Almada leva a Paris projecto contra alterações climáticas

Autarquia pioneira na regulação de cheias, na segurança alimentar

O projecto MultiAdapt da Câmara de Almada, para regulação de cheias, amenização microclimática e promoção da segurança alimentar, é apresentado esta terça-feira na Cimeira do Clima, em Paris, disse à Lusa Catarina Freitas, do departamento de Ambiente. “Almada poder destacar-se neste teatro global já é muito interessante. E o reconhecimento que já estamos a ter, para nós, já é motivo de orgulho e satisfação”, disse Catarina Freitas, lembrando que vão estar cerca de 65 mil pessoas na cimeira que decorre esta semana na capital francesa. O projecto da Câmara de Almada está entre os 20 projectos mundiais escolhidos para ser apresentados na 21.ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. 
Almada leva a Paris projecto ambiental para melhorar clima no mundo  


Numa altura em que as estratégias para abordar esta problemática têm, cada vez mais, enfoque no contexto local e no papel dos municípios, Almada vai dar a conhecer o seu projecto, que visa a regulação de cheias, a amenização micro-climática e a segurança alimentar, no Pavilhão das Cidades e Regiões da Cimeira do Clima. 
“O conceito combina hortas urbanas, com bacias de retenção e a restauração ecológica de linhas de água, resultando num relevante efeito sinérgico de promoção da infiltração em profundidade, controlo de cheias e de produção hortícola biológica local, restabelecimento de continuidades ecológicas, bem como amenização dos efeitos de ilha de calor urbana”, descreve a câmara municipal.
A directora do Departamento de Energia, Clima, Ambiente e Mobilidade da Câmara de Almada explica que o projecto MultiAdapt, um dos 20 projectos que, pela qualidade e baixo custo, podem ser replicados um pouco por todo o mundo para responder aos novos desafios decorrentes das alterações climáticas. “São projetos de adaptação multifuncionais que têm um enfoque no controlo e regulação de cheias, na amenização microclimática e na segurança alimentar”, explicou Catarina Freitas, sublinhando que há muitas linhas de água artificializadas, que já não podem cumprir a sua função normal.
“O que nós fizemos foi um projecto integrado, com recuperação das linhas de água, com a utilização de galerias ripícolas, que promovem a infiltração em profundidade, e a construção de baías de retenção, que diminuem a velocidade de escoamento”, acrescentou a responsável, ao passo que realçou que os cenários climatéricos para os próximos anos indicam que Almada vai ter “mais chuva em menos tempo”, sublinha  a directora do Departamento de Energia, Clima, Ambiente e Mobilidade da autarquia.
Catarina Freitas lembrou que o projecto MultiAdapt contempla a criação de quatro “hortas urbanas”, que não só funcionam como baías de retenção e ajudam a e restaurar as linhas de água como também contribuem para melhorar a segurança alimentar de Almada. “Ouvi, numa conferência, que a cidade de Londres só tinha provisões alimentares para apenas três dias. Isso é pouquíssimo”, considerou, convicta de que as `hortas urbanas´ são fundamentais, para responder às alterações climáticas e promover uma maior segurança alimentar das cidades.

Cimeira do Clima para os Líderes Locais
Simultaneamente, Almada vai participar na iniciativa Cimeira do Clima para os Líderes Locais, no próximo dia 4 de Dezembro. Este encontro, no qual estarão presentes dirigentes de municípios e de regiões de todo o mundo, irá focar-se nos esforços feitos no Compact of Mayors – uma coligação global de cidades cujo objectivo é reduzir as emissões de gases com efeito de estufa ao nível local, aumentar a resiliência às alterações climáticas e acompanhar este progresso de forma transparente.
No último ano, verificaram-se “avanços significativos” no âmbito deste compromisso, de acordo com a associação para o desenvolvimento sustentável ICLEI: de 36 cidades envolvidas em Abril de 2015, hoje, contabilizam-se mais de 200, sendo que, destas, 12 estão em total cumprimento dos objectivos.
Reunindo líderes, governantes e autarcas de todo o globo, o objectivo da Cimeira do Clima, que decorre até ao próximo dia 11, é alcançar um novo acordo universal sobre o clima que vincule legalmente todas as nações do mundo e que substitua o Protocolo de Quioto, terminado em 2012.


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