Água do Alqueva vai chegar ao distrito de Setúbal

Produtores de arroz de Alcácer do Sal querem medidas do Governo

O presidente da Câmara de Alcácer do Sal reuniu, na semana passada, com o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, acompanhado por agricultores e produtores de arroz, para procurar encontrar "soluções de curto e médio prazo" para a falta de água que está a pôr em risco a próxima campanha de arroz. "Foi uma reunião onde foi debatida a grave situação de seca que o Vale do Sado atravessa, com uma situação considerada única no país em termos de recursos de falta de água para o arroz e tentou encontrar-se soluções de curto e de médio prazo para diminuir o impacto das alterações climáticas e da falta de água", disse à agência Lusa, após o encontro.  O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, destacou que o Programa Nacional de Regadios, num investimento superior a 500 milhões de euros, vai permitir o "renascimento do Alqueva". A água do Alqueva vai chegar  a Ermidas-Sado, no concelho de Santiago do Cacém.
Produtores de Arroz em Alcácer do Sal preocupados com futuro 

Segundo o autarca, a tutela ficou de "iniciar um processo de estudo prévio de aproveitamento de água do rio Sado", com o intuito de vir a ser criada "uma central de dessalinização, que permita aproveitar a água do rio para rega".
Vítor Proença defendeu ainda a "necessidade urgente de avançar com obras que permitam conduzir e aduzir água do Alqueva para a barragem do Vale do Gaio e para a barragem do Pego do Altar".
Os agricultores da zona pretendem também ter financiamento e acesso a crédito bonificado, algo que, segundo Vítor Proença, não estão a conseguir junto da banca de Alcácer do Sal.
"Neste momento não há condições para produzir arroz este ano, não há água nenhuma", lamentou o autarca, recordando que os 200 produtores de Alcácer do Sal asseguram cerca de 30 por cento da produção nacional de arroz.
Vítor Proença estima que, caso a campanha não se concretize, isso representará "12 mil milhões de euros de prejuízo para a economia nacional".
"Isto [12 mil milhões de euros] representa a economia que a montante e a jusante o arroz faz girar, representa mais de 200 explorações agrícolas, representa mão-de-obra, representa comerciantes, representa oficinas, representa fatores de produção diversos e representa importações de outras paragens, que são custos acrescidos", especificou o autarca.

Investimento forte no Alqueva traz água até Ermidas do Sado 
O Alqueva vai ser ampliado de forma a levar água para abastecimento público a mais cinco concelhos, num investimento de cerca de 210 milhões de euros. O plano de expansão do regadio do maior lago artificial da Europa - com uma área de 250 quilómetros quadrados e que hoje rega 120 mil hectares  e foi apresentado pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, em Reguengos de Monsaraz.
"É um dia importante, assinala a retoma do investimento no Alqueva. É o dia 1 da nova era do Alqueva. Foi lançado o primeiro bloco do plano de expansão, o de Reguengos, que irá beneficiar mais de dez mil hectares, numa zona em que a agricultura é muito produtiva, das melhores de Portugal, e onde os agricultores em algumas circunstâncias já estão a usar camiões-cisternas para regar as suas explorações", disse Capoulas Santos.
Este investimento em Reguengos, que consiste na construção de raiz de uma zona de armazenamento e de regadio, está orçado em 39 milhões de euros. É o mais elevado dos novos 13 braços do Alqueva, espalhados um pouco por toda a região do Alentejo, sendo sete no distrito de Beja, cinco no de Évora e um no de Setúbal (Ermidas-Sado, no concelho de Santiago do Cacém).
A ampliação do Alqueva, segundo explicou Capoulas Santos, tornou-se possível depois de ano e meio de negociações com bancos estrangeiros para o financiamento do projeto.
"O governo anterior tinha excluído o Alqueva do programa de desenvolvimento rural e nós arrancamos com o projeto. As negociações ficaram fechadas há umas semanas com o Banco Europeu de Investimento e com o Banco do Conselho da Europa. Agora estamos em condições de começar a lançar os diferentes blocos de rega e fazer um conjunto de melhoramentos em equipamentos de bombagem , reforço das estações elevatórias, para um investimento total que representa 222,3 milhões de euros", salienta.
A ampliação do projeto do Alqueva enquadra-se no Plano Nacional de Regadios - a ser apresentado muito em breve -, que vai implicar um custo global de 500 milhões de euros para requalificar antigos regadios ou construir novos para beneficiar uma área total de 90 mil hectares.
"Vai ser feito um investimento por todo o país, de norte a sul, alguns já estão em fase de arranque, outros em fase de obra, como o regadio de Óbidos", explica o ministro da Agricultura.
Após 2400 milhões de euros de investimento - distribuídos pelas valências agrícola, energética e de abastecimento público - 21 anos de obras e 15 a encher, o Alqueva, localizado no coração do Alentejo, no rio Guadiana, produz atualmente energia, abastece cerca de 200 mil lares e rega 120 mil hectares.
O fecho das comportas da barragem ocorreu faz no próximo dia 8 de Fevereiro 16 anos e marcou o início do enchimento da albufeira, cuja capacidade de armazenamento é superior a 4,1 milhões de metros cúbicos, o que permite aguentar três anos de seca extrema como a vivida neste ano em Portugal.

Agência de Notícias 

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