Colégio Islâmico de Palmela dá sacos-cama a sem-abrigo

Comunidade islâmica de Palmela ajuda sem-abrigo na capital 

O Colégio Islâmico de Palmela vai oferecer 400 sacos-cama a sem-abrigo de Lisboa, numa doação que será feita, na sexta-feira, ao programa 'Sopa para Todos', uma refeição servida quinzenalmente a cerca de uma centena de pessoas. Para o responsável do Colégio trata-se de "um donativo de benfeitores a favor dos sem-abrigo de Lisboa para minimizar o sacrifício de quem vive sem teto, respondendo ao exigente desafio e flagelo de quem vive nas frias ruas da cidade". Recorde-se que esta semana, alguns sem-abrigo de Lisboa, Setúbal e Almada disseram que compreendem o apoio de Portugal no acolhimento de refugiados, mas queixam-se de não terem ajuda semelhante por parte do Governo.
Sacos cama vão ser entregues a sem-abrigo em Lisboa 

A International School of Palmela, mais conhecida como Colégio Islâmico de Palmela, informou ontem que a decisão de se associar ao programa surgiu devido a "um donativo de benfeitores a favor dos sem-abrigo de Lisboa para minimizar o sacrifício de quem vive sem teto, respondendo ao exigente desafio e flagelo de quem vive nas frias ruas da cidade".
Para o diretor da International School of Palmela, Rachid Ismael, a inciativa é "apenas um gesto solidário dos alunos, que se traduz no facto de desejar o bem ao próximo".
"A crise não escolhe estratos sociais, credos ou religiões e a comunidade islâmica em Portugal mantém-se atenta aos que mais precisam", sublinha.
Na mesma nota escrita, Abdullah Seedat, um dos fundadores da Fundação Islâmica de Palmela, destacou a intenção de "sensibilizar os mais novos para a tragédia que é viver na rua".
A doação está marcada para sexta-feira, às 19h30, durante a refeição oferecida pelo "Sopa para Todos", uma iniciativa da Mesquita de Lisboa que se repete desde 2011 e que estima chegar às sete mil refeições por ano.
A iniciativa contará com a presença do vereador da Câmara de Lisboa João Afonso e de responsáveis da Comunidade Islâmica de Lisboa.
Desde 2010, que a Comunidade Islâmica de Lisboa, em parceria com a Junta de Freguesia de Campolide, leva a efeito a campanha solidária "Sopa para Todos" para a distribuição gratuita, duas vezes por mês, de refeições à população carenciada, muçulmana ou não.
O coordenador da Comissão Social e Cultural da Mesquita de Lisboa, Mahomed Abed, revelou que em 2014 foram servidas 5.250 refeições.

Sem-abrigo reclamam mesmos direitos que os refugiados 
Esta semana, alguns sem-abrigo de Lisboa, Almada e Setúbal disseram que compreendem o apoio de Portugal no acolhimento de refugiados, mas queixam-se de não terem ajuda semelhante por parte do Governo. Nas ruas das grandes cidades há apenas quem peça "mais e melhor justiça social para todos".
Há mais de uma década que Fernando Domingues, de 62 anos, vive na rua, após ter ficado desempregado e nunca mais ter conseguido arranjar emprego, contou. Costuma abrigar-se junto à igreja de Arroios, em Lisboa, onde recebe o apoio das carrinhas das instituições que distribuem alimentação.
Questionado sobre o acolhimento de refugiados em Portugal, Fernando Domingues disse não estar contra, mas lamentou o facto de os sem-abrigo não terem apoios semelhantes. "Os refugiados são acolhidos, dão-lhes casa. Aos sem-abrigo não dão nada", lamentou, reivindicando que "o que se faz a uns, se faça a outros".
"Nós também somos refugiados dentro do nosso país e da nossa região. Queremos asilo político ou social mas as Santas Casas da Misericórdia não nos acolhem. Se não tens casa, terreno ou dinheiro, somos repatriados para outra freguesia. As paróquias pouco fazem além da distribuição de alimentos e as Câmaras dizem que nunca há casa para nós. Talvez um dia. E esperamos, sentados de preferência, pela promessa". Sem se deter nas palavras, Vítor refere ainda que "nada me move contra essa gente que chega de longe mas acho mal que tenham mais direitos que nós que vivemos cá. Porque para esses, as paróquias já arranjam casa, as Misericórdias abrem portas, os presidentes de Câmara aprovam moções e casas para todos, o Estado financia. E nós? Bem, nós continuamos como sempre, esquecidos e envergonhados", contava um sem-abrigo da cidade de Almada.


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