Investimento de 3,5 mil milhões cria em Sines 1200 empregos

“Cidade será um dos grandes centros do desenvolvimento económico do nosso país no século XXI”

Sines quer ter "papel preponderante na transição digital" com novo megacentro de dados
A empresa de capitais anglo-americanos start campus vai investir até 3,5 mil milhões de euros num megacentro de dados global em Sines que criará até 1200 empregos diretos altamente qualificados e oito mil indiretos até 2025.  Na apresentação pública do projeto, o primeiro-ministro afirmou que Sines "será um dos grandes centros do desenvolvimento económico do nosso país no século XXI". Ao longo da intervenção, António Costa destacou as diversas potencialidades da cidade do distrito de Setúbal, como a ligação a cabos marítimos de dados, a capacidade para a produção de energia verde ou ainda o porto de Sines como "um enorme ativo". Autarca de Sines espera que o centro de dados, que deverá começar a ser construído no ano que vem, crie o mesmo efeito multiplicador de empregos que a recém-encerrada central a carvão da EDP.
Mega investimento promete 1200 empregos na cidade 

De acordo com o anúncio da Start Campus, a empresa responsável pelo projeto deste centro de dados, será possível dar resposta à crescente procura de grandes empresas internacionais de tecnologia, fornecedoras de diversos serviços, do 'streaming' às redes sociais. 
Também António Costa destacou a importância dos dados - tanto na economia atual como nas próximas décadas. Os dados têm, aliás, merecido uma significativa atenção por parte da Comissão Europeia, que já elaborou uma estratégia para o desenvolvimento focada nos dados.
"Numa economia do futuro, cada vez mais digitalizada, a circulação de dados é crucial. Tal como foi ponto de partida de Vasco da Gama, Sines é também local de excelência para instalação de novos cabos de interconexão digital entre a Europa e outros destinos", destacou Costa, que acredita que a cidade tem "condições únicas para a amarração de novos cabos". "Tal como o porto de Sines trouxe a indústria associada ao transporte de bens e mercadorias, necessariamente os cabos de Sines fazem ponto de ligação para toda a indústria assente em tecnologia", disse o primeiro-ministro. 
Através deste novo projeto, que pretende recorrer às energias renováveis para a alimentação dos pontos de armazenamento de dados e arrefecimento das estruturas, António Costa defendeu que será possível a Portugal "conjugar aquilo que é a nossa ambição de liderar na transição digital mas também na transição climática". 
Além da disponibilidade de energia renovável em Sines, também o preço da energia foi um fator decisivo para os responsáveis pelo projeto. "Podemos cada vez mais ser um centro de produção das energias do futuro", afirmou o governante. 
"Aquilo que mais me motivou a estar aqui hoje presente a testemunhar este primeiro passo, que foi a assinatura do contrato de direito de superfície no parque de Sines, foi este ser um exemplo de excelência de transição digital e energética". 
Para Costa, este afigura-se como um exemplo de que "estas transições não são uma ameaça ao desenvolvimento económico e à criação de emprego".

Investimento de 3,5 mil milhões vai até 2025
É o maior investimento estrageiro depois da Autoeuropa 
"É um projeto que, independentemente da dimensão, é desde já um investimento absolutamente simbólico. Demonstra tudo o que são as nossas bases da estratégia de desenvolvimento", afirmou, focando-se em pontos como a "energia renovável e a baixo custo" e a possibilidade de o país "estar na linha da frente da transição digital", diz o primeiro-ministro. 
O projeto Sines 4.0 prevê um investimento de 3,5 mil milhões de euros, que o Governo já classificou como "o maior investimento estrangeiro em Portugal desde a Autoeuropa", em Palmela.  
Através da criação deste megadata centre, que prevê a construção de cinco edifícios com capacidade útil de fornecimento de 450 Megawatts (MW) de energia aos servidores, com 90 MW cada, a empresa responsável explica que será possível criar até 1200 empregos diretos na região. Tendo em conta os postos de trabalho indiretos, a cifra poderá chegar aos oito mil empregos.
O objetivo da start campus é que o Sines 4.0 tenha "uma pegada de carbono líquida zero, garantindo preços de energia competitivos a nível global, segurança, estabilidade e 'compliance' em segurança de dados", afimou a Start Campus, em comunicado.
A companhia defendeu que o Sines 4.0 beneficiará, assim, "de todas as vantagens estratégicas deste local, como a refrigeração com água do mar, acesso à rede elétrica de alta tensão, conectividade através da ligação a cabos de fibra ótica internacionais de alta capacidade com a América do Norte, África e América do Sul e utilização potencial de energia 100 por cento verde e ambientalmente sustentável, com indicadores de consumo de água e criando Power Usage Effectiveness altamente eficientes".
"O Sines 4.0 contribuirá para Portugal reemergir como 'player'-chave no mercado internacional de dados e conectividade e construir a próxima etapa dos 150 anos de história do país como ponto de ligação europeu nas telecomunicações globais".

“Depois do anúncio o telefone da Câmara não parou de tocar”
Autarca espera mais investimentos no concelho 
Os contactos com várias entidades internacionais interessadas em instalar data centers em Sines vinham a decorrer ao longo do ano passado, sem que existisse nada em concreto. Mas houve uma exceção: no caso da start campus aceleraram rapidamente, com encontros com as autoridades locais e regionais para perceber as possibilidades de investimento, explicou o presidente da Câmara Municipal.
“Depois do anúncio, na sexta-feira,  o telefone aqui na Câmara não parou de tocar, alguns por causa dos empregos, o que é natural,” disse Nuno Mascarenhas, o autarca.  Também existem conversações em paralelo com outros interessados em investir nesta área em Sines, mas para já “não passam de intenções”.
“Com o encerramento da central elétrica [da EDP] percebemos que a área digital seria o futuro. A pandemia incrementou esta necessidade. Percebemos que, com a procura, os serviços de streaming, gaming e videoconferências eram essenciais”, justifica o presidente da câmara, que espera que o novo empreendimento crie o mesmo efeito de arrastamento da economia que teve a termoelétrica, criando empregos locais em várias áreas, desde a mecânica, à eletricidade, além dos dados.



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