Transtejo vende barcos que unem as margens do Tejo

PSD acusam socialistas e comunistas de apelo "ao alarme" 

Os deputados do distrito de Setúbal consideram que o PS e o PCP “mentiram uma vez mais”, desta vez sobre uma eventual redução da oferta de transporte e encerramento de ligações fluviais, tendo sido assegurado pela Transtejo aos social-democratas que isso nunca esteve em causa. A Transtejo [responsável pelas ligações marítimas entre Lisboa e a Margem Sul] garantiu aos deputados do PSD do Distrito de Setúbal que a venda de sete embarcações "não irá suprimir carreiras, nem diminuir a frequência das mesmas em horas de ponta, não causando quaisquer transtornos para os utentes", garante o PSD em comunicado. Em contraponto, a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro já afirmou que "com esta redução diminui a frota, degrada a mesma, conduzindo assim o caminho apetecível para a privatização das empresas fluviais da região de Lisboa".
Venda de navios não afeta passageiros nem suprime carreiras 

Em reposta a um documento enviado pelos social-democratas, que se mostraram preocupados com a venda das embarcações e com eventuais constrangimentos que esta medida poderia colocar aos utentes, a empresa assegura a continuidade dos serviços prestados até ao momento.
“Foi-nos também dito que a venda das embarcações foi uma decisão tomada tendo em conta o excesso de navios existentes no grupo face às necessidades do serviço público oferecido”, explica Bruno Vitorino.
O deputado do PSD lamenta que “mais uma vez o PS e PCP venham alarmar a população com informações falsas, dizendo que ia existir uma redução da oferta de transporte e o encerramento de carreiras”.
O social-democrata diz que “o PS e PCP mentiram novamente”, acrescentando que estes são episódios “recorrentes”. E vai mais longe. “Mentem quando dizem que o serviço de oncologia do Hospital do Barreiro vai encerrar. Mentem quando dizem que as maternidades dos Hospitais vão fechar. Mentem quando dizem que há ligações fluviais que vão acabar. Mentem só com o objetivo de alarmar a população. Mas este modo de atuação do PCP já é hábito, o que é preocupante é que o PS queira ser igual à esquerda radical”, sublinha o deputado e líder da distrital do PSD de Setúbal.
Os deputados do PSD criticam este “sistemático recurso às falsidades e ao alarme geral”, garantido que tudo têm feito para "esclarecer as populações, repondo a verdade", conclui o social-democrata.

Comissão de Utentes critica venda 
No entanto, em Abril desde ano, foi o mesmo deputado que se mostrava preocupado com  esta realidade. Bruno Vitorino defendia que para muitos utilizadores, em vários concelhos da Península de Setúbal,  este é o único meio de transporte para atravessar o rio, esperando que este processo “não venha pôr em causa as actuais carreiras, principalmente em hora de ponta”. E não era o único.
A venda de alguns barcos que asseguram a ligação entre as duas margens do Tejo está a preocupar a população dos concelhos do Barreiro, Moita, Seixal, Almada e Montijo [onde existe maior procura do transporte fluvial]. A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro vai mais longe e afirma que "com esta redução diminui a frota, degrada a mesma, conduzindo assim o caminho apetecível para a privatização das empresas fluviais da região de Lisboa". 
A empresa, responsável pelas ligações fluviais entre as duas margens do rio Tejo, confirmou a venda das embarcações mas assegurou que os barcos são excedentários e que as carreiras não serão afetadas.
"A venda dos navios referidos não afetará a atual oferta, a qual está devidamente ajustada à procura. Trata-se de uma venda de navios excedentários, que se encontram parados", disse fonte oficial do grupo Transtejo.
Segundo a mesma fonte, "nesta fase, não estão previstas quaisquer alterações de carreiras [nem] qualquer redução de meios materiais ou humanos", estando assegurados "todos os navios necessários à operação, incluindo dois navios de reserva para cada linha", diz a fonte da Transtejo. 
No entanto, a comissão explica que a ligação Barreiro e Lisboa fica com oito embarcações, quando nas horas de ponta utiliza sete, referindo que não estão previstas situações de manutenção que ocasionalmente ocorrem.

Barcos transportam 74 mil pessoas por dia
De acordo com dados do Relatório de Caraterização e Diagnóstico do Plano de Mobilidade e Transportes Intermunicipal (PMTI) o Estuário do Tejo representa cerca de 11 por cento do “território” da Área Metropolitana de Lisboa, com cerca de 330 km2, o sistema fluvial do grupo Transtejo/Soflusa, no conjunto das suas ligações, movimenta diariamente cerca de 74 mil passageiros (4º maior do mundo, acima do Star Ferry de Hong-Kong e muito próximo do volume da ligação Manhathan/Staten Island, em Nova Iorque, com um volume médio de 75 mil passageiros/dia com a particularidade de ser gratuita), representando um tráfego superior ao do serviço ferroviário metropolitano de atravessamento do estuário realçando que a ligação fluvial Barreiro-Lisboa representa hoje mais de 50 por cento do volume total do sistema fluvial, com cerca de 41 mil passageiros/dia, e é o interface de transportes mais movimentado do Distrito de Setúbal.
O Grupo Transtejo é responsável pelas ligações marítimas no Tejo entre o Barreiro, Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria à capital portuguesa.


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