a população que neles confiou e elegeu nas autárquicas de 2021”.
Com a saída de Ivo Pedaço do Chega, o partido deixa de ter vereadores eleitos no distrito de Setúbal, depois de os vereadores das autarquias do Seixal e de Sesimbra, Henrique Freire e Márcio Sousa, respetivamente, também terem saído do Chega.
Em Novembro, o Chega perdeu também a vereação na Câmara de Moura, no distrito de Beja, após a representante eleita pelo partido, Cidália Figueira, ter passado a independente invocando “divergências políticas”.
“As razões que levam os eleitos e membros do núcleo concelhio a demitir-se prendem-se essencialmente pela gestão de expectativas”, refere o núcleo concelhio da Moita em comunicado, adiantando que acreditavam pertencer a um partido onde teriam espaço para o debate de ideias e para ser a voz da população local.
Segundo os autarcas, uma das questões que os levou a tomar esta decisão “prende-se com a tentativa de influência do voto favorável do vereador, perante interesses pessoais e financeiros de um membro da distrital de Setúbal e de um investidor por ele apresentado”. Esta tentativa, adiantam os autarcas, foi ignorada, mas chocou o grupo.
Por outro lado, adiantam que a direção ou a distrital do partido nunca participou na campanha pela Moita, nem deu apoio durante ou após a mesma.
As acusações à copula do Chega não param por aqui. Um exemplo. Bruno Nunes, deputado eleito pelo círculo de Setúbal, pode vir a defender a Ota, no caso da nova localização do aeroporto de Lisboa. Uma posição contrária aos interesses do distrito. 
Ainda segundo o dirigente demissionário já existe "medo de represálias e de perseguições, como aconteceu com o ex-vereador do Chega no Seixal, só porque aqui defendemos os interesses locais, sem olhar aos interesses do partido e de alguns dos seus dirigentes". 
Para além dos autarcas e do presidente da concelhia, que vai entregar as chaves das instalações de imediato, devem seguir o mesmo caminho algumas dezenas de militantes do concelho. 
Os eleitos adiantam que continuam fiéis aos seus princípios e ao mandato pelo qual foram eleitos e não irão ceder a acordos com outros partidos futuramente.
“Acreditamos nos valores que defendemos e iremos continuar a defender e em união e coerência assumimos a nossa posição e compromisso com o mesmo empenho que no dia da tomada de posse. A Moita precisa agora mais que nunca de uma alternativa de direita”, afirmam num comunicado.
O texto é assinado pelo vereador Ivo Pedaço, pelos deputados da Assembleia Municipal Rui Proença e Bruno Mendes, pelo vogal à Assembleia de Freguesia da Moita João Pires, pela vogal à Assembleia de União de freguesia Baixa da Banheira e Vale da Amoreira Vera Duarte, pelo vogal à Assembleia de União de freguesias de Alhos Vedros Pedro Gralha e pelo coordenador da concelhia, João Paulo Gaspar.
Nas últimas eleições autárquicas, em Setembro de 2021, o Chega obteve 4,16 por cento, elegendo 19 vereadores, 173 deputados municipais e 205 representantes nas assembleias de freguesia.
Com a saída do partido dos vereadores do Seixal, Sesimbra, Moita e Moura, o Chega passa a 15 vereadores. Com eles saíram também dezenas de autarcas de freguesia e e deputados municipais. 

Agência de Notícias com Lusa 


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