Passageiros contra supressão de barcos no Barreiro

Autarca do Barreiro considera "imperioso" contratação de mestres

A PSP foi chamada a reforçar o policiamento no terminal do Barreiro, depois de vários passageiros terem forçado as portas para apanhar o barco para Lisboa. Esta é uma situação que se tem registado nos últimos dias. A Soflusa suprimiu várias ligações entre o Barreiro e Lisboa devido à greve dos mestres [agendada até ao último dia deste ano] e à falta de tripulantes habilitados para o desempenho da função. No terminal do Barreiro foi afixado um aviso a dar conta de que haverá dias com perturbações por causa da greve e da falta de barcos, mas sem especificar os horários. O presidente da câmara do Barreiro considera “imperioso” o reforço dos recursos humanos na Soflusa, através da contratação de mais mestres, de forma a que as ligações fluviais entre Barreiro e a capital não sejam colocadas em causa.
 Falta de barcos é frequente no Barreiro 

“No que diz respeito ao reforço dos recursos humanos é imperioso que seja feito. Se toda a gente percebe que um barco não se adquire de um dia para o outro, e não há nenhum passageiro que não perceba isso, acho que ninguém percebe que existam barcos e não existam mestres para os conduzir”, disse Frederico Rosa, em declarações à Lusa.
A Soflusa anunciou na terça-feira não conseguir prever quando vai repor as ligações fluviais entre Barreiro e Lisboa, que começaram a ser suprimidas desde sexta-feira devido à greve às horas extraordinárias dos mestres, por faltarem 24 destes profissionais.
De acordo com o autarca eleito pelo Partido Socialista, o reforço dos recursos humanos “é de uma responsabilidade e de uma resposta bem mais rápida que a aquisição de um navio”.
“O que se passa hoje é inamissível e nós, estrategicamente, não podemos ter um serviço baseado nas horas extraordinárias que os mestres decidam fazer. Tem de haver um equilíbrio. Previsibilidade, as pessoas têm de saber que, quando vão apanhar o barco, podem contar com aquele meio de transporte para fazer a sua vida profissional e fazer a gestão da sua vida pessoal”, frisou.
Segundo Frederico Rosa, a autarquia do Barreiro “não tem participação ativa na Soflusa, como muitas pessoas pensam”, acrescentando que a autarquia está a reformular a sua frota de transportes coletivos de forma a “aumentar a oferta de 39 autocarros para 60 e contratar mais 20 motoristas para ter mais oferta na rua”.
“Na Soflusa estamos a assistir ao percurso inverso”, lamentou o autarca.

Utentes responsabilizam administração da Soflusa
A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro defendeu que os problemas na Soflusa são “inteiramente da responsabilidade da administração” da empresa que pretende “atirar a culpa para cima dos trabalhadores”.
Em comunicado, a comissão lembra que já tinha alertado para os problemas na empresa, adiantando que “persiste a degradação do serviço dos transportes fluviais da Soflusa nas ligações Barreiro-Lisboa-Barreiro”.
“São constantes os atrasos e a supressão de carreiras, sobretudo às primeiras horas da manhã. Centenas de utentes veem assim a sua vida prejudicada e com sérios prejuízos no cumprimento dos seus horários de entrada nos seus empregos e escolas ou universidades”, salientam em comunicado.
Segundo a comissão, há utentes “a quem é descontado o tempo de atraso sem que isso corresponda a qualquer responsabilidade sua”, frisando que a responsabilidade “é inteiramente da Administração da Soflusa e dos sucessivos governos que não tomaram, em devido tempo, as medidas de renovação da frota e o necessário aumento do quadro de pessoal da empresa”.
“De pouco serve a administração da Soflusa vir, sucessivamente, pedir desculpas aos utentes alegando constrangimentos de ordem laboral. Esta justificação, precária, mas não ingénua, pretende atirar a culpa para cima dos trabalhadores da Soflusa”, acrescentam no documento.
A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro “não aceita tais desculpas e exige, em nome dos utentes e com a legitimidade de quem, reiteradamente, tem vindo a alertar para as constantes falhas, a resolução dos problemas estruturais existentes”.
“Como forma de reforçar o seu protesto e as suas reivindicações, a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro reiterou o pedido para que se realize, o mais urgente possível, uma reunião com o Conselho de Administração da Soflusa”, pode ler-se ainda no documento.
A Comissão de Utentes acrescentou ainda que pediu reuniões com as administrações de várias empresas de transportes com intervenção na região.
A comissão, juntamente com outras comissões de utentes, irá estudar formas de luta e protesto a propor aos utentes na convicção de que “não pode aceitar a inércia e falta de vontade em resolver os problemas dos cidadãos”, referem.

Greve dos mestres às horas extraordinárias só acaba no fim do ano 
A Soflusa anunciou na terça-feira não conseguir prever quando vai repor as ligações fluviais entre Barreiro e Lisboa, que começaram a ser suprimidas desde sexta-feira devido à greve às horas extraordinárias dos mestres, por faltarem 24 destes profissionais.
Em resposta por escrito a questões colocadas pela agência Lusa, a Soflusa esclareceu na terça-feira que “dada a escassez de tripulantes habilitados a exercer a função de mestre, ainda que existam esforços da empresa e um diálogo permanente com a comissão de trabalhadores e sindicatos, não pode prever a reposição da normalidade operacional”.
As supressões de horários, no período noturno, “resultam do agravamento das limitações de recursos humanos na empresa”.
Em falta, detalhou a Soflusa, estão 24 mestres para “assegurar a totalidade dos horários comerciais”.
Além disso, os mestres estão em greve às horas extraordinárias, depois do pré-aviso de greve do Sindicato dos Transportes Fluviais Costeiros e da Marinha Mercante, a qual se prolonga até 31 de Dezembro deste ano.
A empresa adiantou ainda que abriu concurso para as vagas de mestres e “aguarda, a todo o momento, autorização para a contratação” de mais trabalhadores.
A Soflusa é responsável por fazer a ligação entre o Barreiro e Lisboa, enquanto a Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão e Lisboa.

Agência de Notícias com Lusa 

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