Pastelaria Mimosa, no Montijo, não volta a abrir

"A esperança de que possamos ver este espaço de novo ao serviço da comunidade Montijense"

O confinamento já chegou ao fim, e com ele chegou também ao fim mais de meio século de história de uma das pastelarias mais icónicas do Montijo. A Mimosa, na baixa comercial da cidade, anunciou o encerramento definitivo após o fecho de dois meses devido à pandemia do covid-19. "A sensação que nós temos é que 'morreu' um bocadinho da história da cidade", diz um antigo cliente. A Mimosa, noutros tempos uma Alfaiataria, remonta ao início dos anos 50. Dada a excepcional localização, tornou-se rapidamente no local de encontro e lazer de muitos montijenses. Facto, que ajudou a fidelizar clientela e que fez da "Mimosa" uma autêntica referência do Montijo. No regresso do desconfinamento, um pouco da história da cidade ficou fechada, para sempre, no número 41 da rua Almirante Cândido dos Reis. “A esperança de que possamos ver este espaço de novo ao serviço da comunidade Montijense", diz a antiga gerência na hora do adeus. 

Pastelaria encerrou definitivamente 

"Temos de ser claros e dizer que muitas das casas encerradas cumpriram um ciclo de vida. Isto é como tudo: os anos vão passando as empresas fazem-se velhas, os administradores também têm problemas e, se não houver sucessão, a empresa ou é vendida ou encerra pura e simplesmente", dizia Elsa Reis, que frequentava a antiga pastelaria Mimosa. 
"Durante décadas, lanchei aqui e bebia um café aqui, desde miúda, com a minha família", confidenciou.  "Foi numa mesa da Mimosa, que por acaso, conheci o meu marido, foi aqui o primeiro beijo, o pedido de casamento há 17 anos". Uma casa cheia de "coisas doces e estórias para uma vida inteira".
A pastelaria, um dos espaços de referência no setor da restauração do Montijo, localizado na baixa da cidade e com cerca de 70 anos de existência, anunciou o encerramento definitivo.
O estabelecimento já não abriu as portas, depois do período de paragem obrigatório que nesta segunda-feira, chegou ao fim para os estabelecimentos de restauração, e representa um abalo significativo numa das principais artérias da cidade, já que já era um "icone" da zona e um polo de atração para gentes locais e visitantes.
“Informamos todos os nossos clientes e amigos que iremos encerrar definitivamente enquanto sociedade gestora da Pastelaria Mimosa. É desta forma e com muita mágoa que nos despedimos de todos mas sempre com a esperança que alguém tenha vontade e capacidade para dar continuidade a um projecto que nasceu nos anos 50”, revelou a gerência em comunicado publicado na página que administra no Facebook.
“A esperança de que possamos ver este espaço de novo ao serviço da comunidade Montijense. Aproveitamos para deixar uma palavra de agradecimento a todos os nossos colaboradores e parceiros de negócio. Aos nossos clientes dizer-vos que vos levamos a todos no coração e que recordaremos com carinho, quem se manteve ao longo dos anos sempre ao nosso lado”, salienta ainda a gerência na mesma nota.

Uma história doce 
A Mimosa outrora uma Alfaiataria, remonta ao início dos anos 50. Dada à excepcional localização, no centro da cidade, a casa tornou-se rapidamente no local de encontro e lazer de muitos transeuntes, facto, que ajudou a fidelizar clientela e que fez do espaço "uma autêntica referência do Montijo", conta a história do local. 
Em 1967 surge a primeira grande remodelação da pastelaria, aumentando a capacidade para mais de 100 lugares sentados.
No ano de 1973, tomaram posse os atuais sócios gerentes, Idálio José Ramos, António Cristino e José Cabral, melhorando o espaço assim que assumiram a gerência, voltando a fazê-lo em meados dos anos 80. Tendo como base a Doçaria Tradicional Portuguesa, não há Montijense que não conhecesse os famosos Pastéis de Nata, Bolo-Rei, Ninhos, Guardanapos, Jesuítas e Gilas.
Uma história bonita e doce que, depois de fechar portas por dois meses devido à pandemia, já não irá continuar. Será um "Até já", disse outro cliente nas redes sociais. "Novos tempos irão chegar e como eles, novas ideias para aquele espaço da cidade". 


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