Denuncia de canil ilegal em Santo António da Caparica

Caso é conhecido há sete anos e continua a receber animais. Dono do espaço é procurado há sete meses 

O fogo de Santo Tirso, onde morreram pelo menos 74 animais, alertou a comunidade e as autoridades para as centenas de canais ilegais que proliferam um pouco por todo o país. No bairro de Santo António de Caparica, no concelho de Almada, denunciam os moradores, existe um canil ilegal há "pelo menos sete anos" sem que nenhuma autoridade consiga fazer nada para "encerrar" o espaço e dar "uma vida digna aos cães que lá estão". Em Dezembro do ano passado, a representação municipal do Partido Pessoas-Animais-Natureza teve conhecimento da situação e levou o caso à Câmara de Almada que já conhece o caso desde 2015. Segundo relato de testemunhas, os animais são mantidos sem as mínimas condições de bem-estar, pondo mesmo em causa a sua sobrevivência. Neste canil, onde são mantidos inúmeros cães sem as mínimas condições de higiene ou alojamento próprios a animais de companhia, está "vedado" o acesso às autoridades já que o terreno é "privado".  O proprietário do espaço corre em contra-ordenações graves mas não aparece no local sendo procurado pelo Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR desde o final do ano passado. 
Autoridades que não podem entrar no terreno 

O canil fica junto a prédios e a zonas comerciais do bairro de Santo António de Caparica. Os moradores queixam-se há sete anos, as autoridades municipais sabem do assunto desde 2015, a GNR já visitou o local, mas todas as denúncias acabam arquivadas, até 2019. Desde Dezembro que o  Serviço Veterinário Municipal e o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR não conseguem entrar no espaço porque o proprietário do terreno "não aparece".
Segundo Patrícia Silva, responsável pelo grupo Amigos dos Animais da Costa de Caparica, citada pelo jornal Semmais, o dono do espaço “devia ser proibido de ter animais”. Apesar de não saber ao certo quantos cães se encontram atualmente naquelas instalações, já que muitos são, segundo a responsável, “vendidos, maltratados, atirados em bebés para contentores e mortos em lutas”.
Denúncias também já relatadas pelo PAN de Almada que, no final do ano passado, dizia que "existe uma acumulação de animais sem as mínimas condições de higiene ou alojamento próprios a animais de companhia". Existe ainda "lutas entre os animais seja pela comida ou pelas fêmeas quando estão com o cio, levando ao sofrimento e mesmo à possível morte de animais". Ainda de acordo com a denúncia há "animais doentes e em visível sofrimento sem que tenham qualquer assistência médica", fortes indícios de "criação e venda de animais sem que seja cumprida a legislação em vigor", tal  como fortes suspeitas de que os "cães são vendidos para lutas de cães, ilegais".
Mais de sete meses passaram e tudo está igual. Em declarações ao Semmais,  Patrícia Silva, garante que os cães “estão doentes, com fome, sujos, vivem em condições miseráveis, sem água e sem qualquer espécie de saneamento. Não há cuidados médico-veterinários ou contato humano e apresentam traumas muito sérios. Recolhemos cachorros de um mês e meio com sintomas de pânico e subnutridos”.

Dono do terreno está a ser procurado há sete meses 
Desde 2015, o espaço é do conhecimento quer da Câmara de Almada quer da própria GNR. Em Março desse ano, ainda no mandato anterior da autarquia, o Serviço Veterinário Municipal e o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente [SEPNA] da GNR foram alertados para a existência do canil e de maus tratos. No entanto, as autoridades não "viram nada de anormal" e o processo foi arquivado. Em Novembro de 2016 aconteceu o mesmo.
Em Janeiro e Março de 2019, Serviço Veterinário Municipal e o SEPNA voltaram a investigar e o dono do canil foi alvo de multa e o caso remetido ao Departamento de Investigação Penal.
Em Dezembro do ano passado, nova investida da autarquia e do SEPNA, agora para resgatar os 12 cães que lá estavam na altura, mas sem acesso ao terreno [privado], as autoridades nada puderam fazer, já que, diz a autarquia, "foi impossível encontrar o responsável pelas instalações".  Ainda segundo a autarquia, "o Serviço Veterinário Municipal tem por diversas vezes passado pelo local sem encontrar o responsável pelo canil ilegal, não havendo acesso ao sítio respetivo".  O dono está a ser procurado pelo Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR mas, até agora, sem nenhum êxito.

Ameaças e intimidações aos responsáveis do grupo de amigos dos animais 
Na sua página na internet, os Amigos dos Animais da Costa de Caparica alertam que "os animais que lá se encontram são agressivos não saem em braços".
Patrícia Silva diz ainda que, enquanto cuidadora de animais de rua, já trabalhou com a Câmara de Almada, “na identificação de matilhas e esterilização de cadelas, e por isso também gostaríamos de conseguir resolver esta situação”.
"Já lutamos por uma vida digna e justa para estes animais há tempo demais", dizem os Amigos dos Animais da Costa de Caparica. Para já, a esperança reside numa queixa apresentada pelo PAN – Pessoas, Animais e Natureza junto de várias entidades em que os Amigos dos Animais da Costa de Caparica são as principais testemunhas: “Vandalizaram-nos o carro, mas o bem-estar destes animais é mais importante. Não temos medo”, garante a ativista dos direitos dos animais. 
O grupo garante que "não se irá calar, nem intimidar. Continuamos bem perto, a seguir estes animais, inclusive há pouco tempo tivemos que administrar antibiótico na alimentação deste animal que entra e sai do espaço, assim como tantos outros para a via pública".

Agência de Notícias 

Comentários

  1. Dizem no texto que alguns cães entram e saem do abrigo. Pergunto se não é possível resgatarem pelo menos esses.

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  2. Pergunto porque não resgatam pelo menos os cães que entram e saem do abrigo já que até administraram antibiótico a um deles.

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