Azeitão recordou vida e obra de Sebastião da Gama

O poeta da Arrábida visto por crianças 

Sebastião da Gama foi evocado no dia 10 de Abril, data em que faria 91 anos, com uma cerimónia de deposição de flores na estátua erguida em sua homenagem, em Vila Nogueira de Azeitão, em que participaram alunos da Escola Básica de Azeitão. A vereadora da Câmara de Setúbal, Carla Guerreiro, lançou algumas perguntas ao grupo de vinte alunos da escola de Azeitão. “Contem-me lá, quem era Sebastião da Gama?” “Um poeta!”, “Professor”, responderam. Sebastião da Gama ficou para a história pela sua dimensão humana, nomeadamente no convívio com os alunos, registado nas páginas do seu famoso Diário, iniciado em 1949.  Atingido pela tuberculose, que causaria a sua morte precoce, passou a residir no Portinho da Arrábida, com a panorâmica serra da Arrábida a alimentar o culto pela paisagem presente na sua obra. 
Câmara de Setúbal lembrou data de nascimento do poeta 

Joaquim Oliveira, antigo aluno do poeta nos anos de 1946 a 1949, na Escola Industrial e Comercial de João Vaz – hoje, Escola Secundária Sebastião da Gama –, não faltou à cerimónia. Conhecido como “Zé Boneco” no “Diário de Sebastião da Gama. Pequena História da Minha Vida de Professor”, não esquece o antigo docente. “Era uma pessoa muito especial. Naquela altura tinha 12 anos, não dava muito valor, mas nunca me vou esquecer dos seus ensinamentos”, disse o antigo aluno do poeta da Arrábida.
Durante a cerimónia, a que assistiram ainda representantes da Associação Sebastião da Gama, a vereadora Carla Guerreiro sublinhou que “é muito importante ensinar às crianças” quem foi o homenageado, salientando ainda que o poeta era dedicado à natureza e que descreveu a Serra da Arrábida de uma forma “única”.
A deposição de flores e a leitura do poema “Pelo sonho é que vamos” pelos alunos da EB de Azeitão foi a primeira iniciativa de um programa comemorativo organizado pela autarquia de Setúbal para assinalar o 91.º aniversário do poeta e pedagogo de Azeitão, falecido aos 27 anos, vítima de tuberculose.
No dia 11, no Museu Sebastião da Gama, foi inaugurada a exposição “Itinerários da Arrábida”, do fotógrafo Maurício Abreu, patente até 2 de maio, que inclui poemas da autoria do homenageado. O grupo Toquivozes, da Sociedade Filarmónica Providência, participa na abertura da mostra com uma atuação musical.
A seguir à inauguração da exposição, realizou-se uma palestra pelo padre Alexandre F. Santos, autor do livro “Sebastião da Gama: Milagre de Vida em Busca do Eterno”.
De noite, no Auditório Carlos Alberto Ferreira Júnior, em Vila Nogueira de Azeitão, o Grupo Coral da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense promovem um concerto a que se seguiu uma declamação de poemas.

Sebastião, o poeta da Arrábida. 
Sebastião da Gama foi um poeta português, natural de Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal. Concluiu o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1947, e ainda nesse ano iniciou a sua actividade de professor, que exerceu em Lisboa, Setúbal e Estremoz. Foi colaborador das revistas Árvore e Távola Redonda. 
Sebastião da Gama ficou para a história pela sua dimensão humana, nomeadamente no convívio com os alunos, registado nas páginas do seu famoso Diário (iniciado em 1949). Literáriamente, não esteve dependente de qualquer escola, afirmando-se pela sua temática (amor à natureza, ao ser humano) e pela candura muito pessoal que caracterizou os seus textos. Atingido pela tuberculose, que causaria a sua morte precoce, passou a residir no Portinho da Arrábida, com a panorâmica serra da Arrábida a alimentar o culto pela paisagem presente na sua obra. Foi, entretanto, instituído, com o seu nome, um Prémio Nacional de Poesia. 
Estreou-se com Serra Mãe, em 1945. Publicou ainda Loas a Nossa Senhora da Arrábida (1946, em colaboração com Miguel Caleiro), Cabo da Boa Esperança (1947) e Campo Aberto (1951). Após a sua morte, foram editados Pelo Sonho é que Vamos (1953), Diário (1958), Itinerário Paralelo (1967), O Segredo é Amar (1969) e Cartas I (1994).

Agência de Notícias

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