Homem morre nas urgências do Hospital de Setúbal

Família responsabiliza o médico do INEM e o tempo de espera no Hospital 

Os familiares de Diamantino Teixeira, o homem que morreu nas urgências do Hospital de Setúbal, estão decididos a ir "até às últimas consequências" para apurar responsabilidades, garantindo que o idoso, de 77 anos, esteve cerca de quatro horas à espera de ser atendido. Ontem à tarde a administração do Hospital de São Bernardo garantiu que a morte se ficou a dever ao facto do doente sofrer de múltiplas patologias e ter sido vítima de "agravamento clínico súbito". Pelo que os esforços realizados não evitaram o trágico desfecho. A família, no entanto, não se conforma e acusa o médico do INEM de não valorizar a situação do doente e querem explicações sobre o sucedido. O recurso aos tribunais está a ser ponderado pela família de mais um doente que morreu nas urgências hospitalares neste inicio de ano.

Idoso gravemente doente  esperou quatro horas nas urgências
 
"Queremos saber porque é que o meu pai morreu", disse à Lusa Lurdes Nascimento, filha do septuagenário Diamantino Teixeira, que não se conforma com a demora de cerca de quatro horas no serviço de urgência nem com a alegada desvalorização do quadro clínico do pai por parte de um médico do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica).
Na sexta-feira da semana passada, Lurdes Nascimento chamou o INEM, porque o pai, que sofria de outras patologias e tinha sido operado em Abril, "estava a vomitar há cerca de 24 horas e muito confuso".
Segundo Lurdes Nascimento, o médico do INEM que se deslocou ao local considerou, no entanto, que o paciente precisava apenas de ser hidratado e informou o Centro de Orientação de Doentes Urgentes de que não era necessário enviar uma ambulância para assegurar o transporte do doente ao hospital.
Ou seja, sem qualquer referência que pudesse acelerar a entrada na urgência, o doente teve que seguir os passos normais, passando pela triagem e ficando com pulseira amarela. Entrou no hospital às 21.42 horas de 2 de Janeiro, mas, de acordo com a família e com a própria administração, o primeiro registo médico foi efetuado à 1.37 horas da madrugada do dia seguinte, tarde demais, na opinião de Lurdes Nascimento.
"Depois de algumas abordagens junto de dois médicos, pouco depois da uma da madrugada [de sábado], há um médico que vem ver o meu pai e disse-nos que ele estava a fazer um edema pulmonar severo e um enfarte", disse Lurdes Nascimento, acrescentando que Diamantino Teixeira acabou por falecer pouco depois.

Hospital garante ter feito de tudo 
Contactado pela Lusa, o Hospital de São Bernardo diz apenas que Diamantino Teixeira apresentava "múltiplas patologias" e que esteve "sob vigilância médica na sala de diretos do serviço de urgência, realizando meios complementares de diagnóstico e terapêutica".
"Cerca das 3:27 horas houve agravamento clínico súbito e foi feito encaminhamento para a sala de emergência", acrescenta o comunicado do Hospital São Bernardo, adiantando que, "devido ao quadro clínico que [o doente] apresentava e apesar de todos os esforços dos profissionais de saúde, o óbito verificou-se às 5:05 horas".
Inconformados com o sucedido, os familiares de Diamantino Teixeira agendaram para hoje [9 de Janeiro] uma reunião com a administração e direção clínica do Hospital São Bernardo, mas não excluem, para já, a possibilidade de recorrerem à via judicial.

Agência de Notícias

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