200 manifestantes tentam travar dragagens em Setúbal

Manifestantes das dragagens no Sado querem população na reunião da Câmara

A SOS Sado irá apresentar uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada, para travar as dragagens que deverão começar já esta semana. De cartazes em riste, vários manifestantes prometem continuar a lutar. As dragagens ficaram paradas durante meses, com início previsto para breve. Apesar dos protestos, uma das dragas chegou a Setúbal na sexta-feira para arrancar com os trabalhos. Por isso, para a SOS Sado, este é o tempo de agir, contra o que pode ser a transformação do rio numa estrada de contentores. No mesmo dia em que a máquina pousava junto ao rio, a associação marcava uma manifestação para este domingo. Na quarta-feira pretendem "invadir" a reunião do executivo municipal e, a 19 de Dezembro, rumam todo juntos  à Assembleia da República. 
Vigília contra as dragagens unem setubalenses 

 "O nosso objetivo ao promover esta vigília era dar voz aos cidadãos para se pronunciarem sobre as dragagens e para organizarmos a contestação da população. Já temos alguns eventos planeados, designadamente a participação em massa na próxima reunião da câmara de Setúbal, na próxima quarta-feira", disse David Nascimento, da SOS Sado."Na vigília realizada este domingo, ao final da tarde em Setúbal decidimos também organizar uma deslocação à Assembleia da República, no próximo dia 19 de Dezembro, para assistirmos à votação dos projetos de resolução do PEV, BE e PAN, sobre as dragagens no estuário do Sado", acrescentou David Nascimento, salientando que houve alguns participantes que prometeram disponibilizar autocarros para assegurar o transporte para Lisboa.
O porta-voz da SOS Sado revelou ainda que hoje mesmo deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Almada, por via eletrónica, uma providência cautelar, que deverá ser formalmente registada esta segunda-feira.
"O que levou o tribunal a pronunciar-se no sentido do indeferimento de anteriores providências cautelares foram questões técnicas, que nada têm a ver com a matéria de facto. Nesta providência cautelar não estamos só a abordar questões de princípio e de precaução, estamos também a denunciar aquilo que serão irregularidades administrativas, aquilo que serão até ilegalidades, e conjuntamente, a tentar relevar os impactes que foram identificados em diversos estudos e que não foram tidos em conta na Declaração de Impacte Ambiental (DIA) e na consulta pública", disse.
"Aquilo que se discutiu há dois anos não tem nada a ver com aquilo que está a ser feito hoje", sublinhou.
De acordo com a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, as dragagens no estuário do Sado deverão começar durante a semana que agora se inicia, mas, a par da contestação às dragagens de aprofundamento e alargamento do canal de navegação para permitir a entrada de navios maiores no porto de Setúbal, há também grande contestação das associações de pesca.
O caso remonta a 1 de Outubro de 2018, quando foi iniciada a requalificação do porto de Setúbal, ação promovida pela administração do próprio porto e pelo governo, num investimento de 25 milhões de euros. O objetivo passa por alargar o canal marítimo de acesso ao porto, para permitir a passagem de embarcações de maior calado e até mais do que uma em simultâneo, caso necessário.Os pescadores de Setúbal dizem que uma das localizações escolhidas para a deposição de dragados, na zona da restinga, perto de Tróia, poderá ter graves consequências para a biodiversidade e para espécies piscícolas como o choco, linguado, raia, polvo, pregado, salmonete, sardinha e cavala, e que, além disso, coloca em causa a navegabilidade das embarcações de pesca.

Agência de Notícias com Lusa 
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