Câmara de Setúbal declara situação de alerta

Cidade e o país declara "guerra" ao Covid-19. A sua ajuda é fundamental 

A Câmara de Setúbal declarou esta quinta-feira "situação de alerta" no concelho face à previsível evolução, da fase de contenção alargada para a fase de mitigação, da ​​​​​​​Covid-19 e na sequência de a doença ter sido declarada pandemia. O despacho, assinado pela presidente da câmara, Maria das Dores Meira, que estará em vigor "até que a Direção-Geral da Saúde declare o fim da fase de recuperação, conforme definida no Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por novo coronavírus (Covid-19)", determina também a ativação do Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Setúbal que reúne esta tarde. Ainda nesta quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou o encerramento das escolas de todos os graus de ensino, a partir da próxima segunda-feira, e, pelo menos, até ao próximo dia 9 de Abril, data em que será reavaliada a medida. Outras medidas passam pelo fecho de discotecas e espaços similares, limitação de circulação em espaços como centros comerciais ou restaurantes, ou o impedimento de desembarque de turistas em cruzeiros, entre outras medidas.
Cidade em alerta total devido ao vírus da China 

O documento, a que a agência Lusa teve acesso, convoca igualmente a Comissão Municipal de Proteção Civil de Setúbal para uma reunião na sexta-feira, pelas 17 horas, no Fórum Municipal Luísa Todi.
O despacho determina, ainda, a "afetação dos recursos materiais e humanos imprescindíveis para a coordenação técnica e operacional dos serviços e agentes da proteção civil e para a resposta e minimização do impacto da epidemia de Covid-19 em território municipal".
No âmbito do mesmo despacho, Maria das Dores Meira ordena a "criação de um grupo de trabalho para a elaboração de uma lista de bens essenciais ao bem-estar da população, a monitorizar diariamente com o apoio das superfícies de distribuição, farmácias e instalações com bens essenciais, com criação de um modelo simplificado de registo e reporte".
A recolha de informação diária sobre as existências e manutenção da capacidade de reposição de 'stocks' da lista de bens essenciais, para abastecimentos de emergência aos meios e recursos dos agentes de proteção civil e organismos de apoio, bem como a preparação de um sistema de apoio e distribuição de bens essenciais à população em isolamento ou em quarentena, determinado pela autoridade de saúde local, são outras medidas que estão previstas no despacho da autarquia.
O documento, que declara situação de alerta, prevê ainda o levantamento urgente das necessidades e aquisição de equipamentos de proteção individual para dotação do sistema de apoio e distribuição de bens essenciais à população e o reforço das ações de higienização em espaços públicos.
A identificação e preparação de infraestruturas alternativas para isolamento de população, no caso de esgotamento da capacidade de acolhimento em unidades de saúde, e a avaliação da capacidade de resposta no abastecimento de energia e água, das comunicações, dos serviços de saúde, indústrias e transportes públicos estão igualmente previstas.
A Declaração de Alerta da Câmara de Setúbal acrescenta que existe "uma obrigação especial de colaboração dos meios de comunicação social e das empresas públicas e privadas" com a Comissão Municipal de Proteção Civil de Setúbal, seja para a divulgação de informações relevantes relativas à situação ou para o fornecimento de meios e recursos necessários.

Suspensas atividades em equipamentos municipais
Já na quarta-feira, não obstante não serem conhecidos quaisquer casos de contaminação com este vírus no concelho de Setúbal, a autarquia decidiu suspender as atividades previstas paras as salas de espetáculos do Fórum Municipal Luísa Todi e Auditório Charlot, bem como nos museus e equipamentos desportivos, incluindo pavilhões e piscinas, até ao dia 25 de Março.
A decisão do município, que surge na sequência da elaboração de um plano de contingência para o concelho, com cerca de 120 mil habitantes, e das recomendações da Direção-Geral da Saúde, já foi comunicada aos munícipes na página da câmara na rede social Facebook.

Governo fecha escolas e discotecas e reduz idas aos centros comerciais 
O primeiro-ministro confirmou o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino até à Páscoa, remetendo para essa altura uma avaliação de como será o terceiro período escolar, devendo tal acontecer no dia 9 de Abril.
António Costa relembrou que o Conselho Nacional de Saúde tinha determinado o não encerramento dos estabelecimentos de ensino, a não ser em caso de solicitação expressa das autoridades de saúde, e explicou que a suspensão decretada esta quinta-feira aconteceu depois do Centro Europeu para o Combate às Doenças ter emitido um parecer no sentido inverso, em que pede o encerramento. Sem consenso entre os dois lados, Costa assumiu como atitude prudente suspender todas as atividades letivas, sublinhando que as decisões serão tomadas com base no conhecimento cientifico, sendo que o consenso técnico ainda não está consolidado em várias matérias sobre o novo coronavírus (Covid-19).
“Esta é uma batalha de todos. Esta é uma luta pela nossa própria sobrevivência e pela saúde dos portugueses”​, afirmou o primeiro-ministro. Conheça as medidas anunciadas pelo Governo.
António Costa também anunciou o encerramento de todas as discotecas e espaços similares e a proibição de desembarque de navios de cruzeiro. Estes navios poderão atracar para reabastecer, mas apenas passageiros ou tripulantes portugueses poderão desembarcar.
O Governo decidiu "reduzir em um terço a lotação máxima dos restaurantes, determinar limitação da frequência de centros comerciais e dos serviços públicos para não haver excesso de pessoas dentro do mesmo espaço", adiantou o primeiro-ministro.
Os "idosos são população particularmente vulnerável", frisou António Costa. Por isso, o executivo decidiu estender a todo o país a limitação de visitas a lares de terceira idade.
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em Dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.O número de infetados já ultrapassa as 125 mil pessoas, registando-se casos em cerca de 120 países e territórios.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde atualizou [quinta-feira à noite] o número de infetados, que
registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.
O primeiro-ministro pediu “responsabilidade social”, lembrando que “o primeiro dever é cuidar do próximo, evitar que com negligência e desconhecimento ponhamos em risco a saúde do outro. Cada um de nós julga estar numa situação saudável, mas nenhum de nós sabe se não é portador de um vírus que está a passar para outro”.
“Devemos desejar o melhor e estar preparados para o pior”, advertiu António Costa.
Agência de Notícias 

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