Volkswagen garante investimento na Autoeuropa

Investimento vai aumentar a produção e criar mais de 500 postos de trabalho

A Volkswagen confirmou ontem o investimento de 677 milhões de euros na fábrica da Autoeuropa. A garantia foi dada após uma conferência telefónica que envolveu o ministro da Economia, António Pires de Lima, o líder da Autoeuropa, António Melo Pires, e um dos membros da administração da Volkswagen, Herbert Diess. Trata-se de uma nova unidade de produção na fábrica de Palmela, que entrará em funcionamento "até 2018, com um nível de atividade previsivelmente igual ou superior" ao acordado com a AICEP em 2014. Recorde-se que este investimento vem na sequência do contrato de investimento assinado entre o Estado português e a Volkswagen, a 30 de Abril do ano passado. O objectivo é atingir 20 mil milhões de euros de vendas acumuladas, duplicar o volume de exportações até 2020 e criar 500 novos postos de trabalho, que poderão ascender a 1500, considerando as outras empresas que giram em torno da Autoeuropa. 

Melo Pires garante continuidade do investimento alemão em Palmela

A garantia de que não haverá cortes no projecto de investimento da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, chegou por telefone na última sexta-feira. Em conferência telefónica Pires de Lima, ministro da Economia, recebeu a boa notícia de Herbert Diess, membro da administração do grupo VW e ‘chairman' da marca para as viaturas ligeiras de passageiros. Na conversa participaram ainda o secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves, e o director-geral da VW Autoeuropa, António Melo Pires. Depois de o grupo alemão ter anunciado que vai reduzir o investimento em mil milhões de euros por ano, na sequência do escândalo de manipulação de emissões, Portugal recebe assim garantias de que não será afectado.
"O presidente da marca assegurou que o investimento de 677 milhões de euros em Portugal segue como previsto, não tendo sido afectado pelo plano de cortes nos investimentos anunciado pela VW", garante o comunicado do ministério da Economia.
O investimento permitirá que a nova plataforma ‘Modularer Quer Baukasten' (MQB) comece a operar até 2018 com um nível de actividade igual ou superior ao que foi contratualizado com a AICEP.  Embora a Autoeuropa ainda não tenha confirmado o modelo que vai compensar a descontinuidade da produção do descapotável Eos. 

SUV pode ser o novo modelo construído em Palmela 
Embora a Autoeuropa ainda não tenha confirmado o modelo que vai compensar a descontinuidade da produção do descapotável Eos. A previsão é que seja um veículo utilitário desportivo (SUV) com base no modelo Polo, tal como alguma imprensa especializada avançou no ano passado. A versão do Polo SUV, que poderá vir a ter outra denominação, será um trunfo importante para a fábrica portuguesa, que necessita de aumentar a produção.
Na semana passada, Pires de Lima avançou que, em 2018, a fábrica de Palmela poderá mesmo estar a produzir mais dois novos modelos. Como o escândalo "dieselgate" veio impedir o normal desenvolvimento de muitos projetos que estavam pendentes no grupo VW, o desenvolvimento da produção do novo modelo da Autoeuropa teve de sofrer reavaliações. Tudo indica que os respetivos cronogramas iniciais deste projeto terão derrapado face às datas de lançamento previstas, tal como ainda é incerta a reação que devem ter os mercados de exportação no primeiro semestre do próximo ano, porque é desconhecida a recetividade dos clientes aos produtos do grupo VW no rescaldo do escândalo "dieselgate".
Na versão inicial deste projeto de introdução de um novo modelo na produção da Autoeuropa admitiu-se que em 2018 a fábrica de Palmela conseguisse ficar a produzir mais de 200 mil veículos por ano, operando com três turnos de produção. Neste cenário, a Autoeuropa precisaria de mais 500 trabalhadores além dos cerca de 3500 que tem atualmente.
Apesar da Autoeuropa ser apontada dentro do grupo alemão como uma unidade com um grau de especialização elevado, a produção tem sido reduzida devido ao facto de os modelos actuais serem considerados produtos de nicho. A produção oscilou entre as 138 mil carros, em 1998, e as 102 mil unidades no ano passado.
Para responder a este aumento de produção que acontecerá com mais modelos a Autoeuropa investiu mais 2,9 milhões de euros no terminal de automóveis do porto de Setúbal, de onde é exportada uma parte significativa da produção da fábrica de Palmela.

Trabalhadores confiantes na produção de novo modelo em 2017
Novo modelo deve começar a ser fabricado em Palmela em 2017 
O coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, António Chora, afirmou ontem que os trabalhadores da fábrica de Palmela continuam com a expectativa de começar a fabricar um novo modelo da Volkswagen a partir do segundo semestre de 2017. 
"A informação que temos é a mesma que tínhamos há algum tempo, segundo a qual está prevista a vinda de um novo modelo para a fábrica de Palmela, a partir do final do primeiro semestre de 2017", disse, lembrando que a Volkswagen já confirmou a intenção de prosseguir com o investimento em curso na Autoeuropa, que poderá atingir os 677 milhões de euros.
"É um investimento que deverá criar 500 novos postos de trabalho, mas que até podem ser mais, se as coisas correrem bem e a Volkswagen conseguir ultrapassar as dificuldades", acrescentou António Chora, aludindo às dificuldades com que se depara o grupo alemão, devido à utilização de um dispositivo fraudulento instalado em milhões de viaturas para reduzir as emissões de gases durante os testes de medição dos níveis de poluição.
António Chora falava à Lusa após a habitual reunião da Comissão de Trabalhadores, na qual foram abordadas algumas questões relacionadas com o momento atual e com o processo negocial para o novo acordo de empresa na Autoeuropa, dado que o anterior caducou no passado dia 30 de Setembro.
Apesar de tudo, a Comissão de Trabalhadores considera que seria prematuro fazer qualquer previsão sobre eventuais consequências desta crise da Volkswagen no que respeita a salários e regalias dos trabalhadores da Autoeuropa.
"Estou apreensivo, mas tranquilo", disse António Chora, convicto de que se trata de um sentimento comum à grande maioria dos trabalhadores da fábrica de automóveis de Palmela.






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