Faltam 100 médicos de família na Península de Setúbal

ARS abre vagas para novos médicos mas não garante que eles venham 

O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo  afirmou ontem à Lusa que vão existir vagas para médicos de família nos concelhos da Península de Setúbal no próximo concurso. "Vamos abrir vagas para médicos de família no próximo concurso, para as zonas mais carenciadas e a Península de Setúbal é uma delas. As vagas vão existir, agora não posso garantir é que vão ser ocupadas", disse Luís Cunha Ribeiro. O responsável pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo reuniu ontem com deputados do PSD de Setúbal, que pretendiam a garantia de que iriam existir vagas no próximo concurso para a região, em especial para Almada e Seixal. Os números referem que nos nove concelhos da Península de Setúbal, faltam cerca de 100 médicos de família para uma população estimada em 780 mil habitantes. Destes mais de 180 mil pessoas não tem acesso a médico de família. Para os deputados comunistas do distrito, que já interpelaram o Governo sobre este assunto,  "a carência de médicos de família e o desinvestimento nos cuidados de saúde primários têm reflexos nos cuidados hospitalares. A rutura do serviço de urgências no Hospital Garcia de Orta não está desligada do elevado número de utentes sem médico de família, nem da insuficiente resposta dos serviços de saúde de proximidade". 
Vagas para médicos de família  podem não ser preenchidas

O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) afirmou à Lusa que vão existir vagas para médicos de família nos concelhos da Península de Setúbal no próximo concurso.
"Vamos abrir vagas para médicos de família no próximo concurso, para as zonas mais carenciadas e a Península de Setúbal é uma delas. As vagas vão existir, agora não posso garantir é que vão ser ocupadas", disse à Lusa, Luís Cunha Ribeiro.
Luís Cunha Ribeiro reuniu esta terça-feira com deputados do PSD de Setúbal, que pretendiam a garantia de que iriam existir vagas no próximo concurso para a região, em especial para Almada e Seixal, mas também para os concelhos de Setúbal, Palmela, Sesimbra, Alcochete, Montijo, Moita e Barreiro que têm enorme carência de médicos de família. Ao todo haverá mais de 180 mil pessoas sem médico de família só nos nove concelhos da Península de Setúbal. Cerca de 61 mil no ACES Almada – Seixal, 52 mil no Arco Ribeirinho (Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo) e cerca de 55 mil no ACES Arrábida (Palmela, Sesimbra e Setúbal). O que equivale a cerca de 100 médicos de família em falta nos centros de saúde do distrito. Em algumas freguesias não existe nenhum médico de serviço.
Apesar da frieza dos números, o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo diz que não "posso dar essa garantia", da região receber médicos. Até porque, de acordo com Luís Cunha Ribeiro, "não é fácil de prever quantos médicos aceitam entrar no concurso" ou  aceitam trabalhar nos centros de Saúde da Península de Setúbal. "O que posso garantir é que vão existir vagas, para várias zonas, e que espero que sejam ocupadas", garante o responsável pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

PSD feliz com abertura de candidaturas
Os social-democratas ficaram satisfeitos com a existência de vagas para médicos de família que vai contemplar os concelhos de Almada e Seixal, tendo em conta a necessidade de colmatar os mais de 61 mil frequentadores sem médico de família.
"Será dado mais um passo para que a população de Almada e Seixal possa ficar coberta ao nível de médicos de família, mas será muito difícil resolver este problema nos próximos tempos", afirmou o deputado social-democrata Nuno Matias, considerando que esta é uma "situação urgente que que necessita de resposta imediata", quer em Almada e Seixal, concelhos mais populosos da Península de Setúbal, quer nos restantes concelhos da região onde faltam cerca de 100 médicos de família para uma população estimada em 780 mil habitantes.

PCP questiona Governo sobre vagas para médicos de família em Almada e no Seixal
Faltam cerca de 100 médicos de família na região de Setúbal 

Os deputados comunistas também já se prenunciaram sobre este tema e estimam que  haja "cerca de 70 mil utentes sem médico de família na área de abrangência do Agrupamento de Centros de Saúde de Almada e Seixal, o que corresponde a cerca de 20 por cento da população abrangida", dizem os deputados do PCP em comunicado enviado ao ADN.
A carência de médicos de família e o desinvestimento nos cuidados de saúde primários têm reflexos nos cuidados hospitalares. A rutura do serviço de urgências no Hospital Garcia de Orta não está desligada do elevado número de utentes sem médico de família, nem da insuficiente resposta dos serviços de saúde de proximidade.
"O reforço dos cuidados de saúde primários, designadamente na atribuição de médicos de família a todos os utentes, permitiria resolver muitos problemas de saúde, libertando os cuidados hospitalares para as situações mais graves", diz a mesma nota.
Os deputados do PCP, Paula Santos, Francisco Lopes e Bruno Dias,  questionaram o ministro da Saúde e quiseram saber quantos médicos se encontram em internato médico no Agrupamento de Centros de Saúde Almada e do Seixal e se, após a conclusão do internato médico, "está garantida a abertura de vagas, no Agrupamento de Centros de Saúde de Almada/Seixal, para contratar os médicos que aí concluírem o internato médico".
Também interrogaram o Governo sobre a não abertura de vagas para a contratação de médicos de medicina geral e familiar no Agrupamento de Centros de Saúde Almada e do Seixal, "na sequência da conclusão do internato médico na segunda época de 2014, quando existe um elevado número de utentes sem médico de família", conclui a nota dos deputados eleitos pelo PCP no distrito de Setúbal.

Macedo anuncia médico de família para meio milhão de utentes até ao fim do ano
O ministro da Saúde contabilizou esta quarta-feira em cerca de um milhão o número de portugueses que não tem médico de família e afirmou que, até ao final, do ano, 500 mil terão a sua situação resolvida.
Até ao final deste ano haverá mais 500 mil utentes com médico de família, na sequência de quatro concursos em curso para a contratação de médicos, afirmou esta quarta-feira o ministro da Saúde. Paulo Macedo, que está esta quarta-feira, 11 de Março, no Parlamento, na Comissão de Saúde para debater a política geral do Ministério e outros assuntos de actualidade, contabilizou em cerca de um milhão o número de pessoas que actualmente não dispõe de médico de família.
"Aqui teremos de tomar mais medidas e estamos a ver com a Ordem dos Médicos e com os sindicatos o que poderá ser feito para dar mais médicos de família a mais utentes", afirmou o ministro, reconhecendo que "temos um défice significativo" destes profissionais "nas regiões de Lisboa e Algarve".
No entanto, salientou, tem havido uma evolução positiva, já que em 2012 era dois milhões os utentes que não tinham médico de família.
Paulo Macedo fez um balanço das medidas tomadas pelo seu Ministério nos últimos tempos, salientando, entre outras, "a figura do enfermeiro de família, que está a ser trabalhada" ou as possibilidades de ajudas de custo aos médicos quando vão de um centro hospitalar para outro e percorrem mais de 60 quilómetros, uma medida que considerou "essencial porque estamos a dar mobilidade aos médicos e a trabalhar melhor com o que temos e a dar-lhes mais condições".
Esta medida, explicou, "é imediata". "Há medidas que podiam, de facto, ter sido tomadas mais cedo, designadamente se não tivéssemos estado quase em situação de banca rota. Medidas como estas só são possíveis sem uma troika em Portugal e podendo ter alguma margem orçamental", disse Paulo Macedo.
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Agência de Notícias


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