Pandemia coloca aeroporto na gaveta nos próximos anos

"Novo aeroporto não voltará à mesa durante muito tempo"

O grupo Vinci Airports, que controla a gestora aeroportuária nacional, vai adiar investimentos e o novo aeroporto do Montijo poderá ser uma das baixas. Como seria de esperar, a pandemia de covid-19 está a ter um grande impacto no tráfego aéreo mundial, com muitos países a restringirem a circulação e a fecharem fronteiras. Os aeroportos da Vinci, a dona da ANA, registaram uma quebra de 40 por cento no tráfego nas primeiras três semanas de Março face ao período homólogo de 2019. Mas o Governo e ANA garantem que projeto é para se manter, mas para já ficará em stand-by face à crise pandémica. Mas o executivo disse ao jornal Sol que "o país não pode parar". Ainda assim todos concordam que "a questão do novo aeroporto não voltará à mesa durante muito tempo". Assim, com o Montijo "esquecido numa gaveta" e com a solução campo de tiro de Alcochete, "fechado na porta dos fundos", a península de Setúbal pode entrar numa "crise enorme" depois da passagem da pandemia.  
Aeroporto do Montijo vai aguardar melhores dias 

Como tal, a empresa anunciou que tem já “em implementação um plano para reduzir os custos operacionais e adiar investimentos pelos vários aeroportos em conformidade com as decisões governamentais e com as obrigações contratuais e aeronáuticas e as decisões governamentais”.
Segundo o Jornal Económico, o apertar do cinto por parte da Vinci pode levar a que o projeto do novo aeroporto complementar ao de Lisboa, previsto para a base aérea do Montijo, fique em risco.
Fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e da Habitação esclareceu ao jornal que “a ANA não solicitou ao Governo qualquer adiamento dos investimentos em curso ou previstos”. No entanto, a evolução da pandemia pode levar a que o cenário seja algo diferente daquele descrito pelo Ministério.
A Vinci tinha uma reunião agendada para o dia 9 de Abril, onde prometia dar mais pormenores em relação ao adiamento dos investimentos. No entanto, o grupo francês anunciou que essa reunião foi, por sua vez, adiada, sem que tenha sido definida para já uma nova data.
O investimento que a Vinci Airports teria de aplicar no projeto do novo aeroporto do Montijo seria de cerca de 600 milhões de euros.
Contactados pelo Jornal Económico, vários especialistas do setor aeroportuário garantem que as relações contratuais entre o Estado e a ANA se “transformaram num labirinto jurídico muito difícil de entender e de explicar”.

Nem Montijo, nem Alcochete... nem em lado nenhum 
O ministério de Pedro Nuno Santos, ainda que reconhecendo que a prioridade é o combate à crise pandémica, reafirma que "o país não pode parar, pelo que o Governo continua a trabalhar na solução da construção do novo aeroporto do Montijo". Uma decisão que vai ao encontro do que defendem os analistas que admitem, escreve o jornal Sol, que o projeto deixou de ser um investimento urgente nos próximos meses. "Considerando a situação económica atual e a previsão para os próximos meses, penso que o investimento deve ser para já suspenso. A fase que vivemos irá afetar negativamente setores cruciais da economia", refere Francisco Alves, analista da Infinox. Uma opinião partilhada por André Pires. O analista da XTB defende que "a questão do novo aeroporto não voltará à mesa durante muito tempo".
No entanto, os dois economistas estão de acordo ao considerar que tudo depende de como vai evoluir a situação económica. Para Francisco Alves, "tudo depende da forma como a pandemia for controlada. Pressupondo que tudo volta ao normal fluxo de turistas, o aeroporto irá novamente atingir lotação máxima de uma forma gradual".
Também André Pires acredita que "a não ser que a atual situação pandémica gere uma crise profunda (ou pior), a situação deverá normalizar rapidamente, mesmo em termos de turismo". Ainda assim, o analista considera que, mesmo que a situação do aeroporto de Portela volte ao estado em que estava, a necessidade "de um novo aeroporto deverá demorar a ser tema de discussão, uma vez que o país terá de digerir a atual queda do PIB".

Agência de Notícias

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