Almofadas contra a violência doméstica no Seixal

Seixal é o concelho do país com maior índice de violência doméstica 

A Exposição de Almofadas “Sonos Falados, as Expressões da Violência Doméstica e de Género”, está patente nos Serviços Centrais da Câmara do Seixal até dia 27 de Março e reflete a dura realidade sobre a violência doméstica, procurando através de uma intervenção plástica numa almofada, representar simbolicamente os sentimentos de quem a elaborou, os seus sonhos ou medos. Esta ação vai complementar a Campanha municipal “A Igualdade faz sentido e faz sentir”, a ser lançada em 2015, a qual se insere no âmbito das ações a desenvolver contra a violência de género e tem por objetivo diminuir a legitimação e a tolerância social face a este tipo de violência, nas suas múltiplas manifestações. De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna, o concelho do Seixal foi onde ocorreram mais casos de homicídio ou tentativa de homicídio de mulheres em contexto de violência doméstica em 2014. Nos primeiros três meses deste ano já foram assassinadas duas mulheres no concelho.

Seixal lembra violência doméstica com exposição de almofadas  

Aproveitando uma ideia original do Movimento Democrático de Mulheres, entidade parceira do Conselho Consultivo para a Igualdade de Género e Oportunidades (CONCIGO) do Seixal, que realizou em 2014 uma primeira edição de uma exposição em Évora, foi apresentado o desafio às entidades parceiras da Rede Social do Seixal e às unidades funcionais da autarquia, para a elaboração de uma almofada, alusiva a este tema.
"O que se propôs foi que se refletisse sobre a temática da violência doméstica e de género e que se transpusesse para uma almofada as suas ideias e pensamentos, através de imagens, objetos, desenhos ou palavras", explicou  fonte da Câmara do Seixal ao ADN. Não foi preciso ser artista, bastou acreditar e defender o direito a oportunidades iguais. "A violência não atinge só mulheres ou crianças e pode estar na porta ao lado. É para não a abafar e para mudar comportamentos que a autarquia lançou o desafio de expressar a inquietação numa almofada que, ao contrário das que reprimem os gritos e a dor, tem a oportunidade de falar", diz fonte da Câmara.
A iniciativa integra as atividades do Plano Municipal para a Igualdade de Género e Oportunidades do Seixal para 2015, e assinalou o Dia Internacional da Mulher, sensibilizando para o flagelo da violência doméstica e de género.
Esta ação vai complementar a Campanha municipal “A Igualdade faz sentido e faz sentir”, a ser lançada em 2015, a qual se insere no âmbito das ações "a desenvolver contra a violência de género e tem por objetivo diminuir a legitimação e a tolerância social face a este tipo de violência, nas suas múltiplas manifestações", conclui a autarquia do Seixal.

Seixal lidera raking dos concelhos com mais violência doméstica 
Em Portugal, só em 2013 foram registadas 27 318 participações de violência doméstica por parte das forças de segurança, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI). Também segundo dados do RASI referentes ao primeiro semestre de 2014, as polícias receberam 13 071 participações, ou seja, 73 queixas por dia, isto é, três queixas por hora.
Ainda segundo dados deste relatório, o concelho do Seixal aparece a liderar a lista dos municípios portugueses onde ocorreram mais casos de homicídio ou tentativa de homicídio de mulheres em contexto de violência doméstica.
Na última década, morreram 398 mulheres vítimas de agressões em contexto de violência doméstica em Portugal. Ciúme e dificuldade em aceitar a separação são os principais motivos. O ano de 2014 ficou marcado pela morte de 42 mulheres. O distrito de Setúbal foi aquele que registou maior número de homicídios com sete mulheres mortas neste contexto, seguido de Lisboa (cinco mortes) e do Porto (quatro mortes). E é em casa que continuam a ocorrer a maior parte das mortes.

Este ano já ocorreram três mortes no distrito 
Violência doméstica já matou três mulheres no distrito este ano
A tendência mantêm-se igual nos primeiros três meses desde ano. Até 10 de Março já morreram nove mulheres vítimas de violência doméstica. No distrito de Setúbal já morreram três mulheres às mãos de maridos e companheiros. Uma na capital do distrito e duas no concelho do Seixal. 
A primeira vítima mortal do distrito foi Maria Cremilde Pinheiro, a 22 de Janeiro, que foi morta pelo marido em casa, em Setúbal. Em Fevereiro, no Seixal, Conceição Tavares foi barbaramente espancada até à morte - junto à estação ferroviária dos Foros da Amora - pelo amante. Alegadamente o amante matou a vítima [que vivia com um companheiro] por impulso e por ciúme.
A 3 de Março, Vânia Braz foi esfaqueada pelo marido na sua casa, em Santa Marta do Pinhal, no concelho do Seixal. Depois de matar a mulher, o homem atirou-se da ponte 25 de Abril. Deixaram um filho de três anos que assistiu a tudo.
Sintra, Lamego, Amarante, Sever do Vouga, Coimbra e Faro foram outras localidades onde já  morreram mulheres este ano vítimas de vítimas de violência doméstica. 
"Temos leis. Temos planos contra a violência de género. Mas não podemos tolerar o massacre que é a vida, as vidas de milhares e milhares de mulheres. A lei não basta; por isso, os membros da sociedade têm que intervir, denunciar e não fechar os olhos. A prevenção é fundamental, as campanhas, todos os meios que eduquem para o respeito, a não discriminação, a cidadania têm de ser constantes e eficazes. A justiça tem que ser rápida e tem que dar sinais claros de que protege as vítimas e pune os agressores", lembra a coordenadora do Bloco do distrito de Setúbal. 
"Esta é uma luta que deve mobilizar todos os esforços políticos e sociais, com a qual o Bloco de Esquerda está profundamente comprometido e por isso os autarcas do Bloco continuarão a levar o combate à violência doméstica a todas as autarquias do distrito", conclui Joana Mortágua.

Agência de Notícias

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