Barcos do Barreiro voltam a ser suprimidos esta segunda

Soflusa anuncia dezenas de supressões para hoje e sindicato anuncia nova greve entre 3 e 7 de Junho 

A empresa Soflusa, responsável pelas ligações fluviais entre Barreiro e Lisboa, anunciou a supressão de dezenas de carreiras nesta segunda-feira em ambos os sentidos, em especial nas horas de ponta da manhã e da tarde. A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro salienta que as supressões anunciadas para hoje vão acontecer num dia em que já não está marcada nenhuma greve de trabalhadores. Os mestres da Soflusa voltaram esta sexta-feira a aderir na totalidade à greve parcial e, perante a falta de entendimento com a empresa de transporte fluvial, foi anunciada uma nova paralisação dos mestres entre 3 e 7 de Junho, informou fonte sindical. Além desse movimento, segundo o responsável, os trabalhadores estão a equacionar “uma greve de 24 horas, em 12 de Junho”.
Greves e supressões vão continuar no Barreiro 

A Soflusa explica, na sua página na internet, que, “mantendo-se os constrangimentos laborais”, está prevista a supressão das carreiras das 6h45, 7h10, 7h35, 8h00, 8h25, 8h50, 9h40, 14h55, 15h35, 16h20, 16h30, 17h10, 17h20, 18h00, 18h10, 18h50, 19 horas, 19h50, 20h35 e 21h25, no sentido entre Barreiro e Lisboa.
No sentido contrário está prevista a supressão das carreiras das 7h10, 7h35, 8 horas, 8h25, 8h50, 9h15, 15h20, 16 horas, 16h45, 16h55, 17h35, 17h45, 18h25, 18h35, 19h15, 19h25, 20h15, 21 horas e 21h55.
“A administração continua, propositadamente, a usar a expressão constrangimentos laborais. Trata-se de um eufemismo, semântico, mas não inocente, com vista a confundir os utentes”, refere a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro em comunicado enviado à Lusa.
Para esta entidade, “os constrangimentos laborais na Soflusa têm um nome” que é a “falta de, pelo menos, 30 trabalhadores nas áreas de navegação – mestres, maquinistas e marinheiros -, na área administrativa e nas áreas comerciais e de apoio ao cliente”.
A comissão explica que a situação é de especial gravidade no caso dos mestres que, em 2018, “se viram obrigados a fazer cerca de quatro mil horas extraordinárias”.
“Há pessoal da área da navegação (mestres, maquinistas e marinheiros) à beira da exaustão. Repetimos: os ditos constrangimentos são a não admissão de pessoal que decorre há vários anos”, sustenta.
A comissão de utentes lembra que já apresentou um memorando reivindicativo à administração da empresa para ajudar a resolver os problemas e espera que a “situação insuportável” seja ultrapassada.

Novas greves a caminho para Junho 
Em 10 de Maio, as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa começaram a ser suprimidas pela falta de mestres, o que levou a empresa a anunciar, quatro dias depois, não conseguir prever quando iria repor o serviço.
Os mestres da Soflusa cumprem hoje o último dia de uma greve parcial de dois dias, de três horas por turno, para defender a contratação de novos profissionais. A paralisação tem causado perturbações no serviço.
Devido à falta de entendimento com a empresa de transporte fluvial, foi anunciada uma nova paralisação entre 3 e 7 de Junho, informou na sexta-feira fonte sindical.
“A nova greve anunciada será também parcial, de três horas por turno, e acontece pelos mesmos motivos: contratação de profissionais e alívio da carga de trabalho extraordinário”, avançou à Lusa Carlos Costa, da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans).
Além desse movimento, segundo o responsável, os trabalhadores estão a equacionar “uma greve de 24 horas, em 12 de Junho”.
No segundo e último dia de greve parcial [na sexta-feira], de três horas por turno, a totalidade dos mestres aderiram ao movimento, ou seja, 21 trabalhadores, sendo que três deles se encontram de baixa médica.
De acordo com o sindicalista, no ano passado estes profissionais realizaram “quatro mil horas de trabalho extraordinário” o que faz com que alguns deles “careçam de cuidados de saúde físicos e mentais”, porque é um trabalho muito “exaustivo”.
Os utentes mostraram-se preocupados por a empresa e os mestres ainda não terem chegado a um entendimento, até porque a falta dos trabalhadores é “congénita”.
“Os utentes vêm esta situação com preocupação porque a empresa fora do período da greve continua a ter de suprimir carreiras. O problema é congénito, não há tripulações, não há mestres e os barcos não podem andar”, frisou José Lourenço, da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro.
Neste sentido, considerou que as perspetivas não são “animadoras”, uma vez que os mestres já estão a convocar novas paralisações.
“Alguns mestres já anunciaram uma nova greve para Junho e vemos isso com preocupação, porque a corda vai partir para algum lado. Só se consegue fazer paz quando dois intervenientes têm o mínimo de intenção de conversar”, defendeu.

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