Montijo, Pinhal Novo, Moita e Sesimbra cancelam festas

São Pedro, Feira de Maio, Mercado Caramelo, Festas Populares, Feira Medieval, Senhor das Chagas e festas da Quinta do Conde voltam em 2021  

As principais festas e feiras do distrito de Setúbal estão a cancelar ou a adiar as sua edições de 2020 devido à pandemia do novo coronavírus. Em Portugal, o que começou por ser do domínio da orientação (o desaconselhamento da realização de eventos, seja ao ar livre ou à porta fechada) transformou-se rapidamente em interdição a meio do mês de Março. Quando foi decretado o estado de emergência, a 20 do mês passado, o setor estava já praticamente paralisado por inteiro. Agora pode alargar-se verão adentro. Em Pinhal Novo, já foram cancelados o Mercado Caramelo e as Festas Populares da vila. A Moita cancelou a feira de Maio e a Romaria a Cavalo entre aquela localidade e Viana do Alentejo. Em Alhos Vedros já não irá haver a tradicional Feira Medieval. Em Sesimbra a Festa das Chagas e a festa da Quinta do Conde também já foram adiadas para 2021. Esta terça-feira o Montijo cancelou a principal festa da cidade: as Festas Populares de São Pedro. Setúbal está a ponderar suspender a Feira de Sant'Iago e, muito provavelmente, em Almada este ano não haverá São João e o São Pedro também não deverá ser festejado no Seixal.
Festas de São Pedro no Montijo vão ser canceladas 

A elevada concentração de pessoas que as Festas de São Pedro, no Montijo, promovem anualmente, um pouco por toda cidade, assim como o diferimento temporal da pandemia causada pela covid-19, já faziam prever este desfecho. Agora, a decisão chega em letra de forma, através da autarquia que anuncia que este ano, não haverá festas populares de São Pedro. Nenhuma das atividades previstas acontecerá.
A decisão foi tomada, escreve o jornal O Setubalense, numa reunião entre a autarquia e as associações locais. O anúncio oficial só será divulgado após a reunião pública da autarquia, a 29 de Abril. Ainda assim, em declarações ao mesmo jornal, Nuno Canta, presidente da Câmara do Montijo, disse que as "coletividades e a igreja manifestaram-se pela não realização da edição de 2020 das Festas de São Pedro”.
Assim, no seguimento desta reunião e da posição assumida pelos diversos intervenientes, na próxima reunião de câmara, o presidente da Câmara irá apresentar para deliberação uma proposta para a não realização da edição de 2020 das Festas em Honra de São Pedro, tendo em conta os riscos associados à transmissão da covid-19 e as orientações da Direção-Geral da Saúde sobre a realização de eventos em massa”.
Esta é uma das maiores festas do distrito que de Setúbal que atrai milhares de visitantes entre o final de Junho e o início de Julho.

Pinhal Novo cancela Festas Populares e Mercado Caramelo 
Atendendo ao agravamento da situação e, em consonância com as recomendações da Direção Geral de Saúde e com as recentes medidas governamentais, as Festas Populares de Pinhal Novo, que se realizavam, de 9 a 14 de Junho, foram canceladas pela organização. Trata-se do principal evento cultural, turístico e social da freguesia e uma das primeiras grandes festas do distrito de Setúbal. Segundo a Associação das Festas Populares de Pinhal Novo, esta medida terá "um impacto social e económico negativo" para toda a região. Afinal, há quem dependa deste negócio para o resto do ano. As festas contavam, este ano, com um cartaz de luxo, que teria, entre outros, Miguel Ângelo, Rosinha, Anjos e Calema, como principais atrações.
A Associação das Festas Populares de Pinhal Novo "agradece a compreensão de todos aqueles que, direta ou indiretamente sejam afetados, salientando que o mais importante é a vida e que, com o esforço e contributo de todos, havemos de ultrapassar esta situação epidemiológica, para que possamos celebrar, em alegria". 
As Festas Populares voltam em 2021, tal como o Mercado Caramelo [no início de Maio] que foi o primeiro evento a anunciar o cancelamento.
"O risco de propagação inerente à concentração de milhares de pessoas no espaço de realização do Mercado Caramelo e as orientações preventivas das autoridades de saúde, constantes do Plano Nacional de Contingência, determinam a presente tomada de decisão", disse Daniel Silva em nota enviada à ADN-Agência de Notícias.
"Com saúde, não faltará força e determinação para continuar a projetar Pinhal Novo como território caramelo, comprometido com a geração de oportunidades de afirmação individual e comunitária", diz ainda a nota da organização.

Sesimbra e Moita perdem eventos importantes 
Todas as festas, feiras e romarias agendadas até final de Junho foram canceladas e idêntica atitude já foi assumida por alguns municípios e outras entidades em relação a Julho. A Feira de Maio da Moita, A feira medieval de Alhos Vedros, o Mercado Caramelo e Festas Populares do Pinhal Novo, as festas das Chagas, em Sesimbra e da Quinta do Conde, entre muitas outras com relevância extrema para a sustentabilidade desta área, já não se realizam este ano. O cancelamento de todas as festas, feiras e romarias até ao final de Junho e, provavelmente, durante todo o verão, abriu uma crise sem memória no setor das diversões.
A edição deste ano da tradicional Festa das Chagas, em Sesimbra, que decorre associada às celebrações religiosas em honra do Senhor Jesus das Chagas, estava a ser preparada à muito tempo. Foi cancelada e volta para o ano. A primeira procissão de que há registo aconteceu em 1895 e nos anos seguintes as comemorações atingiram grande esplendor, lembra a autarquia.
No mesmo concelho, mas na Quinta do Conde, a Feira Festa, que reúne milhares de pessoas no início de Junho, foi também adiada para 2021. 
Na Moita foram cancelados três grandes eventos da região. Em Alhos Vedros, realiza-se a mais antiga feira medieval do distrito, que foi cancelada. Tal como a XX Romaria a Cavalo Moita – Viana do Alentejo, que esta quarta-feira partia da Moita rumo à vila alentejana, sempre por estradas rurais. Levava mais de 600 cavaleiros e é o maior passeio do género no país. A Romaria a Cavalo que liga os concelhos da Moita e de Viana do Alentejo cumpriria este ano 20 edições desde que foi retomada.
Ainda na Moita, a tradicional Feira de Maio foi cancelada devido ao covid-19. O evento que integra ainda o Concurso da Vaca Holstein Frísia e a Biofesta – Mostra de Projectos e Produtos Biológicos e que marca também o início do ciclo das festas populares no concelho, recebe anualmente milhares de pessoas e movimenta milhares de euros na economia local, tal como todas as festas e feiras que, um pouco por todo o distrito, vão sendo cancelados.
O mesmo deve acontecer com as Festas de São João, que decorrem todo o mês de Junho, em Almada e com as Festas Populares de São Pedro, no final de Junho, no Seixal. 

Setúbal avalia Feira de Sant’Iago 2020 
O município de Setúbal está a avaliar com as associações locais, feirantes, artistas, empresas e patrocinadores se estarão reunidas as condições para a realização da edição deste ano da Feira de Sant’Iago no seguimento do prolongamento óbvio das restrições e cuidados com a pandemia de covid-19.
"Sendo certo que este surto vai obrigar nos próximos meses a novas regras de convívio social e na realização de eventos públicos de grandes dimensões e que, no caso da feira, atrai milhares de pessoas ao recinto do Parque Sant’Iago, a concretização ou não deste evento está a ser devidamente avaliada para que se possa tomar uma decisão no final deste mês de Abril", explica a autarquia local.  A feira, uma das maiores do distrito de Setúbal, decorre entre 25 de Julho e 9 de Agosto.
Outras das grandes festas da Península de Setúbal, em Agosto e Setembro, como as festas do Barreiro, as festas do Barrete Verde em Alcochete, a festa da Atalaia, a festa de Corroios [Seixal], a festas das Vindimas, em Palmela, ou a Festa da Moita, ainda não existe qualquer informação e depende como estará o vírus nessa altura. Mas a acontecer será, muito provavelmente, em moldes muito diferentes daqueles que estamos habituados nas nossas romarias e festas populares. 
Os prejuízos estão ainda por avaliar na globalidade. Mas o cortejo da crise ameaça as perspetivas até ao final de 2020. “Atravessamos um período extremamente difícil”, reconheceu Francisco Bernardo, presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Diversão. “Estas famílias não têm outras fontes de rendimento e sem receitas não terão dinheiro para conseguir colocar alimentos na mesa para o seu sustento e muito menos para cumprir com obrigações fiscais e financeiras”, disse o responsável à revista Visão.
A fazer fé num estudo recente da Associação Portuguesa de Empresas de Diversão, a área das diversões envolve mais de 800 microempresas, grande parte compostas pelo agregado familiar. “Se não forem adotadas medidas de apoio direto, mais de 90 por cento do setor terá morte antecipada”, reforça aquele dirigente.
Ao contrário de outros intervenientes de cariz cultural (artistas, responsáveis pela ornamentação, etc), os empresários das diversões pagam para participar nos eventos, contribuindo, no caso das feiras, festas e romarias já canceladas, com cerca de um milhão de euros para a organização e realização dos mesmas. E as más notícias continuam a chegar.

Comentários

  1. A Freguesia do Alto Seixalinho Santo André e Verderena no Barreiro também já cancelou a Festa da Freguesia e as Feiras que estavam marcadas!

    ResponderEliminar
  2. Só o Presidente da Câmera da Moita não faz nada!Deixa chegar as eleições e depois conversamos

    ResponderEliminar
  3. Acho injusto, e as pessoas que vivem das festas populares????

    ResponderEliminar

Enviar um comentário