Mulher com deficiência e com recém-nascido fica sem água em Setúbal

Autarquia diz já ter uma casa disponível para a sua família

Dioneuza vive na Quinta da Parvoíce, um bairro ilegal em Setúbal, foi mãe recentemente e, com um bebé para cuidar, esteve 14 dias sem água em casa. A mulher é portadora de uma deficiência e aguardava que a autarquia lhe atribuísse uma habitação social. Segundo a Câmara de Setúbal, já existe "uma casa disponível para a sua família". A Quinta da Parvoíce é um bairro ilegal em Setúbal, onde moram 46 famílias em situação precária, onde muitas vezes falta a luz e a água e não há condições para se protegerem da pandemia. A autarquia, em comunicado, garante que irá continuar a trabalhar com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana para "encontrar uma solução global de alojamento para todas as pessoas que vivem na Quinta da Parvoíce". 
Bairro ilegal onde a pobreza persiste em cada casa 

A mulher de 32 anos fugiu de Angola em busca de melhores condições de vida e o facto de ser portadora de uma deficiência não a impediu de seguir o "sonho", ser mãe. "Por ter uma deficiência não quer dizer que a pessoa não tenha o direito a ser feliz", sublinhou em declarações à TVI24, que denunciou o caso.
Dioneuza desloca-se em cadeira de rodas, mas dentro de casa opta por se arrastar. A sua deficiência, aliada à falta de condições da habitação, levou-a a solicitar o apoio da Câmara de Setúbal, mas foi integrada numa lista onde são elencadas outras famílias que carecem de uma habitação social. "Estavam 59 pessoas à minha frente", revelou.
A situação piorou quando ficou sem água em casa, durante 14 dias, e se via impossibilitada de limpar a habitação - por onde se arrasta para se deslocar - e de tratar da higiene do filho, de apenas 15 dias.
A TVI24 contactou a autarquia e, em menos de 24 horas, Dioneuza foi contactada e informada de que a Câmara já tinha uma casa disponível para a sua família.

Autarquia explica processo de atribuição de casa 
Parte do bairro já foi demolido no inicio do ano 
Em comunicado, a autarquia liderada por Maria das Dores Meira diz que a atribuição de uma habitação social a Dioneuza Conceição "resulta única e exclusivamente do cumprimento das regras municipais, nomeadamente no que diz respeito à priorização dos pedidos. Neste caso, e porque se trata de uma deficiente motora, foi necessário aguardar pela disponibilidade de uma habitação situada num piso térreo, o que apenas aconteceu no fim da semana passada". 
A Câmara diz ainda que a decisão não teve nada a ver com a peça da estação de Queluz. "A ideia de que esta decisão resulta da pressão mediática ou de elementos do clero setubalense que ali atuam de forma irresponsável e inconsequente não tem qualquer correspondência com a realidade", refere o município.  
O caso tem sido acompanhado e é bem conhecido desde há vários anos pelos vários serviços de apoio social, entre os quais os da autarquia, sabendo-se que "foi oferecida a Dioneuza Conceição uma solução que rejeitou", aponta a mesma nota.
A Câmara de Setúbal continua a trabalhar com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana para "encontrar uma solução global de alojamento para todas as pessoas que vivem na Quinta da Parvoíce, esforços que, aliás, são bem conhecidos dos elementos do clero setubalense que ali atuam".  
No mesmo comunicado a autarquia lamenta ainda "que não sejam respeitados estes esforços, criando situações que, objetivamente, podem pôr em causa todo o trabalho realizado até hoje" e apela a "um esforço de contenção daqueles que, conhecendo o processo em curso, querem queimar etapas por razões que apenas os próprios conhecerão". 

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