CGTP quer Fábrica de Palmela a produzir carros elétricos

Arménio Carlos quer que Governo discuta nova estratégia para a Autoeuropa

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, quer que o Governo discuta uma estratégia produtiva de médio e longo prazo para a fábrica da Autoeuropa, em Palmela, que passe pela produção de carros elétricos. Arménio Carlos adianta, num artigo de opinião divulgado no jornal Público, que a CGTP considera “que este é o momento certo para discutir uma estratégia de médio e longo prazo para a fábrica”. "No momento em que a Volkswagen já chegou a um acordo com o Governo alemão relativamente à substituição de uma parte da produção dos carros com motor a combustão por viaturas com motor eléctrico, assim como às condições de condicionamento da circulação dos primeiros e apoios à comercialização dos segundos, é altura de o Governo português assegurar as condições necessárias junto da multinacional para que a Autoeuropa seja parte integrante desta nova fase da estratégia produtiva da Volkswagen", opina Arménio Carlos.
Sindicatos querem carros elétricos na Autoeuropa 

O secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP-IN), adianta que a proposta já foi apresentada ao Governo e que “se espera seja tratada em tempo útil, para bem dos trabalhadores, do emprego e da economia do país”.
De acordo com o secretário-geral da CGTP, os trabalhadores já provaram que estão empenhados na consolidação e desenvolvimento da fábrica.
No artigo de opinião, o sindicalista lembra que os “mesmos trabalhadores que ontem eram endeusados por dar aval a vários acordos são hoje enxovalhados por se oporem a propostas da administração da empresa e ostracizados por se indignarem contra uma administração que fala em diálogo social e recorre à imposição para tentar forçar a aplicação de medidas repudiadas pela comunidade laboral”.
“Por muito que alguns pretendam fazer crer, o conflito laboral na Autoeuropa não resulta de confrontos entre a Comissão de Trabalhadres e os sindicatos nem de qualquer manipulação partidária, mas de um descontentamento generalizado dos trabalhadores que se vem expressando de forma clara e inequívoca ao longo dos últimos anos”, disse.
No entender de Arménio Carlos, o que se discute “é o direito dos trabalhadores serem parte ativa na discussão e decisão sobre a organização e gestão do tempo de trabalho face à importância deste para a retribuição, a saúde, o repouso e a articulação da vida profissional com a vida pessoal e familiar”.
“Por mais que os profetas da desgraça se esforcem em tornar realidade os seus desejos, não é isso que se perspetiva para a Autoeuropa”, afirma Arménio Carlos, recusando um cenário em que a VW fecha a fábrica de Palmela por causa dos desentendimentos atuais. A CGTP argumenta que “o dinheiro nunca foi um problema de fundo” para a empresa alemã, exemplificando com a multa que teve de pagar por causa do ‘Dieselgate’.

Autoeuropa pára quatro dias por falta de peças
Falta de peças abriga a paragem da linha de montagem 
O líder sindical ataca os críticos da greve realizada por causa do atual conflito entre os trabalhadores e a administração. “É interessante que ainda recentemente os mesmos que invocaram o prejuízo resultante da greve para a empresa (então e as greves não têm essa função para forçar as entidades patronais a responder às reivindicações dos trabalhadores?) agora primaram pelo silêncio com a paragem da produção devido à falta de componentes, cujo início teve lugar na passada sexta-feira e se vai prolongar entre os dias 26 e 29 de Dezembro“, critica Arménio Carlos.
A interrupção da produção ocorre num período conturbado da empresa, devido à rejeição pelos trabalhadores de dois pré-acordos sobre os novos horários de laboração contínua que tinham sido negociados previamente entre a administração e a Comissão de Trabalhadores.
Face à ausência de um acordo, a administração da Autoeuropa avançou na semana passada, unilateralmente, com um novo horário de laboração contínua que deverá entrar em vigor do final de janeiro de 2018, mas trabalhadores e sindicatos já fizeram saber que não concordam com o modelo que lhes foi imposto.
Apesar do diferendo, a administração da Autoeuropa já anunciou que está disponível para negociar um novo modelo de horários de laboração contínua, para vigorar, inclusive, a partir do segundo semestre de 2018.

Agência de Notícias com Lusa 

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