PSD de Setúbal quer afastar Rui Rio da liderança do partido

"O PSD foi penalizado [pelos eleitores] porque não se percebeu para que é que servia este PSD"

O presidente da Comissão Política Distrital de Setúbal do PSD, Paulo Ribeiro, defendeu a saída de Rui Rio da liderança do partido, considerando que a "derrota nas legislativas de 30 de Janeiro é fruto da estratégia dos últimos cinco anos". Para o autarca social-democrata, em Palmela, "Rui Rio não tem condições para continuar na liderança do PSD. Penso que é necessário um período de reflexão, mas acredito que, depois desse período de reflexão, o futuro do PSD não passa por Rui Rio", disse Paulo Ribeiro, que nunca foi apoiante do líder social-democrata. Apesar do mau resultado do partido, no distrito de Setúbal, os social-democratas até reforçaram votação e são a segunda força mais votada, à frente da CDU. No entanto, ainda longe daquilo que era a meta: eleger cinco deputados. Ficou apenas com os mesmos três eleitos que tinham conseguido em 2019. 
Setúbal não quer Rio a correr solto a direção do PSD


"Estou de consciência tranquila porque, ao longo dos anos, eu e outros companheiros fomos alertando que o PSD com Rui Rio não ia a lado nenhum. Eu nunca fui apoiante de Rui Rio e o distrito de Setúbal nunca votou maioritariamente em Rui Rio", lembrou Paulo Ribeiro.
Para o presidente da distrital de Setúbal, "o PSD foi penalizado [pelos eleitores] porque não se percebeu para que é que servia este PSD".
"As pessoas não percebiam este PSD que dizia que não queria nada com a direita e com o centro-direita. E Rui Rio perdeu mais tempo a dar a mão ao PS - quando o PS sempre disse que não queria a mão dele para nada -, do que propriamente a criar uma alternativa ao PS", sustentou.
Paulo Ribeiro considerou que o líder do PSD também é o responsável máximo pelo surgimento de partidos como o Chega e Iniciativa Liberal, porque "deixou completamente destapada aquela franja do eleitorado".
"Houve um grupo do eleitorado que habitualmente até votava em nós, mas que deixou de se rever no discurso do PSD. E sugiram novos partidos. Esse é o legado que Rui Rio deixa ao PSD", sublinhou.
Questionado sobre as mudanças que considera necessárias, Paulo Ribeiro defende que o PSD tem de ser capaz de mostrar aos portugueses que tem políticas diferentes das que têm sido seguidas pelos governos do PS.
"O PSD nunca se situou com grande conforto na dicotomia esquerda/direita, mas sempre foi um partido com consciência social, que continua a ter. Na economia tem uma perspetiva de valorização da iniciativa privada, dando atenção à função do Estado como regulador", disse.
"O que vamos ter de voltar a fazer no futuro próximo é mostrar claramente que somos uma alternativa ao PS e que, além de sermos uma alternativa, temos políticas diferentes, completamente diferentes", acrescentou Paulo Ribeiro, reiterando a convicção de que o futuro do PSD já não poderá passar por Rui Rio.
Nas eleições legislativas antecipadas de 30 de Janeiro, o PSD ficou em segundo lugar, com 27,80 por cento dos votos e 71 deputados. Um número que ainda pode subir quando forem contados os quatro deputados eleitos pela imigração. 

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