Distrito de Setúbal regista 576 doentes com a covid-19

Situação estabiliza mas "ninguém pode facilitar nesta fase". Governo sugere uso de máscaras  

43 dias depois do primeiro caso oficial em Portugal, o novo coronavírus ainda anda à solta por ai. Ainda assim, o número de novos infetados pouco aumentou, mais cinco que ontem nos 13 município do distrito de Setúbal, onde há agora 576 pessoas infetadas. Os dados oficiais dizem ainda que há um total de 17.448 pessoas infetadas com covid-19 e 567 mortes confirmadas. Quanto aos doentes recuperados são agora 347. Por cá, no distrito de Setúbal, apesar da aparente estabilização dos números, a doença continua a incidir especialmente nos concelhos de Almada e Seixal e teme-se pelos infetados em lares de terceira idade. Barreiro, Setúbal, Moita e Montijo são outros concelhos com números preocupantes. Apesar das melhorias é aconselhável continuar em isolamento social, sair apenas para fazer o essencial porque, como já se sabe, este novo vírus só acaba com um medicamento eficaz ou com uma vacina que garanta a imunidade. O Governo vai recomendar o uso de máscaras não cirúrgicas, também chamadas “sociais ou comunitárias”, em espaços fechados e com elevado número de pessoas, como supermercados e transportes públicos, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. 
Uso de máscara já é recomendado 

A pandemia continua a incidir especialmente nos concelhos de Almada (148 casos) e Seixal (129). São números elevados mas que, no entanto, estão a estabilizar nos últimos dias. Esta terça-feira não houve nenhum novo caso nos dois concelhos.
O Barreiro, com 76 doentes já confirmados, é a terceira localidade do concelho mais afetada. Há ainda a sublinhar a existência de 56 infetados em Setúbal, 53 na Moita, 40 no Montijo, 17 em Sesimbra, 15 em Palmela e 10 em Alcochete.
Nos quatro concelhos do Litoral Alentejo que integram o distrito, os números de alguns dos municípios continuam a divergir dos que são apresentados pela Direção-Geral da Saúde. Em Santiago do Cacém a câmara municipal aponta para 12 doentes, menos um do que é revelado pelas autoridades de saúde nacionais. Em Grândola contam-se atualmente 11 doentes (a Direção-Geral da Saúde assinala sete). Em Alcácer do Sal há cinco e em Sines quatro pessoas doentes com o novo coronavírus. No total 576 pessoas infetadas, mais cinco do que no dia de ontem.
A informação sobre os concelhos corresponde a 81 por cento dos casos confirmados e notificados através do sistema Sinave, informa a Direção-Geral da Saúde.
É normal que haja uma discrepância entre os dados “micro”, apresentados pelos autarcas, e dados “macro”, usados pelas autoridades nacionais de saúde, considera a Graça Freitas. “É normal que a nível micro a capacidade de ter informação mais específica e mais apurada seja maior”, assumiu, reconhecendo que a informação da Direção-Geral da Saúde é “mais macro, menos precisa”, diz a diretora da Direção-Geral da Saúde.
Na sua explicação, Graça Feitas deu o exemplo de várias situações que podem contribuir para a discrepância de dados (relacionadas com a morada do paciente no Registo Nacional de Utentes do SNS e com o sítio da ocorrência do caso) e clarificou que, para efeitos de boletim diário, as fontes de informação da Direção-Geral da Saúde são as declarações médicas inscritas na plataforma Sinave ou os reportes laboratoriais inscritos numa base de dados. Graça Freitas apelou aos médicos que façam os seus registos o mais “precocemente possível” de modo que as informações sejam rigorosas.
As medidas tomadas a nível local para combater os surtos terão sempre de ser decididas e coordenadas pelas autoridades de saúde em articulação com as Comissões Municipais da Protecção Civil locais, informou Graça Freitas. A dinâmica das decisões de saúde pública dessas zonas é, por isso, da responsabilidade das autarquias.

567​ pessoas já faleceram da doença em Portugal 
Até esta terça-feira, Portugal registava 567​ mortes pela covid-19 – mais 32 do que na segunda-feira, o que corresponde a um crescimento de seis por cento. Desde o início de Março registaram-se em Portugal 17.448​ casos positivos – 514 novos casos nas últimas 24 horas, o que equivale a um crescimento de três por cento. Os dados foram divulgados nesta terça-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde.
Há 1227 pessoas internadas, 218 das quais nos cuidados intensivos (mais 30 do que na segunda-feira). De acordo com o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, que falou durante a conferência de imprensa diária com actualização dos números, há 1227 pessoas internadas, sete por cento do total de casos, das quais 1,2 por cento se encontram em cuidados intensivos e 5,8 por cento em enfermaria. Há ainda 15.327 pessoas em tratamento domiciliário.
Desde o início do surto, já 347 pessoas foram dadas como curadas. São mais 70 pessoas em apenas 24 horas, depois de dois dias sem alterações a este número. Uma pessoa é dada como “curada” depois de dois testes negativos. A região Norte continua a ser a que regista maior número de óbitos - 321 - e de casos da doença - 10 302.
A região Centro tem hoje 2549 casos de covid-19 e 131 mortes a registar, enquanto que Lisboa e Vale do Tejo apresenta 3994 casos e 102 óbitos, alguns dos quais no distrito de Setúbal, já que esta área engloba os distritos de Lisboa, Setúbal, Santarém e alguns concelhos dos concelhos de Leiria e Castelo Branco.
No Alentejo e Madeira não há óbitos a registar - há 155 e 59 casos confirmados, respetivamente. O Algarve regista esta terça-feira 289 casos confirmados e 9 óbitos. Nos Açores, há 100 casos de covid-19 e quatro mortes devido à doença.Graça Freitas refere, na conferência de imprensa diária, que, no que diz respeito à letalidade da doença, “há pequenas variações regionais” que podem refletir certos fatores. Estes são a “distribuição demográfica da população, a densidade populacional e a concentração de pessoas vulneráveis em instituições”, diz a diretora da Direção-Geral da Saúde.
A "taxa de letalidade entre os maiores de 70 anos é de 11 por cento", disse também António Lacerda Sales, Secretário de Estado da Saúde, durante a conferência de imprensa.
"Portugal realizou mais de 190 mil testes desde 1 de Março. A maioria em laboratórios públicos. Estamos a aproximar-nos dos 10 mil testes desde 1 de Abril.", acrescentou, referindo que "o aumento de testagem não se traduziu num aumento de casos positivos, o que é um bom indicador. Os tempos de respostas da SNS 24 têm sido otimizados", reforçou.

DGS recomenda “máscaras comunitárias” em espaços fechados
A Direção-Geral da Saúde vai recomendar o uso de máscaras não cirúrgicas, também chamadas “sociais ou comunitárias”, em espaços fechados e com elevado número de pessoas, como supermercados e transportes públicos, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido, na conferência de imprensa diária.
Marta Temido sublinhou que esta é uma “medida adicional e suplementar às medidas já implementadas”, e que é para quando o confinamento começar a ser levantado, quando a possibilidade de muitas pessoas se juntarem no mesmo espaço for mais provável.
Já no que diz respeito à capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a diretora-geral da Saúde aponta que “os dados que temos indicam que ainda não foi atingido o máximo do nosso potencial”.Ainda assim, Graça Freitas aponta que “não podemos ficar descansados com estes números, mas de facto estamos num planalto e não houve necessidade de expandir a capacidade instalada, que tem sido, até à data, suficiente para dar a resposta.”
Quanto ao regresso à normalidade, a ministra adiantou que poderá recomeçar o “tratamento programado não-urgente de doentes não-covid-19 em segurança nas próximas semanas”. Marta Temido aponta que está a ser articulado com as estruturas que gerem o acesso ao SNS e com as Administrações Regionais de Saúde o plano de regresso à normalidade, que será conhecido nos próximos tempos.
Este plano terá três tipos de resposta. “Os hospitais vão identificar os casos mais prioritários, depois identificar as equipas cirúrgicas e ponderar até alguma flexibilidade para otimizar as condições de utilização para evitar que o sistema fique congestionado nesta fase”, explica a ministra.

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