Lisnave reparte 1,2 milhões por funcionários efetivos

Arménio Carlos exige intervenção da ACT na empresa de reparação naval de Setúbal

O secretário-geral da CGTP/IN, Arménio Carlos, acusou a Autoridade para as Condições do Trabalho de não punir as ilegalidades de empresas como a Lisnave, que "não pagam o trabalho extraordinário pelo valor previsto na contratação coletiva", disse Arménio Carlos durante uma manifestação de trabalhadores da Lisnave, empresa de reparação naval, que culminou com uma concentração em frente às instalações da Autoridade para as Condições do Trabalho, em Setúbal. A denúncia surge na semana em que a empresa disse que vai distribuir 1,2 milhões de euros aos trabalhadores efetivos como “gratificação de balanço” pelos resultados alcançados em 2014. A empresa de reparação naval de Setúbal, que exporta 98 por cento da produção, com uma incorporação nacional superior a 90 por cento, obteve no ano passado um lucro de 6,7 milhões. 
CGTP quer que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados 

"Estamos aqui para exigir que um conjunto de direitos seja respeitado, concretamente o pagamento do trabalho extraordinário, tal como consta da contratação coletiva", disse Arménio Carlos.
O líder da CGTP/IN garantiu que a central sindical desde há alguns meses que tem vindo a alertar o Governo e a própria ACT - Autoridade para as Condições do Trabalho - para este tipo de situações e lamentou que a ACT ainda não tivesse tido uma intervenção suscetível de pôr termo ao que considerou ser uma "ilegalidade".
Arménio Carlos, que falava perante cerca de 150 trabalhadores das empresas Lisnave e Lisnave Yard, exigiu "que a ACT deixe de ter uma postura cúmplice com aquilo que são posicionamentos de algumas entidades patronais que persistem em violar a lei" e garantiu que os trabalhadores vão continuar a lutar pelos seus direitos.
"Não havendo uma intervenção da ACT, isto significa que a ACT está associada a uma linha que o Governo definiu, juntamente com o patronato, e que visa a redução das retribuições, que não passa apenas pelos salários base. Passa também pela redução do valor do trabalho extraordinário e por tudo aquilo que tem a ver com o rendimento líquido dos trabalhadores", disse o líder da CGTP/IN.

Empresa reparte parte dos lucros com  funcionários efetivos
Confrontado com a decisão anunciada na quinta-feira passada pela administração da Lisnave, de distribuir 1,2 milhões de euros aos trabalhadores efetivos, como "gratificação de balanço" pelos resultados alcançados em 2014, que registaram um lucro líquido de 6,47 milhões de euros, Arménio Carlos disse que a empresa deveria também aumentar os salários.
"A melhor forma de compensar os trabalhadores, pela produção que fazem todos os dias, é aumentar-lhes os salários e, já agora, pagando-lhes o trabalho extraordinário de acordo com o que está regulamentado na contratação coletiva", disse, defendendo que as compensações se deveriam estender aos trabalhadores com vínculo precário.
"Muitos desses trabalhadores com vínculos precários estão a ocupar postos de trabalho efetivos", justificou o secretário-geral da CGTP.
Segundo a empresa, “apesar das limitações do mercado e da forte competição internacional, a Lisnave reparou 92 navios em 2014, de 52 clientes, oriundos de 21 países”.
“Ainda que se tenha verificado uma ligeira redução no número total de navios reparados referente ao ano transato, a Lisnave conseguiu manter um nível considerável de ocupação das suas docas e de trabalho realizado, devido a um aumento de navios com reparações de vulto, onde o volume de trabalho foi significativo”, refere a empresa na sua página na internet. 
“Importa realçar os clientes repeated business que continuam a confiar no Estaleiro da Lisnave para a reparação/manutenção dos seus navios, reconhecendo desta forma a qualidade do trabalho aqui desenvolvido”, acrescenta.
Segundo a empresa de Setúbal, “a Lisnave, com o seu know-how reconhecido pelos seus clientes, reparou diversos tipos de navios, mas o seu segmento tradicional de atividade continua a ser os petroleiros, que contribuem significativamente para o volume de trabalho do estaleiro”.
Dos 92 navios reparados nos estaleiros da Mitrena, 27 eram de Singapura e 18 da Grécia. Logo atrás aparece a Alemanha, com oito navios, seguindo-se Hong-Kong com cinco e a Dinamarca e a Inglaterra com quatro navios cada.

CGTP ao lado Administração Local e da Função Pública
Durante a manhã de sexta-feira, Arménio Carlos participou também numa manifestação dos trabalhadores da Administração Local e da Função Pública, alguns dos quais, segundo a União de Sindicatos de Setúbal (USS), "estão a prestar funções de caráter permanente nos serviços públicos e se encontram na situação de Contrato de Emprego e Inserção".
Segundo o coordenador da USS, Luís Leitão, estes trabalhadores exigem a "abertura de concursos para serem integrados nos locais onde, na prática, já estão a exercer funções".

Agência de Notícias


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