Setúbal discutiu plano estratégico para o futuro

Plano de Desenvolvimento  propõe internacionalização e criação de emprego 

O futuro da cidade de Setúbal deverá passar por uma estratégia de internacionalização para despertar o interesse da procura exterior e promover o desenvolvimento económico e a coesão social, defendeu o ex-ministro Augusto Mateus. "A cidade de Setúbal está insuficientemente virada para o mundo e para a internacionalização. Hoje temos de procurar aqueles que são capazes de satisfazer a qualidade do nosso trabalho, de propiciar o acesso a melhores rendimentos, e não é a dimensão, estrita, do mercado interno que nos garante isso", disse Augusto Mateus na apresentação pública do Plano de Desenvolvimento Estratégico Setúbal 2026, no Fórum Municipal Luísa Todi.
Autarquia quer promover a cidade em todo o mundo 

"É preciso uma internacionalização mais completa do ponto de vista do conhecimento, da educação, do turismo, da indústria e de um ponto de vista mais geral. Não vai ser em tudo, mas, em todos estes eixos, Setúbal tem de encontrar as suas ligações internacionais, para poder ser relevante à escala nacional e regional e para poder valorizar os seus recursos endógenos, que são claríssimos e interessantes", acrescentou o antigo ministro da Economia.
O Plano de Desenvolvimento Estratégico, em fase de elaboração pela Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados, pretende identificar um conjunto de eixos estratégicos para a definição do futuro da cidade de Setúbal.
No encontro, em que participaram cerca de 200 munícipes, Augusto Mateus identificou algumas das principais potencialidades da região e defendeu uma estratégia de cooperação na área do turismo com outros municípios, designadamente com Sesimbra e Grândola.
"É, talvez, no turismo que Setúbal está menos bem colocada. Setúbal não é relevante em matéria turística. Tem um conjunto de trunfos - articulação com o Ribatejo, com Sesimbra, com o Parque Natural da Arrábida e com Lisboa, que é o grande mercado [turístico] ", disse.
"Obviamente que Setúbal não pode ser um pigmeu turístico", acrescentou, depois de lembrar que o setor das pescas e a náutica de recreio são atividades com potencialidades, ao mesmo tempo que classificava as marinas existentes nas duas margens do Sado como "raquíticas".
A ligação de diversas zonas da cidade, a melhoria da mobilidade, com melhores transportes públicos, e um relacionamento mais próximo do Instituto Politécnico com as empresas da região foram outras ideias defendidas por Augusto Mateus, que acredita numa cidade melhor em 2026.
"Vemos uma cidade ligeiramente maior, bastante melhor, mantendo uma diferença em relação ao país em termos de juventude, de inovação e de iniciativa, uma cidade, um território que consiga integrar muito melhor competitividade das empresas e coesão social, que consiga produzir riqueza, conservar a natureza e desenvolver aquilo que é importante para qualquer território: uma base ecológica", disse o antigo ministro da Economia.
"Estou a falar da Arrábida, de toda a zona de produção alimentar, que é configurada pelo Ribatejo e que desce por aqui, vindo por Palmela. Naturalmente uma cidade que perderá algumas das atividades que tem e que ganhará outras, porque os mercados hoje em dia, de dez em dez anos, renovam-se praticamente de forma integral. As atividades não são para durar 80 ou 100 anos, são para se renovarem progressivamente", acrescentou.

Câmara apresenta linha mestras do desenvolvimento 
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Setúbal 2026 está a ser preparado, desde Dezembro de 2014, pela Câmara Municipal e a sociedade de consultores Augusto Mateus & Associados, com a finalidade de dotar a autarquia de um instrumento abrangente que reúna uma perspetiva integrada do território, nomeadamente com enquadramentos nas áreas do desenvolvimento económico, do reforço da coesão social e da proteção ambiental.
A elaboração do plano é constituída por três fases. A atual, de diagnóstico, é a primeira, depois de já se ter ultrapassado o que se designa por fase “zero”, de arranque dos trabalhos e criação de uma metodologia. Segue-se a fase de apresentação da visão estratégica para o concelho e, por último, a de definição de projetos estruturantes para o desenvolvimento do território e de os tornar viáveis.
André Martins, vice-presidente da Câmara de Setúbal,  apresentou uma resenha do trabalho desenvolvido pelo atual Executivo municipal, prova que aponta como uma demonstração de que “tem uma estratégia bem definida para o mandato”.
O autarca respondeu, porém, a uma pergunta lógica sobre a eventual necessidade de elaboração de uma análise estratégica como a que foi introduzida à população. “Porque então um Plano Estratégico de Desenvolvimento para Setúbal? Fundamentalmente porque temos ideias e objetivos bem definidos para o nosso território, mas não somos autossuficientes”.
Acentuou a necessidade de se “criar uma plataforma onde toda a sociedade civil possa participar, mas também onde todas as instituições e entidades que atuam no território possam integrar os seus projetos e todos os agentes económicos possam enquadrar os seus investimentos”.
Uma bacia de emprego muito expressiva, a forte tradição industrial e orientação para a internacionalização, o que também tornará o concelho mais sensível às flutuações económicas, a atividade portuária, o turismo e o peso de importantes áreas naturais no desenvolvimento sustentável são alguns dos fatores que parecem, para já, mais influenciar o crescimento de Setúbal.
O diagnóstico prospetivo encontrou, até ao momento, quatro eixos para que Setúbal desenvolva uma estratégia orientada para o protagonismo: qualidade urbana, capacitação e inovação social, excelência da ligação urbana-rural e da sustentabilidade e internacionalização e inovação.
Consulte aqui uma área especial onde é possível descarregar o documento de suporte à apresentação feita na sessão pública e aceder a um formulário digital no qual se pode deixar contributos para facilitar e melhorar a elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento Setúbal 2026.

Agência de Notícias

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