"Este é um projeto de extrema importância para a cidade"
A hasta pública para alienação da Quinta do Braamcamp, no Barreiro, foi publicada em Diário da República no inicio deste ano. Os interessados tem 60 dias úteis, a partir da referida data, para apresentarem as respetivas propostas de aquisição. O valor mínimo é cinco milhões de euros. A venda é "contestada" por associações de defesa do património que rejeitam a construção de habitações na Quinta do Braamcamp. Os cidadãos temem a construção de prédios numa zona muito próxima ao rio e que estará sujeita à subida previsível das marés. Foi em 2016 que o anterior executivo comunista adquiriu o terreno ao BCP, por 2,9 milhões de euros. Já no início do ano passado, a Câmara do Barreiro anunciou a intenção de venda porque o terreno se encontrava sem utilização e “não se sabe quando será possível disponibilizar cinco, seis ou sete milhões para a requalificação”.
Braamcamp gera discórdia no Barreiro |
“O prédio a alienar deverá ser objeto de uma operação de loteamento e da subsequente realização das respetivas obras de urbanização, a cargo do adquirente, conforme previsto no Caderno de Encargos, devendo tais operações urbanísticas respeitar as disposições legais e regulamentares aplicáveis, nomeadamente, os instrumentos de gestão territorial aplicáveis”, lê-se no anúncio.
As propostas podem ser entregues presencialmente no Balcão Único da Câmara do Barreiro, na Avenida Bocage, ou por correio, sob registo, respeitando o mesmo prazo.
De recordar que a autarquia apresentou um plano urbanístico no âmbito do qual o espaço deve incluir um complexo habitacional com capacidade para 500 habitantes, uma unidade hoteleira alocada nas antigas casas senhoriais e um vasto espaço verde e de lazer para usufruto público, que inclui a recuperação daquela zona ribeirinha para atividades náuticas e a construção de um campo polidesportivo.
A venda da Quinta do Braamcamp para investimento privado foi aprovada em Assembleia Municipal no dia 27 de Novembro de 2019, após a proposta da Câmara do Barreiro ter sido aprovada em sessão pública com votos a favor do PS, votos contra da CDU e abstenção do PSD.
95 por cento do espaço é para zonas verdes
A votação, dizem estes grupos de cidadãos, "significa que as forças representativas de mais de metade dos barreirenses estão contra um negócio danoso, negacionista, sem história e sem futuro. Quando perceberem os contornos desta decisão lamentável, outros cidadãos, sobretudo os jovens, cujo futuro seria assim postergado, estarão certamente em discordância".
As propostas podem ser entregues presencialmente no Balcão Único da Câmara do Barreiro, na Avenida Bocage, ou por correio, sob registo, respeitando o mesmo prazo.
De recordar que a autarquia apresentou um plano urbanístico no âmbito do qual o espaço deve incluir um complexo habitacional com capacidade para 500 habitantes, uma unidade hoteleira alocada nas antigas casas senhoriais e um vasto espaço verde e de lazer para usufruto público, que inclui a recuperação daquela zona ribeirinha para atividades náuticas e a construção de um campo polidesportivo.
A venda da Quinta do Braamcamp para investimento privado foi aprovada em Assembleia Municipal no dia 27 de Novembro de 2019, após a proposta da Câmara do Barreiro ter sido aprovada em sessão pública com votos a favor do PS, votos contra da CDU e abstenção do PSD.
95 por cento do espaço é para zonas verdes
A autarquia já garantiu que o projeto de requalificação "obriga os compradores a cumprirem o que está previsto para toda a zona".
Segundo a Câmara do Barreiro, "dos 21 hectares de terrenos, 95 por cento serão ocupados por zonas desportivas e espaços verdes, com a edificação de um campo de futebol, zonas de lazer e de desporto náutico. Os restantes cinco por cento serão destinados à construção de habitação", avançou.
Na visão do município, "este é um projeto de extrema importância para a cidade. Aquilo que vier a crescer neste espaço influenciará o futuro coletivo de todos. Aproveitar esta oportunidade, onde temos investidores interessados e exigir condições que possibilitem salvaguardar o interesse dos barreirenses é o objetivo que permitirá devolver, com qualidade, este espaço à população", mencionou o vereador do Planeamento e Gestão Territorial, Rui Braga.
A Quinta do Braamcamp foi fundada por uma família holandesa, com o mesmo nome e tem grande diversidade de flora, o maior moinho de maré do concelho e vestígios de dois palacetes, assim como da antiga fábrica da Sociedade Nacional de Cortiça.
Foi em 2016 que o anterior executivo comunista adquiriu o terreno ao BCP, por 2,9 milhões de euros. Já no início do ano passado, a Câmara do Barreiro anunciou a intenção de venda porque o terreno se encontrava sem utilização e “não se sabe quando será possível disponibilizar cinco, seis ou sete milhões para a requalificação”.
Segundo a Câmara do Barreiro, "dos 21 hectares de terrenos, 95 por cento serão ocupados por zonas desportivas e espaços verdes, com a edificação de um campo de futebol, zonas de lazer e de desporto náutico. Os restantes cinco por cento serão destinados à construção de habitação", avançou.
Na visão do município, "este é um projeto de extrema importância para a cidade. Aquilo que vier a crescer neste espaço influenciará o futuro coletivo de todos. Aproveitar esta oportunidade, onde temos investidores interessados e exigir condições que possibilitem salvaguardar o interesse dos barreirenses é o objetivo que permitirá devolver, com qualidade, este espaço à população", mencionou o vereador do Planeamento e Gestão Territorial, Rui Braga.
A Quinta do Braamcamp foi fundada por uma família holandesa, com o mesmo nome e tem grande diversidade de flora, o maior moinho de maré do concelho e vestígios de dois palacetes, assim como da antiga fábrica da Sociedade Nacional de Cortiça.
Foi em 2016 que o anterior executivo comunista adquiriu o terreno ao BCP, por 2,9 milhões de euros. Já no início do ano passado, a Câmara do Barreiro anunciou a intenção de venda porque o terreno se encontrava sem utilização e “não se sabe quando será possível disponibilizar cinco, seis ou sete milhões para a requalificação”.
Movimentos de cidadãos criticam decisão
A plataforma Braamcamp é de todos e a Associação Barreiro Património, Memória e Futuro lançam duras criticas ao projeto. "A aprovação por escassa margem em sessão de Câmara e Assembleia Municipal, do caderno de encargos para a venda da Quinta (com a abstenção-muleta do PSD e um voto contra deste Partido na Assembleia Municipal), constitui uma derrota da força política que assume a presidência do executivo e que dizia ter o apoio da esmagadora maioria da população (85 por cento segundo o encomendado 'inquérito')", referem as associações em comunicado.A votação, dizem estes grupos de cidadãos, "significa que as forças representativas de mais de metade dos barreirenses estão contra um negócio danoso, negacionista, sem história e sem futuro. Quando perceberem os contornos desta decisão lamentável, outros cidadãos, sobretudo os jovens, cujo futuro seria assim postergado, estarão certamente em discordância".
O movimento critica ainda a posição da Quercus. "Registámos com perplexidade o parecer da Quercus, sem atentar nos problemas ambientais e sobretudo ecológicos. A Quinta do Braamcamp é um santuário de muitas espécies de aves (não apenas das graciosas garças) e constitui um pulmão verde (terrestre e marinho) com um potencial paisagístico e de lazer extraordinário, um logradouro natural, histórico e patrimonial e o presidente da Quercus não encontrou motivos para criticar o projeto de construção de prédios de habitação?", questionam.
Os dois movimentos prometem continuar "a luta contra a venda efetiva e a construção na Quinta do Braamcamp. Luta que vai aquecer, como previsivelmente irá aquecer o ambiente, devido ao 'efeito de estufa', com as consequências alertadas no Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas: subida de nível das águas estuarinas (90 centímetros até ao fim do século, no mínimo), risco de chuvas rápidas, tempestades violentas e secas. A Quinta do Braamcamp foi identificada como de “muito alto risco” de inundação estuarina", sublinham os contestatários que apelam ao executivo municipal, de gestão socialista, "para arrepiar caminho e reverter a sua decisão".
Para estes grupos cívicos é necessário um "projeto global e integrado para o sítio de Alburrica, classificado de Interesse Municipal, englobando a Quinta do Braamcamp, o Mexilhoeiro, a Estação do Barreiro-Mar, a Avenida de Sapadores e a Rua Miguel Pais".
Para a área da Braamcamp é consensual um "programa mínimo de criação de um Parque Natural, envolvendo: renaturalização e defesa ecológica e ambiental da Quinta, espaços de desporto e lazer de usufruto público, valorização das praias de Alburrica e Norte, defesa da restinga do Mexilhoeiro, recuperação dos Moinhos de Maré e de Vento e regularização das Caldeiras e caminhos", conclui o documento da plataforma Braamcamp é de todos e da Associação Barreiro Património, Memória e Futuro.
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