Três mortos e um ferido na Quinta do Conde

Um militar da GNR e um agente da PSP mortos em tiroteio

Os vizinhos e amigos das vítimas do tiroteio ocorrido este sábado na Quinta do Conde, em Sesimbra, na sequência do qual morreram três pessoas, estão chocados com o sucedido, mas admitiram que o alegado autor dos disparos, um homem de 77 anos, já tinha ameaçado fazê-lo. O tiroteio que aconteceu hoje na Quinta do Conde provocou três mortos, um deles um GNR que integrava as primeiras patrulhas que chegaram ao local, outro um agente da PSP, vizinho do alegado homicida, que tiveram morte imediata. O seu filho, de 23 anos, Diogo Pereira, foi atingido a tiro e encaminhado para o hospital de Setúbal, onde acabou por falecer. O agente fazia parte do corpo de motoristas de Passos Coelho. O alegado homicida também está ferido mas fora de perigo, no hospital de Setúbal. Na génese deste triplo homicídio esteve um cão, um velho rottweiler, que fazia muito barulho. A Ministra da Administração Interna já lamentou as mortes.
Homem matou três pessoas esta tarde na Quinta do Conde 

Um tiroteio esta tarde na Quinta do Conde, provocou três mortos e um ferido. Uma das vítimas é um militar da GNR, de 24 anos, que foi chamado ao local. A outra vítima é um agente da PSP, que estava à civil, morador da rua e vizinho do atirador. Em causa terá estado uma quezília entre vizinhos por causa de um cão. Um rottweiler - "já velhinho, nunca fez mal a ninguém", dizem os vizinhos - e que no meio da confusão estaria ainda à solta durante a noite, depois da morte do dono, escreve o Diário de Notícias. 
Além dos dois primeiro mortos (foram de imediato confirmados), deram entrada no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, dois homens feridos. Um deles é o atirador, que tem 77 anos e está em avaliação com ferimentos ligeiros. O outro é um jovem de 23 anos que deu entrada no bloco operatório e esteve em estado muito grave. Já na noite de sábado, acabou por falecer dos ferimentos causados.  
“Ouvi cinco tiros. Depois fui tentar ajudar as vítimas que estavam no chão junto a um carro”, contou um vizinhos, ao jornal Público, que acorreu a tentar ajudar os dois homens baleados, ainda antes dos disparos que atinigram o militar da GNR. Nesta altura, também a filha do agente da polícia saíra à rua, depois de se ter apercebido do que se passava. Na casa mora ainda a mulher da vítima.

Militar da GNR baleado na cabeça 
Depois dos primeiros tiros, a equipa da GNR chegou ao local. Já nesse momento, o atirador voltou a disparar e atingiu mortalmente, com um tiro na cabeça, um militar da Guarda. O homem atingiu as vítimas com uma caçadeira. Terá depois tentado o suicídio mas encontra-se estável e sob escolta policial no Hospital de Setúbal, conta o porta-voz do Comando Distrital de Setúbal
Uma versão confirmada pela GNR. Segundo o tenente-coronel Jorge Goulão, por volta das 17 horas, o posto da GNR da Quinta do Conde recebeu um telefonema a "denunciar que havia tiros numa artéria" daquela zona e que "estava um homem estendido no chão, aparentemente cadáver, e um ferido". Várias patrulhas foram mobilizadas para o local, continuou a mesma fonte, referindo que as primeiras patrulhas a chegarem depararam-se, efetivamente, "com um indivíduo já cadáver e outro ferido", ambos "baleados com tiros de caçadeira". Ainda segundo o responsável da GNR,  "o homicida não se encontrava no local e estavam várias pessoas na zona", acrescentou.
Os militares "tentaram socorrer o ferido e estabeleceram um perímetro de segurança", mas, na altura em que "vários reforços estavam a chegar", o alegado homicida "fez um disparo, do interior de uma residência, e baleou mortalmente" o GNR.

As razões do crime?
Crime chocou a população da Quinta do Conde
A GNR escusou-se, até ao momento, a precisar o que terá motivado este tiroteio: “Ainda não sabemos, estamos a apurar as causas”, afirmou o tenente-coronel Goulão. Apesar da surpresa pelo desfecho trágico, a verdade é que a desavença entre os dois vizinhos já era do conhecimento de todos. em Quinta do Conde. E, segundo os vizinhos, a própria GNR já tinha sido chamada noutras ocasiões e havia "queixas registadas". O suspeito do triplo homicídio já teria agredido os vizinhos com um martelo.
"Esta era já uma guerra antiga. Já tinha havido discussões entre eles por causa do barulho que o cão fazia", disse um vizinho. O rottweiler, um cão já velhinho, "era um animal normal, acho que nunca fez mal a ninguém", dizem os vizinhos ao Diário de Notícias. Mas por alguma razão "inquietava" o senhor Rogério, o alegado homicida. "O que aconteceu não foi fruto do calor do momento. O senhor Rogério já tinha ameaçado muitos vezes o vizinho que o matava se apanhasse o cão na rua. Hoje nem ouvimos nenhuma discussão antes dos tiros. Isto era uma coisa que ele tinha na cabeça", diz outro vizinho.
Por seu turno, um dos amigos do alegado autor dos disparos, disse à Lusa estar "totalmente surpreendido" com a atitude do amigo, que sempre mostrou uma postura "calma e amigável".
"Nunca me passou pela cabeça que o Rogério fizesse uma coisa destas. Ainda não consigo acreditar", disse o homem, que não se quis identificar.
A luta de Rogério, de 77 anos, contra o cão do vizinho acabava assim com três mortos: um agente da PSP (o dono do cão e seu vizinho), o filho deste e o militar da GNR que foi chamado ao local. O homem, construtor civil muito conhecido na zona e caçador, terá depois tentado suicidar-se. Quando a GNR entrou na sua casa estaria ferido. Foi transportado ao hospital de Setúbal, mas "não corre risco de vida".

Ministra da Administração Interna lamenta mortes
A mortes dos dois elementos das autoridades foi já lamentada pela ministra da Administração Interna. Anabela Rodrigues lamentou também a morte do jovem de 23 anos e "endereça as suas sentidas condolências às famílias das vítimas, bem como a todo o efetivo da GNR e da PSP". A GNR também divulgou no Facebook uma mensagem em que dava conta da morte do seu militar e referia que "toda a família da Guarda Nacional Republicana está de luto pela morte deste militar que ao serviço da segurança pública sacrificou a sua vida". Foi ainda criada uma página de tributo aos dois elementos das forças de segurança que perderam ontem a vida.
Nuno Anes, tinha 25 anos, e teria chegado ao posto da Quinta do Conde há pouco tempo, logo depois do irmão mais velho, também da mesma força policial, ter saído para o posto de Fernão Ferro, no Seixal. 
O agente da PSP baleado integrava o Corpo de Segurança pessoal de Passos Coelho. Desempenhava as funções de morotista. Tinha cerca de 50 anos.

Comentários