Fim do Eos deixa 200 pessoas sem trabalho em Palmela

200 pessoas ficam sem trabalho no parque industrial da Autoeuropa 

Nove anos e 230 mil unidades depois chega ao fim a produção do Volkswagen Eos.  A marca alemã já deixou de produzir o modelo que era feito em exclusivo na fábrica da Autoeuropa, em Palmela e, com ele, chegam também ao fim 200 postos de trabalho. A Webasto é a empresa mais afetada, já com um processo de despedimento coletivo em curso e estando prestes a encerrar. A empresa que produzia o teto de abrir e toda a capota para o modelo Eos, do qual dependia em exclusivo, tem já em curso o despedimento coletivo de quase uma centena de trabalhadores, na maioria efetivos, tal como já tinha sido anunciado em Abril. O fim da linha deste modelo implica ainda o despedimento de 100 trabalhadores temporários que podem voltar quando for anunciada a vinda de outro modelo. Além disto, a turbulência financeira do mercado chinês está a gerar preocupações. A Autoeuropa é a empresa portuguesa que mais exporta para a China e já está a ter quebras de vendas naquele mercado.
Fim da produção do Eos aconteceu a 13 de Julho 

A linha de produção do Volkswagen Eos deixou de funcionar a 13 de JulhoFonte da coordenadora das Comissões de Trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa explicou que os dispensados são sobretudo funcionários alocados à produção do EOS, temporários ou contratados a prazo noutras empresas do parque que produziam peças para este modelo.  
Das 200 pessoas a dispensar, quase metade trabalham na Webasto, uma empresa que produzia o teto de abrir do EOS, e que agora vai encerrar, ficando apenas com uma representação comercial em Portugal.
João Galvão, que coordenava a comissão de trabalhadores da Webasto, refere que, neste momento, toda a parte da produção já cessou e continuam apenas a exercer funções “os trabalhadores da administração e recursos humanos, para resolver as questões pendentes”, relacionadas com o despedimento coletivo. “O edifício está à venda e é para encerrar”, informa.
No caso da Autoeuropa, fonte oficial da empresa salienta que “a descontinuação do Eos não vai ter impacto negativo nos postos de trabalho da Volkswagen Autoeuropa”, já que “os colaboradores alocados especificamente às operações do Eos serão distribuídos por outros pontos da linha de produção, de modo a fazer face ao aumento de produção da segunda geração de MPV’s, Sharan e SEAT Alhambra, e do novo Scirocco, lançado em 2014”.
No entanto, António Chora,  coordenador da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, adiante que, no caso dos trabalhadores temporários da fábrica, “vão embora no dia 30 de Julho". A empresa garante que a produção também não será afetada, mas sem o Eos e com o modelo Scirocco abaixo das expectativas, a unidade do fabricante alemão depende praticamente dos monovolumes Sharan e Seat Alhambra e precisa ainda mais de um novo modelo, já há muito prometido, mas que tarda em chegar. António Chora prevê que a produção da fábrica seja reduzida de 500 para 460 viaturas por dia. 
Daniel Bernardino, coordenador da comissão de trabalhadores da Faurecia , acrescenta que "a Faurecia, a Benteler, a Vanpro ou a SMP são outras empresas que também se viram forçadas a reduzir postos de trabalho com o fim do Eos".  Nestes casos, a maioria dos trabalhadores despedidos eram “contratados e temporários”, diz o responsável pelos trabalhadores.

Crise chinesa assusta gigante de Palmela 
Mas há outras "nuvens escuras" que assombram o dia-a-dia da fabrica de Palmela: a crise na China. Se a turbulência financeira na bolsa chinesa resvalar para uma desaceleração económica do gigante asiático, a Autoeuropa será a empresa portuguesa com maior risco nos negócios com Pequim. A fábrica do grupo Volkswagen é o maior exportador do país para aquele mercado e nos primeiros meses do ano já registou quebras nas encomendas.
O início do ano no mercado chinês já não correu tão bem como no passado à Autoeuropa. O mercado estava a ganhar preponderância nas exportações da unidade de Palmela - era quase tão importante como a Alemanha - mas as vendas para o país asiático sofreram uma quebra de 13,5 por cento no primeiro semestre. A unidade de Palmela enviou menos 1800 carros do que nos primeiros seis meses de 2014.

Agência de Notícias

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