Festival de Teatro de Almada com 17 espetáculos

Um festival com mais dias para compensar redução da lotação das salas

Está de volta o maior festival de Teatro do país. A 37.ª edição do Festival de Almada durará mais tempo que o previsto, para compensar a redução da lotação das salas para metade. O Festival Internacional de Almada, que decorre habitualmente de 4 a 18 de Julho, irá este ano realizar-se de 3 a 26 de Julho, com menos peças, mas mais sessões. No evento, que homenageia o actor e encenador Rui Mendes, estreiam-se também três espectáculos nacionais, a começar por Bruscamente no Verão passado, de Tennessee Williams, numa encenação de Carlos Avilez para o Teatro Experimental de Cascais. Rodrigo Francisco, acrescentou que o cartaz do certame deste ano apenas contará com três espetáculos estrangeiros, provenientes de Espanha e Itália, devido à pandemia de covid-19. "Este não é o festival que gostávamos, mas é aquele que é possível fazer em contexto de pandemia", acrescentou o diretor da Companhia de Teatro de Almada.
Teatro está de volta às salas de Almada 

“Numa altura em que vivemos tempos marcados por uma pandemia que nos assola em diferentes perspectivas e realidades, deixemos o teatro, com o seu papel transformador, ser o nosso escape, para ganharmos forças para uma batalha que se prevê longa”, afirma Inês de Medeiros, presidente da Câmara de Almada.
“Este Festival é de Almada, do país e do mundo. Nestes dias mais sombrios, será certamente uma luz regeneradora que nos devolverá a todos mais esperança no futuro”, refere a autarca.
A decisão foi tomada no início deste mês, após o anúncio das regras oficiais para a reabertura das salas de espetáculos, mas o diagnóstico estava feito desde meados de Abril. No pico da pandemia da covid-19 em Portugal, Rodrigo Francisco e a equipa da Companhia de Teatro de Almada contataram telefonicamente os fiéis espetadores do mais importante festival de teatro do país e a conclusão foi clara: se o Festival de Almada avançasse, a maioria do público não ficaria em casa. “Mais de metade dos nossos espetadores disse-nos que queria que houvesse festival e que, havendo, comprariam a assinatura e viriam”, conta o director artístico do evento.
Este ano, o certame reduz-se a seis espaços em Almada - salas principal e experimental do Teatro Municipal Joaquim Benite, Fórum Municipal Romeu Correia, Sociedade Incrível Almadense, Sociedade Academia Almadense, Teatro-Estúdio António Assunção, e, em Lisboa, o pequeno auditório do Centro Cultural de Belém.
Rodrigo Francisco sublinhou o facto de o Centro Cultural de Belém ser um dos parceiros mais antigos do festival e de "ter estado sempre com a organização do certame mesmo nos momentos de maior incerteza".
"O espetáculo que iremos apresentar no Centro Cultural de Belém não é o que estava previsto, mas mesmo assim o Centro Cultural de Belém não deixou de estar connosco", frisou o diretor da Companhia de Teatro de Almada.
Questionado sobre se a Companhia de Teatro de Almada irá estrear algum espetáculo durante o certame, o diretor da companhia disse que a companhia anfitriã não irá apresentar qualquer estreia.
O certame abre, todavia, com uma estreia portuguesa. "Muitas companhias estavam a ensaiar espetáculos para estrear quando fomos apanhados pela pandemia do covid-19, pelo que este ano vamos ter muitas estreias portuguesas", referiu.

Homossexualidade, sexualidade, populismo e intolerância
Para respeitar as normas impostas pela Direção-Geral de Saúde, as salas, que acolherão os espectáculos em Almada e Lisboa, vão estar com lotação reduzida e haverá lugares marcados, sendo o uso de máscaras obrigatório. A programação, adaptada às naturais limitações decorrentes da pandemia, como as dificuldades de circulação internacional, contempla apenas três peças internacionais, focando-se sobretudo em apoiar o precário tecido teatral português.
Ao todo, vão ser encenados 17 espectáculos, em 90 sessões. Entre os temas abordados, contam-se a juventude, a sexualidade, a herança colonial, a gentrificação, a violência de género, a intolerância religiosa, o crescimento do populismo e até a importância do mundo literário.
O arranque do festival está marcado para 3 de Julho, pelas 21 horas, com a primeira de três estreias nacionais: Bruscamente no Verão passado, de Tennessee Williams, que denuncia a intolerância relativa à homossexualidade na sociedade dos anos 1950.
Entre 16 e 19 de Julho, respectivamente no Fórum Municipal Romeu Correia e no Cine-Teatro da Academia Almadense, estão previstas as estreias dos espetáculos As Artimanhas de Sapin, uma das mais conhecidas comédias de Moliére; e Instruções para Abolir o Natal, de Michael Mackenzie, pela Companhia de Teatro do Algarve, que aborda os efeitos da crise financeira de 2008, mas não só.
Além dos espetáculos, haverá os habituais debates entre os criadores e o público, os chamados Colóquios da Esplanada, que em 2020 serão 14 conversas. Já a exposição “O actor que queria ser sinaleiro”, da autoria de José Manuel Castanheira, estará patente no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, durante todo o festival, para recordar o homenageado Rui Mendes, considerado pela organização “um dos mais destacados atores portugueses, com um percurso que abarca o teatro, a televisão e o cinema”, desde a estreia no Teatro do Gerifalto, em 1956, aos 19 anos.
A programação completa está disponível para consulta no site do festival. Para ter acesso a todos os espectáculos, poderá optar pela já conhecida assinatura do Festival de Almada (50 euros), que deverá ser trocada pelos respectivos bilhetes para cada peça na bilheteira do Teatro Municipal Joaquim Benite. Se preferir bilhetes avulso, os preços variam entre os 10 e os 15 euros consoante a sala.

Agência de Notícias 

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