Crise social da Fábrica de Palmela pode desviar T-Roc

"O SITE-Sul tem inflamado a Autoeuropa", acusa Fernando Sequeira

Com uma Comissão de Trabalhadores demissionária e à espera de uma greve já para o próximo dia 30 de Agosto, a  Autoeuropa está a braços com uma crise laboral como há muito não existia e que pode até implicar a deslocalização da produção do T-Roc para fábricas alemãs. O sindicato que convocou a greve na Autoeuropa quer continuar a conversar mas a administração da fábrica diz que só negoceia com a Comissão de Trabalhadores. Fonte oficial da Autoeuropa explicou que a negociação de acordos de trabalho é feita com a Comissão, que é quem representa os trabalhadores na empresa, lembrando que estão incluídos na Comissão representantes dos sindicatos. Em declarações à RTP, Fernando Sequeira, acusa SITE Sul, sindicato afeto à CGTP, de tentar tomar de assalto a Comissão de Trabalhadores e lembra que a produção do novo modelo automóvel é fundamental para garantir o futuro da empresa em Palmela. 
Autoeuropa vive maior crise social da sua história 

Parte da produção do novo modelo da Autoeuropa, o T-Roc, poderá ser desviada para fábricas do grupo VW na Alemanha, escreve o Diário de Notícias, caso não seja implementado o novo horário de trabalho. O aviso é feito por Fernando Sequeira, coordenador demissionário da comissão de trabalhadores da fábrica de Palmela. A fábrica ainda não confirmou esta notícia. Mas Jürgen Haase, responsável pelos Recursos Humanos e Produção da Marca, já lembrou que "a Volkswagen investiu aqui muito dinheiro. A fábrica [de Palmela] foi transformada para que possam cumprir o programa de produção exigido. Isso só será possível com um modelo de turnos contínuos. Para tal a produção aos sábados é inevitável".
No entanto, caso se prolongue o impasse, o cenário pode ser pior. Segundo alerta Fernando Sequeira, existe a possibilidade de a produção do T-Roc poder ser, pelo menos parcialmente, deslocalizada, e dá um exemplo: “Com o Polo, em Espanha, não houve acordo com os trabalhadores e a VW deslocalizou parte da produção para Bratislava”. As contas são simples, diz o atual coordenador da comissão. “O objetivo de produção para 2018 é de cerca de 240 mil carros. Com o horário que o sindicato propõe, é impossível ultrapassar os 200 mil carros/ano. Será que a VW vai deixar de fabricar esses 40 mil carros?”
Se o clima era tenso entre trabalhadores e a direção da Comissão de Trabalhadores ficou pior quando quase três quartos dos operários (74,8 por cento) terem rejeitado o pré-acordo assinado entre a comissão de trabalhadores e a administração da fábrica, liderada por Miguel Sanches. O acordo previa uma melhoria salarial de 16 por cento, além de mais um dia de férias e a redução do horário de 40 horas semanais, para compensar o novo horário. 
A partir de 2018, para responder ao aumento de produção do T-Roc, a Autoeuropa quer manter a fábrica aberta seis dias por semana e com três turnos a funcionar. Os operários terão de trabalhar de segunda a sábado, com uma folga fixa ao domingo e outra folga rotativa durante a semana.
Se a deslocalização, de pelo menos parte da produção do novo modelo da marca alemã acontecer, além das implicações para os cofres do Estado, que deixarão de encaixar as receitas dali provenientes, os trabalhadores também serão afetados. Sem necessidade de um terceiro turno, pelo menos parte dos colaboradores agora contratados deverá ser dispensada, "um cenário bem pior do que ter uma folga rotativa durante a semana", dizia ontem um trabalhador da fábrica.

 Fernando Sequeira acusa sindicatos 
"A Volkswagen não deixará de fazer os 240 mil carros/ano, mais a mais tendo o novo carro a base do Golf e havendo fábricas alemãs onde se produzia o [modelo] Golf que, neste momento, estão com reduzida produção".  E lembra que "a administração, segundo a lei, pode definir os horários. O parecer dos representantes dos trabalhadores não é vinculativo". E sem dar nada em troca.
O sindicato, afeto à CGTP, contrapõe com a "clara rejeição à obrigatoriedade do trabalho ao sábado" no referendo de há uma semana. O tal que chumbou o acordo assinado pela comissão de trabalhadores. E acusa a administração de propor uma compensação "inferior àquela que tem vindo a ser praticada" na empresa. Está já marcado um plenário para 28 de Agosto, dois dias antes da primeira greve da história da Autoeuropa, uma empresa que vale qualquer coisa como um por cento da riqueza (PIB) gerada em Portugal.
A agravar a tensão, a administração da fábrica de Palmela já veio dizer que só negoceia com a comissão de trabalhadores e não com sindicatos. O problema é que a nova comissão de trabalhadores só deverá ser conhecida no final do mês ou no início de Setembro. As eleições só poderão ser convocadas quando todos os operários voltarem de férias. Fernando Sequeira já assumiu que é candidato.

T-Roc apresentado a 23 de Agosto 
Novo modelo será apresentado a 23 de Agosto em Palmela 
Como se não fosse já muita a especulação em torno do seu mais recente SUV, o “português” T-Roc, a Volkswagen decidiu atiçar ainda mais a curiosidade avançando com uma data para a divulgação das fotos oficiais do modelo: 23 de Agosto. E, para animar ainda mais a coisa, divulgou um filme que já pouco deixa à imaginação. 
Além de ser possível perceber as formas do visual final da carroçaria, há ainda a reter detalhes interessantes, como a pintura em dois tons, sendo o tejadilho e os pilares contrastantes, assumindo-se mesmo como o Volkswagen mais personalizável da história da marca. E, em função dessa escolha de cores, igual harmonia é transposta para o interior.
Mas a primeira apresentação pública só terá lugar no Salão Automóvel de Frankfurt, a 14 de Setembro. O novo modelo é um SUV citadino com 4,3 metros de comprimento e 1,8 metros de largura e irá competir com o Nissan Juke, o Renault Captur ou mesmo o Seat Arona, do próprio grupo VW. O T-Roc fabricado na Autoeuropa deverá ter um preço base de 25 mil euros e deverá contar com versões a gasolina, gasóleo e híbrido plug-in (ligado à corrente).
A Autoeuropa, para poder produzir este veículo, recebeu um investimento de 677 milhões de euros na instalação de uma nova plataforma multimodal, que permite a produção de vários modelos.

Agência de Notícias 

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