Festival Sol da Caparica mistura surf e música

40 horas de música em português ao Sol da Caparica


O parque urbano da Costa de Caparica, em Almada, vai receber, dos dias 13 a 16 de Agosto, o festival Sol da Caparica, com mais de 30 nomes a passarem pelo evento. O mote mantém-se inalterado: artistas que cantem na língua de Camões. Desta feita, o festival contará com a presença de músicos portugueses, brasileiros, angolanos, cabo-verdianos e são-tomenses. "Queremos um festival positivo, popular, com boas 'ondas', pois estamos na Costa de Caparica", diz o diretor artístico e de produção do festival. "Um festival em que a língua de expressão portuguesa seja dominante, sem exclusão de outras, em que os artistas de Portugal, Brasil e dos Palops tenham espaço e prazer em apresentar nas melhores condições de produção as suas criações, promovendo o respeito absoluto pela diversidade cultural", conta António Miguel Guimarães.  A entrada diária custa 15 euros (no dia 16, o da criança, custa dois euros, sendo que, as crianças até aos 6 anos não pagam) e o passe para os quatro dias fica por 35 euros.
Joaquim Judas apresentou festival em pleno rio Tejo 

Artistas de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe vão passar por um dos três palcos do festival, que vai ter nomes como Resistência, Richie Campbell, UHF,  Paulo Gonzo, Xutos e Pontapés, Jorge Palma, Tito Paris e Tiago Bettencourt.
"No ano passado estiveram presentes no festival cerca de 65 mil pessoas e esperamos que, este ano, seja possível aumentar o número de visitantes. São 33 artistas de nomeada a apresentar os seus mais recentes trabalhos", disse à Lusa António Miguel Guimarães, da organização do evento.
Ao longo do festival vão ser mais de 11 horas diárias de música, com sons que vão do Rock, Reggae, Hip Hop até ao Fado, com vários DJ a marcarem também presença.
"Queremos proporcionar uma experiência cultural diferente e vamos ter um conjunto de várias animações a decorrer por todo o recinto. O Sol da Caparica está já no top dos festivais e vale a pena continuar a apostar", refere o diretor artístico e de produção do festival.
O último dia do evento será dedicado aos mais novos, com atuações do Avô Cantigas e Luísa Sobral, estando também previsto um circuito com várias iniciativas dedicadas às crianças.
O presidente da Câmara da Almada, Joaquim Judas, considerou que o festival Sol da Caparica é importante para atrair mais pessoas à Costa de Caparica e para qualificar a oferta.
"O Festival insere-se na intenção de desenvolvermos o turismo como atividade económica. Sabemos do seu contexto de sazonalidade, mas queremos apostar numa Costa de Caparica para todo o ano e vamos dar passos nesse sentido", explicou o autarca.
Joaquim Judas referiu que agentes económicos fazem um balanço positivo do festival. "Este festival leva o nome da Costa de Caparica muito longe. Vemos analisar os resultados do festival no plano económico, mas acreditamos que são muito positivos, pois, dos elementos que temos disponíveis, os objetivos foram ultrapassados", sublinhou o líder do executivo municipal. 
A autarquia vai "investir um milhão de euros" no festival. Há um ano "gastamos 900 mil euros mas este ano, com o arranjo das infraestruturas do Parque Urbano da Costa de Caparica, o nosso investimento cresceu um pouco", concluiu Joaquim Judas. 

"É porreiro, porque não tem aquela coisa chata de pôr os estrangeiros em destaque"
Apresentação contou com inúmeros artistas que vão atuar no festival
Paulo Gonzo, Vitorino e Jorge Palma estão de acordo com António Manuel Ribeiro. "Há 20 anos não havia condições para criar raízes com um festival só de música portuguesa, porque existia o mito de que os grupos nacionais eram residuais e de segundo plano. Nós andámos vários anos a fazer as primeiras partes dos concertos de grupos estrangeiros", justificava o líder dos UHF, para quem os tempos mudaram. As mais de 40 horas de música que juntam artistas portugueses no Parque Urbano da Costa de Caparica, de quinta a domingo, atestam que o produto nacional "é bom". 
Do reggae, ao rock, passando pelo hip-hop e fado, o cartaz é vasto e conta com artistas de renome a nível nacional, como Xutos e Pontapés (a banda de Tim, Zé Pedro, Kalú, Cabeleira e Gui já não tocava na Caparica há mais de duas décadas), Luís Represas, Carlão, Resistência ou Linda Martini. Mas também é possível encontrar artistas internacionais como Marcelo D2 (nome maior do panorama hip-hop brasileiro, criador de êxitos como "Desabafo" e "Qual É?", que poderá aproveitar a presença de Dengaz para interpretar "Tamojunto"), Tito Paris (ícone da música cabo-verdiana) e Paulo Flores (25 anos de carreira, mais de quinze discos editados, um verdadeiro símbolo da música angolana).
"Sabe bem ouvir Sol da Caparica. Eu vivi lá muitos anos. Ia pagar a luz e a água a Almada. É ali que as pessoas vão à praia. É o paraíso às portas de Lisboa que vai ajudar a dar mais um balanço aos músicos portugueses", sublinhou.
"É mais do que um festival de música, é a valorização da margem esquerda do Tejo e da nossa cultura", dizia o cantor do Redondo (Alentejo), com Jorge Palma a corroborar da ideia, congratulando-se com o investimento feito na "prata da casa" (leia-se músicos portugueses). "Este festival é porreiro, porque não tem aquela coisa chata de pôr os estrangeiros em grande destaque e o pessoal da casa em segundo plano. A malta sente-se melhor assim", acrescentava o compositor do Bairro do Amor.

As outras atividades ao Sol da Caparica
O Sol da Caparica prepara-se para receber mais de 65 mil pessoas 

O Sol da Caparica contemplará também atividades de dança, de forma a estimular a interação entre pais e filhos: tradicionais, modernas, etnográficas, um pouco de tudo. Haverá espaço para workshops de danças africanas, a cargo dos Batoto Yetu, e de danças do mundo, através do coletivo Pé de Chumbo, ligado ao festival Andanças. No palco SIC/RFM será possível assistir ainda a uma dance battle a cargo da academia de dança Show It, que mais uma vez envolverá progenitores e descendentes.
Os mais pequenos poderão ainda dirigir-se ao espaço Lugar das Histórias para ouvirem as histórias contadas por Maria Remédio, Madalena Marques, Catarina Claro e Silva Moreira, mas também terão oportunidade de se sentirem verdadeiras estrelas ao subirem ao palco BLITZ, adornado com uma decoração especial, para uma fotografia de recordação d'O Sol da Caparica. Isto para não falar dos insufláveis para saltarem e queimarem energias, um acampamento de índios para brincarem como heróis do cinema, rampas de skate e um espaço onde todos poderão tentar ser artistas de grafiti.
No decorrer do Sol da Caparica será ainda apresentado ao público o projeto Debaixo da Língua, uma iniciativa que tem vindo a ser desenvolvida por Rui Miguel Abreu, colaborador da BLITZ, blogger e radialista da Antena 3, e que consiste em 15 conversas que percorrem o universo musical da língua portuguesa. Foram convocados para esta série de conversas artistas como Marcelo D2, Capicua, Sérgio Godinho, Samuel Úria, Miguel Araújo, Kalaf ou Pedro da Silva Martins (Deolinda), entre outros, nas quais serão reveladas relações íntimas com a nossa língua.
Será possível encontrar no recinto zonas dedicadas ao surf (uma praça montada com várias entidades ligadas à modalidade que irão desenvolver várias atividades com o público), ao skate (com um half pipe), à arte urbana (pintura de um mural no recinto; exposição de contentores) e à sétima arte (com a exibição de curtas metragens nos ecrãs de ambos os palcos).
O Sol da Caparica realiza-se nos dias 13, 14, 15 e 16 de Agosto, a entrada diária custa 15 euros (no dia 16, o da criança, custa dois euros, sendo que, as crianças até aos 6 anos não pagam) e o passe para os quatro dias fica por 35 euros.

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