Grândola celebra 40 anos do PREC com Zeca Afonso

PREC recordado com militares e música de Zeca Afonso

Para assinalar os 40 anos do Processo Revolucionário em Curso, serão organizados este mês dois eventos em Grândola que contarão com a presença de militares de Abril - e com música de Zeca Afonso. Duas iniciativas durante este mês, uma com militares de Abril e outra sobre a canção “Viva o Poder Popular”, de José Afonso, assinalam, em Grândola, distrito de Setúbal, os 40 anos do PREC. De acordo com o núcleo de Grândola da Associação José Afonso, que organiza as sessões com o apoio do município, o PREC irá ser “recordado” ao longo do ano, sendo estes os dois primeiros eventos agendados, sob o tema “O nunca desmentido PREC”. Gerada no seio do jargão político inovador a que a Revolução do 25 de Abril deu vida, a sigla PREC, designava a forte movimentação social e política registada em Portugal em 1974/1975, com particular ênfase entre o 28 de Setembro de 1974 e o 25 de Novembro de 1975. 
Grândola lembra os 40 anos do PREC com diversas iniciativas

No próximo sábado, os militares Álvaro Fernandes, António Calvinho, Mário Tomé, Carmo Vicente e Cuco Rosa, bem como o historiador António Louçã, falam sobre o período conhecido como PREC, que culminou com o golpe militar de 25 de Novembro de 1975.
A sessão, que decorre, a partir das 16 horas, no Cineteatro Grandolense, prevê um debate final com o público.
Camilo Mortágua, no dia 18 de Abril, conta a história por detrás da criação do tema “Viva o Poder Popular”, de José Afonso, numa sessão na Biblioteca Municipal de Grândola, às 16 horas.
O evento inclui, segundo o núcleo de Grândola da Associação José Afonso (AJA), a projeção de um pequeno filme com imagens da Liga de Unidade e Ação Revolucionária (LUAR) e a canção que se tornou o hino da organização.
Com letra popular e música de José Afonso, o tema “Viva o Poder Popular” foi originalmente editado em 1975, pela LUAR, tendo sido reeditado, em 2013, pela AJA.
Segundo a biografia de José Afonso divulgada pela AJA, o PREC foi a “paixão” do músico, que estabeleceu uma “estreita colaboração” com o movimento LUAR, através do “seu amigo” Camilo Mortágua.

O que foi o PREC?
O Processo Revolucionário em Curso, (também referido como o "periodo revolucionário em curso" ou, mais frequentemente, apenas pela sigla PREC), foi o período, marcante para a sociedade portuguesa, que se situou entre a revolução dos cravos e a aprovação da Constituição Portuguesa. O termo, no entanto, é apenas normalmente usado para o período entre Março e Novembro de 1975.
O PREC caracteriza-se por uma forte movimentação política-social ocorrida em Portugal durante os anos de 1974/75. Ocorreu um desmantelamento dos principais grupos económicos, entre os quais a CUF,  no Barreiro, aliado a diversas nacionalizações - bancas, seguros, transportes e comunicações, siderurgia, cimento, indústrias químicas e celuloses.
Trata-se de um período de grande agitação social e política, em que as organizações sindicais, dotadas de grande vitalidade, conduzem em vários setores lutas reivindicativas ora de carácter economicista ora de carácter político, sempre fortemente participadas, em que se aprofunda uma Reforma Agrária (ocupações de casas, terras, fábricas, etc) destinada a eliminar o latifúndio da paisagem rural portuguesa, e em que as autoridades tradicionalmente aceites são frontalmente contestadas, assistindo-se à criação ou à tentativa de criação de poderes paralelos nas Forças Armadas, ao cerco do Parlamento e consequente sequestro dos deputados por grande massa de grevistas, e a outros fenómenos de carácter revolucionário. Toda esta movimentação social decorre num ambiente político caracterizado pela instabilidade, em que a todo o momento circulam rumores de golpes político-militares das mais variadas tendências, uns provavelmente baseados em dados objetivos, outros meras construções arbitrárias e fantasistas, destinadas a mistificar a opinião pública.
É neste ambiente político em que se cruzam intentonas e "inventonas" (outro neologismo da época) que se desenvolve o PREC, amplo e permanente movimento revolucionário, impulsionado ou potenciado pelos partidos e organizações de esquerda e extrema-esquerda com vista à conquista do poder de Estado, o qual encontrará o seu termo quando essas forças sofrem uma pesada derrota em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro de 1975.

Agência de Notícias


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