200 professores vigiaram prova de três em Almada

Prova não determina quem é "bom ou mau professor"

Apenas três professores realizaram na manhã de ontem a componente específica da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades na Escola Emídio Navarro, em Almada, mas, segundo os sindicatos, foram convocados cerca de 200 docentes dos quadros para fazer vigilância. A greve ao serviço de vigilância acabou assim por não ter impacto e bastaram dois docentes para vigiarem e garantir a realização da prova dos três professores. O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, Mário Nogueira, afirmou, que se está a assistir ao "funeral" da prova de avaliação dos professore, acreditando que "esta será a última vez que ela se realiza". Entre quarta-feira e a próxima sexta, 1565 docentes com menos de cinco anos de serviço são chamados a fazer 2338 testes no âmbito da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades, aos quais têm de obter avaliação positiva para se poderem candidatar a dar aulas no próximo ano lectivo. 
Prova de avaliação aos professores continuam até sexta-feira 

Mais uma vez, o processo decorre em clima de contestação, com os sindicatos a tentarem travar a aplicação da prova com uma greve e cinco providências cautelares.Quatro tribunais não deferiram o pedido de suspensão imediata e falta conhecer a decisão do quinto. Assim, não restou alternativas aos professores que lutam por colocação. 
Em Almada, na Secundária Emídio Navarro, chegaram apenas três professores para fazer a prova. 200 estavam, pelas contas do sindicato,  na escala para os vigiar. 198 foram dispensados desse serviço de "vigilância", que apenas foi feita por dois professores.
"Não faz sentido chamar 200 professores para vigiar três, afetando a atividade normal do agrupamento, nomeadamente as reuniões de avaliação que tiveram de ser adiadas", disse António Avelãs, presidente do Sindicato de Professores da Grande Lisboa, que considerou a prova "inútil e perversa". 
"É inútil porque não melhora nada na formação dos professores e perversa porque lança suspeição sobre as escolas superiores que formaram este docentes e cria a imagem de que os professores são uns mal preparados, o que não corresponde à realidade", afirmou o sindicalista. 
Dois professores fizeram a prova de Educação Musical e um a de Português nível 2. José Consciência foi um dos docentes que fez a prova de Educação Musical. "A prova foi muito acessível, apesar de ter algumas rasteiras, e acho que vou conseguir aprovação. A sensação que fica com esta prova é sempre de que estão a desvalorizar a nossa formação e também a nossa profissão", afirmou o professor que já deu aulas nas actividades de enriquecimento curricular. 
No total do país, estavam inscritos 169 professores para realizar as provas de Português nível 2, Educação Musical e Artes Visuais.

Prova dos professores "vai ser enterrada"
O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, Mário Nogueira, afirmou, esta quarta-feira, em Coimbra que se está a assistir ao "funeral" da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades (PACC), acreditando que "esta será a última vez que ela se realiza".
A prova "vai ser enterrada", sendo esta uma "teimosia do ministro [da Educação] Nuno Crato", disse, esperando que o atual Governo não continue após as legislativas.
A PACC, que considera "inútil", não determina quem é "bom ou mau professor", frisou o dirigente sindical, recordando que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra declarou a "prova como inconstitucional", estando-se agora a aguardar decisão do próprio Tribunal Constitucional, após recurso do Ministério Público e do Ministério da Educação e Ciência.
Mário Nogueira questionou ainda a decisão do Ministério de distribuir os professores que vão realizar as provas em diferentes estabelecimentos escolares do mesmo concelho, considerando que tal medida foi para garantir que a PACC se concretizava, aumentando as possibilidades de haver docentes que não se recusaram a fazer a vigilância dos exames dos colegas.
Só puderam inscrever-se nesta fase de testes que arranca esta quarta-feira aqueles que obtiveram avaliação positiva na componente comum da PACC, que, na perspectiva do Ministério da Educação e Ciência comprova "a existência de conhecimentos e capacidades fundamentais e transversais à leccionação de qualquer disciplina, área disciplinar ou nível de ensino, tais como a capacidade de comunicação em língua portuguesa, a leitura e a escrita, o raciocínio lógico e crítico ou a resolução de problemas em domínios não disciplinares". Naquela primeira fase foram excluídos 854 candidatos; para os que ficaram aprovados trata-se, agora, de avaliar “o domínio dos conhecimentos e capacidades essenciais para a docência em cada grupo de recrutamento e nível de ensino", conclui o gabinete de Nuno Crato.

Agência de Notícias

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