Forte São Filipe reabre em festa na cidade de Setúbal

"Devolvemos à cidade um dos seus monumentos mais icónicos"

O Forte de S. Filipe, monumento nacional localizado em Setúbal, reabriu ao público, em ambiente de festa, depois de mais de dois anos de encerramento devido à instabilidade da encosta onde foi edificado. “Hoje, devolvemos à cidade aquele que é um dos seus monumentos mais icónicos”, assinalou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, na cerimónia que marcou a reabertura do forte ao usufruto da população. Cerca de 11 mil pessoas passaram pela Feira Quinhentista de Setúbal, certame que decorreu entre 30 de Março e 2 de Abril e assinalou a reabertura ao público do Forte de S. Filipe. Jograis, espadachins, saltimbancos, plebe e nobres voltaram a passear por entre as muralhas da fortaleza do século XVI, mandada erigir durante o reinado de D. Filipe I.
Forte de São Filipe voltou a receber a nobreza e a plebe... 

No Forte de S. Filipe, edificado no século XVI, está instalada uma Pousada de Portugal, gerida pelo Grupo Pestana e atualmente encerrada ao público por não reunir as condições necessárias para o funcionamento de uma unidade hoteleira, devido às obras de sustentação que têm de ser feitas na encosta da fortaleza.
Os riscos que apontam para o desmoronamento de parte do forte já foram alvo de trabalhos de contenção, não constituindo perigo para visitantes do bar e da esplanada, zonas que estão salvaguardadas de qualquer ameaça, mesmo no decurso das obras a desenvolver num futuro próximo.
O monumento nacional volta, assim, a receber visitantes, na sequência de um contrato de concessão do Grupo Pestana à autarquia sadina das zonas de esplanada e de bar da pousada.
Enquanto as obras de sustentação da encosta não são concluídas, a Câmara de Setúbal fica responsável pela gestão das áreas cedidas, tendo, para isso, recuperado os espaços, incluindo a entrada principal e o túnel de acesso do Forte de S. Filipe, num trabalho que contou com a criatividade do decorador setubalense João Maria.
Maria das Dores Meira recordou que este esforço, tal como acontece na liderança assumida na empreitada de consolidação da encosta, não deveriam ser competências da autarquia, “porque de um monumento nacional se trata”.
A autarca sublinhou, todavia, que essa substituição ao Estado se deve, “acima de tudo, porque os setubalenses exigiam uma solução para este problema e não compreendem, nem têm de compreender, os labirintos de que é feito o Poder Central, que tinha e tem o dever de manter esta fortaleza que é parte essencial da História de Portugal”, sublinhou.

Investimento de três milhões de euros 
Detentor de uma vista panorâmica impressionante sobre Setúbal e a baía do rio Sado, o Forte de S. Filipe está agora novamente aberto a visitantes, onde, além de poderem admirar a paisagem, podem usufruir de uma confortável esplanada, de um serviço de cafetaria-bar e ainda da utilidade de um posto de informação turística.
Maria das Dores Meira recordou que todos estes avanços são apenas “mais uma etapa desta grande prova que é a recuperação da fortaleza”.
Frisou que o esforço autárquico só ficará concluído com a abertura em pleno do Forte de S. Filipe.
Com esse objetivo em mente, a Câmara de Setúbal assumiu em 2016 a liderança de uma candidatura comunitária com vista ao financiamento do reforço estrutural do monumento, no âmbito do PO SEUR, até ao montante máximo correspondente a 85 por cento do custo total da obra, orçada em três milhões de euros.
A autarquia contrata todas as prestações necessárias à concretização da obra e o Estado, por via da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, comparticipa as ações até ao montante máximo de 15 por cento do investimento global.
Até à conclusão desta intervenção, o Forte de S. Filipe está agora aberto ao público, facto que não se verificava desde o encerramento do monumento a 1 de Novembro de 2014, na sequência de um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil que alertava para o risco elevado de derrocada da encosta.
O Posto de Informação Turística funciona todos os dias das 10 às 12 horas e das 13 às 18 horas enquanto a cafetaria-bar está aberta das 10 às 20 horas entre domingo e quinta-feira, encerrando à meia-noite à sexta-feira e ao sábado.

Feira Quinhentista de Setúbal atraiu 11 mil pessoas 

11 mil pessoas passaram pela Feira Quinhentista 
Jograis, espadachins, saltimbancos, plebe e nobres voltaram a passear por entre as muralhas da fortaleza do século XVI, mandada erigir durante o reinado de D. Filipe I.
A Feira Quinhentista, organizada pela associação cultural Alius Vetus e a Câmara Municipal de Setúbal, recuperou vivências de outros tempos, propondo uma autêntica viagem no tempo às 11 mil pessoas que não perderam a oportunidade de visitar o certame ao longo dos quatro dias em que decorreu.
O espanhol Josep Díaz aproveitou uns dias de férias para vir de Sevilha visitar Setúbal juntamente com a família e, descobrindo por acaso a existência da feira medieval, resolveu investigar o evento.
“Como não pude tirar férias na Páscoa, antecipámos o fim de semana prolongado. Já queríamos visitar o forte desde o momento em que chegámos a Setúbal. A vista não pode ser menos do que encantadora. A sorte em saber que o castelo reabriu por estes dias, juntamente com esta feira medieval, pareceu-nos algo imperdível”, explicou, ainda na expectativa sobre o que iria ver, momentos antes de entrar na fortaleza.
Pela frente, o que esperava Josep e a família andaluz eram grupos de música antiga a tocar pelas ruas e várias tendas com artesanato e gastronomia que remetiam pelas cores, sons e cheiros para um cenário que poderia ser perfeitamente ajustado ao vivido no século XVI.
Cavalos e burros, entre tendas e figurantes, ajudaram a compor uma pequena simulação do que seria a vida no campo fora das muralhas do Forte S. Filipe durante a Alta Idade Média.
Pela rua de principal de acesso ao interior da fortificação realizaram-se várias demonstrações de cutelaria com soldados vestidos e armados com rigor histórico.
Entre as exibições bélicas, muitas outras animações tiveram lugar durante os quatro dias do certame, incluindo demonstrações com aves de rapina e espetáculo de pirofagia.
A Feira Quinhentista teve ainda o gosto especial de outros tempos, com tendas a propor, entre tantos outros cardápios de época, carnes e enchidos assados no momento e licores e doçaria de receitas conventuais.
Uma verdadeira tortura para os comensais, mas muito mais ligeira e apetecível do que para as vítimas dos artefactos e apetrechos sadicamente engenhosos que estiveram em exposição no túnel de acesso ao interior do Forte de S. Filipe.
Na mostra de artigos de tortura, em exposição, coincidência ou não, num recanto escuro do túnel, um elemento da organização mostrava estranho prazer em explicar aos visitantes a funcionalidade, e finalidade, de cada engenho. Sobre o desempenho dos apetrechos, pouca margem sobrava à imaginação do público depois de explicações tão pictóricas e detalhadas.

Agência de Notícias com Câmara de Setúbal 
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