Aeroporto no Montijo ganha cada vez mais força

Governo quer assinar acordo para construção do Aeroporto este verão 

O secretário de Estado dos Transportes anunciou que o Governo quer assinar, antes do final do mandato, um acordo com as partes envolvidas para que o Montijo seja a localização do novo aeroporto complementar ao de Lisboa. Esta é também a vontade da autarquia do Montijo e da própria ANA - Aeroportos de Portugal. Um desejo partilhado pelo PS que já assumiu desejo, caso seja Governo, em avançar com a obra na Base Área Nº 6. Mas essa opção parece não satisfazer todas as transportadoras low cost que temem "perder clientes" e "encarecer" as viagens. A proposta degradada ainda aos comunistas que defendem "a construção por fases dum novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete". Ideia que o Governo já abandonou.  O ministro da Economia lembrou que "não precisamos de um aeroporto faraónico que afaste a estrutura aeroportuária de Lisboa. Ter uma estrutura aeroportuária que serve Lisboa e que está dentro da cidade é uma vantagem competitiva do país, e da cidade, que o Governo quer preservar”, esclareceu António Pires de Lima. 
Montijo pode receber voos comerciais na Base Área 

O Governo e a gestora aeroportuária ANA já assumiram que estão a estudar a base aérea do Montijo para instalar as companhias aéreas de baixo custo e complementar a operação da Portela. Mas essa opção parece não satisfazer todas as transportadoras low cost, escreve o semanário Sol.
A Ryanair, segunda maior companhia com base na capital, não coloca entraves e diz mesmo que “o desenvolvimento do Montijo é indispensável para o tão necessário crescimento do tráfego em Lisboa nos próximos anos”.
A Ryanair tem uma base em Lisboa, onde é a segunda maior companhia – a seguir à TAP – e diz-se "muito satisfeita" com os níveis de crescimento que tem atingido na capital portuguesa.
“A Ryanair já confirmou ao Governo que apoia o desenvolvimento do aeroporto do Montijo como aeroporto independente, secundário e low cost para Lisboa, de modo a concorrer com a Portela”, disse fonte oficial da companhia.
Segundo o responsável pela empresa irlandesa, antes de tomar uma decisão é necessário “avaliar os custos e infraestruturas dos dois aeroportos”. A mesma fonte está certa de que, para aumentar a concorrência, as infraestruturas “deveriam ser geridas de forma independente”.
Contudo, a Easyjet e a Transavia não estão tão recetivas à ideia. Fonte oficial da companhia britânica disse ao Sol que “a Easyjet pretende manter a sua operação no terminal 2 do Aeroporto de Lisboa, um aeroporto central e com ótimos acessos, vantagens muito importantes para captar turistas e passageiros de negócio”.
“Os nossos passageiros pretendem chegar rapidamente ao seu destino e não a um aeroporto que fique a 50 ou 100 kms de distância do destino final”, reforçou o responsável.
A terceira companhia mais importante no aeroporto de Lisboa, não exclui a possibilidade de avaliar uma "eventual mudança para outro aeroporto". Mas frisa que essa hipótese "terá de ser analisada no momento em que se concretize, pois poderá ter consequências não só no turismo, mas também nas viagens de negócios". Até porque a Easyjet prefere estar em aeroportos principais.
Já da parte da Transavia, o diretor comercial Hervé Kozar explicou que vê “a possibilidade de mudar para o Montijo com um alto grau de ceticismo”, já que ter base em aeroportos próximos do centro das cidades é um dos pilares do modelo de negócio da empresa. Mas disse-se aberto a “novas propostas que possam trazer valor acrescentado aos passageiros”.

Secretário de Estado quer "acordo" antes do final da legislatura 
A ANA tem mantido conversações com as companhias aéreas quanto a uma eventual passagem para o Montijo. Mas não são ainda conhecidos os modelos e condições que estarão em cima da mesa para concretizá-la. Entre os factores decisivos para convencer as transportadoras estará sempre o valor das taxas a cobrar e a simplificação da operação, sobretudo quanto ao embarque e desembarque de passageiros.
O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou recentemente, que o Governo quer assinar, antes do final do mandato, um acordo com as partes envolvidas para que o Montijo seja a localização do novo aeroporto.
"A partir daí, serão desenvolvidas as ações no acordo entre a ANA e a Forças Armadas Portuguesas para que a utilização da Base Área do Montijo possa também ser civil" e feitos "todos os investimentos necessários para termos Portela mais Montijo para durar 50 anos", disse.
Sérgio Monteiro disse que o Governo está "plenamente convencido" de que o aeroporto da Portela "no sítio onde está é uma mais-valia para o país e para a região de Lisboa", porque quem aterra naquele aeroporto está a 10 minutos e a 1,40 euros, o preço do bilhete de metro, do centro da cidade.
"Se tivéssemos um aeroporto na Ota ou em Alcochete, como chegou a ser discutido, teríamos custo de transporte de 10 ou 15 euros mais as taxas dos aeroportos", o que "tornava o destino Lisboa menos atrativo e, portanto, Portugal menos atrativo".

Governo e PS querem infraestrutura no Montijo 
Já antes, o ministro da Economia, disse que a hipótese “Montijo” está  a ser ponderada pelo executivo. “A opção tendencial que estamos ainda a estudar e a qualificar é o desenvolvimento da Portela com o aproveitamento da Base do Montijo”, referiu Pires de Lima. O ministro lembrou ainda que "não precisamos de um aeroporto faraónico que afaste a estrutura aeroportuária de Lisboa. Ter uma estrutura aeroportuária que serve Lisboa e que está dentro da cidade é uma vantagem competitiva do país, e da cidade, que o Governo quer preservar”.
António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro, foi perentório em relação ao low-cost no Montijo. “O que nós definimos foi que na próxima legislatura executaremos as obras que estão previstas… O aeroporto é um assunto que está resolvido. Vai ser resolvido, aliás, em grande benefício do privado que, em vez de ter de construir um novo aeroporto, vai aproveitar obviamente a Base Aérea do Montijo”, disse o líder socialista, reforçando: “Vai ter de se aproveitar um já existente e rentabilizar, aliás, uma infraestrutura que também explora que é a Ponte Vasco da Gama, para servir a ligação entre os dois aeroportos. É muito claro que é isso que vai acontecer”, concluiu o líder do PS.

Câmara apoia vinda do novo aeroporto 
Novo aeroporto em Montijo tem o apoio do PSD, CDS e PS
A Câmara do Montijo também defende a localização de uma infraestrutura aeroportuária no seu território, “como elemento de atracção de investimento, de criação de emprego e de combate à crise económica e social”, e, ainda, “enquanto elemento de modernização, de desenvolvimento e de progresso do Montijo”. Segundo a autarquia montijense, “a implantação territorial integrada das várias estruturas interdependentes de transporte na Região de Lisboa, com vista ao serviço de ligação nacional e internacional da região e do país, no médio prazo, estruturada sobre a construção de um alargamento do Aeroporto de Lisboa na margem esquerda do Tejo, elege, naturalmente, como melhor alinhamento o território do concelho do Montijo”, é uma das razões apontadas pelo executivo de Nuno Canta para "aprovar" a vinda do novo aeroporto.
Nuno Canta em declarações ao ADN e à PopularFM, em Junho, referiu que o Montijo vai dar o seu apoio "aos necessários estudos ambientais, segurança, ordenamento, protecção civil, por forma a reduzir os possíveis impactos no território”, bem como o seu empenho em “atrair investimento, emprego e infraestruturas públicas para a cidade, de modo a enquadrar as potencialidades turísticas decorrentes da nova infraestrutura aeroportuária” e continuar empenhado em que o município “seja parte activa em todo o processo de construção da nova infraestrutura aeroportuária”.

CDU diz que aeroporto complementar "não é solução" 
Visão diferente tem a CDU do concelho. Os comunistas reafirmam a sua discordância por "considerar que a melhor solução para o concelho, a região e o país será a construção por fases dum novo aeroporto no Campo de Tiro localizado nas freguesias de Samora e de Canha", disse José Serra da Graça, membro da CDU na União das  Freguesias do Montijo e Afonsoeiro. 
A hipótese de utilizar a Base Aérea do Montijo como aeroporto civil tem, de acordo com os comunistas, "problemas e inconvenientes de vária ordem, em contrapartida, das vantagens publicamente conhecidas", explica aquele membro da CDU. "Quanto aos benefícios diremos que os graves problemas que esta solução comporta são de tal monta que é impossível compensar com a benesse da construção de mais umas duas ou três vias de acesso", diz o autarca da CDU. 
Relativamente ao turismo "falta demonstrar que o Montijo beneficie, e além disso este será um local de transbordo quer para Lisboa, quer para outros destinos turísticos, sendo ponto de partida e não de chegada", diz Serra da Graça que dúvida ainda da criação de emprego no concelho. "Os postos de trabalho que serão inevitavelmente extintos em Lisboa, esses trabalhadores manterão o seu posto de trabalho e serão naturalmente deslocados para o Montijo", conclui o autarca da CDU.


Comentários