Utentes querem "mais saúde" no Litoral Alentejano

Utentes rejeitam privatização da Urgência do Hospital do Litoral Alentejano

As Comissões de Utentes do Litoral Alentejano manifestaram-se hoje contra uma eventual privatização da urgência do hospital sedeado em Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, uma alternativa que a administração pondera para resolver os problemas do serviço. "É inadmissível a proposta do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano de privatizar o Serviço de Urgência do Hospital do Litoral Alentejano", afirmou a entidade que coordena as Comissões de Utentes da região em comunicado enviado à agência Lusa. A presidente da administração da Unidade de Saúde Local admitiu, há pouco mais de uma semana, externalizar a globalidade do Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica do Hospital do Litoral Alentejano, à semelhança do que acontece em "grande parte" dos hospitais espanhóis. A medida está em cima da mesa mas não agrada a todos. De acordo com a comissão de utentes, seriam necessários “contratar 107 médicos”, sendo também preciso “contratar enfermeiros, auxiliares, entre outros profissionais de saúde, em número suficiente para regular o funcionamento dos serviços” naquela zona.
Privatização das urgências  divide utentes e hospital

Os utentes consideram que, "a concretizar-se", a solução iria servir para "subsidiar empresas privadas" através de dinheiros públicos, além de contribuir para "o aumento da degradação das condições já precárias do Serviço de Urgência" do hospital local, sendo as "consequências negativas" suportadas pelos profissionais de saúde e pelos utentes.
As exigências das comissões de utentes ao Governo pretendem que "seja anulada a proposta de privatização" e terminados os contratos com "todas as empresas de trabalho temporário" que prestam serviços à Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), ao mesmo tempo que pedem o reforço de "recursos humanos e materiais" e a valorização das carreiras dos profissionais de saúde.
A coordenadora das comissões de utentes do Litoral Alentejano “exigem que o ministério da Saúde”, através do “conselho de administração” da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano “resolva os problemas de saúde” do conselho, acrescentando que “vão colocar todas as questões ao conselho consultivo da ULSLA, quando este organismo se reunir”, e solicitar também “uma reunião com o conselho de administração” do hospital. A comissão de utentes dos serviços públicos do município garante que, de modo a tentar minimizar os problemas referentes à saúde, “vão continuar a falar com todos os eleitos das autarquias do Litoral Alentejano”, assim como “com os deputados da Assembleia da República”.
De acordo com a comissão de utentes, seriam necessários “contratar 107 médicos”, sendo também preciso “contratar enfermeiros, auxiliares, entre outros profissionais de saúde, em número suficiente para regular o funcionamento dos serviços”.  Os utentes recordam que existe uma“grave carência de médicos de clínica geral”, para “ocuparem o lugar de médicos de família”.

Médicos cubanos "melhoram" saúde do Litoral Alentejano 
Segundo o próprio conselho de administração da ULSLA se “não fosse a existência de médicos cubanos, cerca de metade da população desta região que engloba  concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira, não teria médico de família” ou seja “cerca de 50 mil utentes estariam sem médico de família, num universo de 100 mil habitantes”, explica o responsável pela comissão de utentes. 
Ao nível do setor dos enfermeiros nos cuidados de saúde primários existe “uma carência de mais de 40 por cento, do que o previsto no respetivo quadro”, revela o membro da comissão de utentes.  O dirigente admite que tendo em conta as atuais 32 extensões de saúde, os cinco centros de saúde, as duas urgências básicas de saúde e todo o Hospital do Litoral Alentejano “os atuais profissionais de saúde são claramente insuficientes”, uma vez que “existem cerca de 30 mil utentes sem médico de família, tendo os utentes sem o respetivo médico, quando necessitam de uma consulta, de se deslocar de madrugada para a porta do centro de saúde, expostos às condições climatéricas adversas, o que pode agravar ainda mais o seu estado de saúde".

Externalização das urgências está a ser discutida 
Falta de médicos é uma urgência no Litoral Alentejano 
A presidente da administração da ULSLA, Maria Joaquina Matos, admitiu, há pouco mais de uma semana, externalizar a globalidade do Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica do Hospital do Litoral Alentejano, à semelhança do que acontece em "grande parte" dos hospitais espanhóis.
Esta é uma das alternativas para resolver os problemas do serviço que têm vindo a ser discutidas na entidade desde Março de 2013, mas, segundo a administradora, a proposta "não é consensual por várias razões, inclusive por interesses instalados".
Estas explicações foram dadas aos jornalistas por Maria Joaquina Matos no seguimento da recusa dos 16 chefes de equipa da Urgência do HLA em continuar a assumir o cargo, decisão que deram a conhecer ao diretor clínico, no dia 26 de Fevereiro, através de um abaixo-assinado.
Os clínicos alegaram "degradação contínua das condições de trabalho, quer em termos de falta de material, quer em termos de falta de pessoal", mas a administração da ULSLA reconhece apenas a carência de recursos humanos.
A administradora lembrou que a ULSLA, que integra todos os serviços de saúde dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira, precisa de 186 médicos para assegurar o atendimento da população, mas dispõe apenas de 79.

Agência de Notícias

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