Urgências Hospitalares na ordem do dia em Palmela

Câmara preocupada com o "caos" nas urgências do distrito de Setúbal 

A Câmara de Palmela aprovou, em reunião pública, uma moção sobre o Serviço Nacional de Saúde e sobre a situação atualmente presenciada nas urgências hospitalares do distrito e do país. Conforme explica o município, este manifesto "exprime a sua solidariedade para com todos os profissionais de saúde, que têm dado o seu melhor neste período de enorme afluência aos cuidados de saúde", expressando a sua inquietação face ao atendimento prestado aos utentes. Nesta moção, apresentada pelo PS, é ainda salientada "a carência de recursos humanos e materiais, as lacunas presentes na área da gestão das políticas públicas da saúde e, em última instância, o desinvestimento contínuo no Serviço Nacional de Saúde". A moção foi aprovada por maioria com os votos da CDU e PS e a abstenção da coligação PSD/CDS-PP. 
Palmela preocupada com situação das urgências hospitalares

A Câmara Municipal de Palmela aprova uma moção, proposta pela bancada socialista, alertando que “nas últimas semanas, o país tem assistido a um clima preocupante de insuficiências generalizadas nas urgências hospitalares face à procura por parte dos e das utentes”. A autarquia “manifesta a sua preocupação pelo deficiente atendimento dos pacientes” nas urgências hospitalares do país e “repudia o abandono do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
Estas questões que conquistam maior dimensão, em especial, nos serviços de urgência são, segundo o executivo da autarquia, "a base do problema". A triagem de Manchester, empregada pelos hospitais, tem imposto tempos de espera muito para além do aconselhável, sobretudo nas faixas etárias mais vulneráveis.
Outro dos temas em discussão é a inexistência de uma resposta alargada e eficiente por parte dos centros de saúde, extensões e unidades de saúde familiares, que acaba por adensar o número de utentes que se socorrem das urgências hospitalares. "Esta realidade que se traduz em tempos de espera amplificados é, alegadamente, uma das principais razões para a ocorrência de óbitos por falta de assistência rápida", diz a moção aprovada pela autarquia.
A Câmara de Palmela contesta ainda "a assunção de responsabilidades por parte de quem conduz as políticas públicas de saúde, a tutela, face à degradação da resposta às populações, colocando em causa o princípio constitucional de garantia de acesso aos cuidados de saúde".
A moção refere ainda que “no distrito de Setúbal, também se têm assinalado situações de grandes tempos de espera no atendimento das urgências”, as quais “são muito preocupantes, no Hospital Garcia de Orta”, em Almada, “no Hospital do Barreiro” e, em particular, “no Hospital de S. Bernardo”, em Setúbal. O município de Palmela mostra-se, por isso, preocupado com esta situação e “reclama a assunção de responsabilidades por parte de quem conduz as políticas públicas da saúde, à tutela, face à degradação da resposta às populações”.

CDU e PS de acordo. PSD/CDS-PP nem por isso 
Para Natividade Coelho, vereadora socialista que apresentou a proposta, “tem havido desinvestimento no SNS”, como o comprovam “não haver camas, não haver macas e haver uma redução de todas as categorias nos últimos três anos”. A autarca socialista lembra que “foi dito pelo senhor ministro da Saúde que esta era uma situação expectável, mas não houve uma preparação do período que se avizinhava”.
Já o presidente da Câmara de Palmela entende que “este desinvestimento é notório, por muito que sejam importantes agora algumas medidas mitigadoras”. Álvaro Amaro relembra que este Governo pondera "recorrer às urgências privadas e aos hospitais militares” e quem “vai pagar isto, naturalmente, é o público”. Por isso não há dúvidas  que se “devia investir desde o início no público”, concluiu o chefe do executivo municipal de Palmela. 
O vereador da coligação PSD/CDS-PP [que se absteve] reconhece que os números sobre este assunto “fazem soar os alarmes e que há casos de espera que são inaceitáveis”. Paulo Ribeiro apesar de considerar que esta moção “é importante”, absteve-se na votação, por “não concordar com algumas afirmações feitas no documento”, sublinhado que “não houve desinvestimento nem houve abandono do SNS” e o “ministério da Saúde já assumiu algumas responsabilidades”.
A moção deverá agora ser enviada ao Ministro da Saúde, à Ordem dos Médicos, à Ordem dos Enfermeiros, ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal e à ACES da Arrábida.

Agência de Notícias

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