Hospital de Setúbal em risco de perder 13 especialidades

350 mil pessoas podem ser encaminhadas para o Hospital de Almada

Uma centena de pessoas participaram numa vigília em frente ao Hospital de São Bernardo, em Setúbal, para exigir a revogação da portaria 82/2014, que, garantem, acabará de uma só vez com 13 especialidades durante a noite - entre as  oito da noite e as oito da manhã - naquela unidade de saúde, obrigando a que 350 mil pessoas passem a ser encaminhadas para o Hospital Garcia de Orta, em Almada. 250 mil de Setúbal, Sesimbra e Palmela, mais cem mil do Litoral Alentejano. A confirmar-se, a unidade de Almada, que hoje serve 450 mil utentes, passará a servir 800 mil durante esse período da noite. Foi projetada para 150 mil pessoas. De acordo com os utentes do hospital estão em causa valências que poderão deixar Setúbal ainda em 2015. "Não podemos permitir que esta portaria vá em frente. É uma fuga deste Governo que não quis levar à Assembleia da República a discussão do Serviço Nacional de Saúde, porque, de certeza, que não iria ter coragem de anunciar as suas reais intenções para o nosso hospital". 
Utentes temem a perda de 13 valências no hospital de Setúbal 

"O Centro Hospitalar de Setúbal corre o risco de ser reduzido a unidade básica, o que será um duro golpe para estas populações e uma machadada na assistência hospitalar", alertou Anabela Malheiro, da comissão de utentes, que terça-feira tenciona ir entregar um manifesto ao ministro da Saúde, Paulo Macedo.
O objetivo do documento é alertar para a importância de reforço das equipas no hospital de Setúbal, sem perder de vista que o Garcia de Orta "há muito tempo que está incapaz de dar resposta às populações de Almada e Seixal", acrescenta Anabela Malheiro.
De acordo com Ana Silva, uma das pessoas presentes na manifestação, "há muito que o Hospital Garcia de Orta deixou de ter capacidade de resposta à população. O estado de ruptura dos seus serviços e instalações, bem como, o estado caótico em que se encontra, devido à ausência de políticas adequadas e ao aumento de exposição populacional, é uma situação grave de conhecimento público". Ana Silva recorda que o concelho do Seixal [onde há anos população e autarcas reclamam a construção de um novo hospital] "é, neste momento, o segundo concelho mais populoso da Península de Setúbal, a seguir a Almada, com uma diferença de cerca 10 mil habitantes". 
Segundo os utentes que marcaram presença na vigília, ocupando um passeio em frente ao hospital de São Bernardo, as especialidades que estão ameaçadas são a obstetrícia, urologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, gastroenterologia, cirurgia plásticas e construtiva, oncologia médica, hematologia, infecciologia, nefrologia, pneumologia, imunoalergologia e endocrinologia.
Segundo Anabela Malheiro, estão em causa valências que poderão deixar Setúbal ainda em 2015. "Não podemos permitir que esta portaria vá em frente. Ela foi uma fuga deste Governo que não quis levar à Assembleia da República a discussão do Serviço Nacional de Saúde, porque, de certeza, que não iria ter coragem de anunciar as suas reais intenções para o nosso hospital", sublinhou a dirigente.
Os manifestantes lamentaram ainda que cerca de 50 mil utentes de Sesimbra [que antes eram atendidos em Almada] tenham passado recentemente a integrar a área de influência do Hospital de São Bernardo, "sem que fossem acauteladas medidas em termos de espaço físico e logística", já que o número de habitantes por cama aumentou de 557 para 687.

Agência de Notícias

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