Hospital do Barreiro perde diretor de oncologia

Diretor diz sair por falta de condições na assistência aos doentes

O diretor do serviço de oncologia do Hospital do Barreiro demitiu-se do cargo, situação já comunicada à Ordem dos Médicos que está “muito preocupada” com a resposta aos doentes que esta instituição disponibiliza. Jorge Espírito Santo confirmou à Lusa que está demissionário, tendo apresentado o pedido para deixar as funções de diretor do serviço de oncologia ao conselho de administração, aguardando ainda uma resposta.
Assistência médica preocupa responsável da oncologia 

Sem querer especificar as razões do pedido de demissão, o oncologista disse que as mesmas são a de todos os diretores de serviço que optam por esta via: falta de condições para manter o que devem ser os seus padrões de prática e assistência aos doentes.
A acompanhar o pedido de demissão seguiu para o conselho de administração do Centro Hospitalar do Barreiro e Montijo uma carta a explicar as razões desta posição, que já é do conhecimento do bastonário da Ordem dos Médicos.
Contatado pela agência Lusa, José Manuel Silva confirmou a receção da carta e mostrou-se muito preocupado com “o que se passa na oncologia e com a gestão do Hospital do Barreiro”.
“Os motivos apresentados [por Jorge Espírito Santo] são muito ponderosos e não é por acaso que um dos elementos mais dedicados à oncologia naquela instituição apresenta a demissão do cargo de diretor deste serviço”, disse.
Para o bastonário, as razões enumeradas pelo oncologista passam pelo “não funcionamento adequado das consultas de decisão terapêutica, má organização e falta de recursos”.
A acessibilidade em tempo das consultas de oncologia e a não contratação de profissionais, mesmo quando estes estavam dispostos terão sido, segundo o bastonário, razões que levaram ao pedido de demissão de Jorge Espírito Santo.
O médico “não quer ficar ligado a uma degradação das condições assistenciais aos utentes de oncologia do Barreiro”, adiantou José Manuel Silva.
A Ordem dos Médicos vai acompanhar esta situação, tendo o seu bastonário manifestado a sua “forte preocupação” com “o que se passa, a vários níveis, nesta instituição”.
Questionado sobre se o que se passa ao nível da oncologia no Hospital do Barreiro põe em causa a assistência aos doentes, o bastonário é perentório: “Os doentes podem ser obviamente prejudicados”.
“Quando um serviço que já está a funcionar abaixo dos limites e vê um dos seus responsáveis mais empenhado e ativo demitir-se, obviamente que os doentes podem ser prejudicados”, acrescentou o bastonário.
A Lusa pediu ao conselho de administração uma reação a este pedido de Jorge Espírito Santo, tendo a mesma optado por não se pronunciar.


Comentários