Barreiro recebe novo terminal de contentores

Estudos apontam Barreiro como melhor opção para receber novo porto 

O Governo prepara-se para anunciar a localização do novo porto de mercadorias no estuário do Tejo: será no Barreiro, num aterro a construir frente aos terrenos da Quimiparque (antiga CUF). Depois de ter decidido, em fevereiro de 2013, avançar para um mega-terminal na Trafaria, em Almada, o Executivo muda agora de rota, lançando a âncora noutro porto do Distrito de Setúbal. A Administração do Porto de Lisboa garante que o estudo do porto de Lisboa dá vantagem ao Barreiro contra a Trafaria em três critérios contra um. Ao contrário do concelho de Almada, onde a população e a autarquia (comunista) contestaram a medida desde o primeiro dia, no Barreiro, cuja Câmara também é da CDU, a notícia será recebida de braços abertos. No entanto, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, revela que "os próximos meses nos dirão qual é o 'timing' da decisão, mas nós não estamos com pressa. Estamos mais focados na geração do consenso do que propriamente num anúncio mais rápido desse investimento".

Barreiro quer receber novo terminal de contentores 


A imprensa especializada avança hoje que  num estudo comparativo encomendado à Administração do Porto de Lisboa (APL), e que teve a contribuição da consultora McKinsey, da Estradas de Portugal e da Refer, a opção do Barreiro ganhou à alternativa da Trafaria em três dos quatro critérios analisados. Também a autarquia do Barreiro defende o terminal na região.
Entre os diversos factores, o critério financeiro (menor investimento devido a uma menor exigência na componente das acessibilidades) e o ambiental, em que a possibilidade de co-financiamento comunitário para a despoluição dos produtos tóxicos depositados no leito do rio Tejo na região do Barreiro, também tiveram um papel predominante.
"O Porto de Lisboa e o LNEC estão a fazer um trabalho de levantamento das vantagens da localização Barreiro que colocarão em consulta pública", afirmou ontem o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Silva Monteiro, que confirmou que a Trafaria é superior num dos quatro critérios e o Barreiro em três.
Além do estudo, que fonte oficial da APL admitiu, escreve o Diário Económico, estar a ser elaborado há algum tempo e cujas primeiras conclusões já foram enviadas ao Ministério da Economia, o Governo deixou cair a opção da Trafaria devido à oposição da Câmara de Almada, enquanto tem beneficiado do apoio da Câmara do Barreiro. "Não temos o estudo em nosso poder, mas as grandes conclusões desse documento apontam para que a melhor solução para o terminal de contentores no porto de Lisboa seria o Barreiro", conta Carlos Humberto, presidente da autarquia barreirense.

Barreiro apresenta melhores opções 
A infraestrutura permitirá a revitalização de uma zona hoje abandonada, historicamente de vocação industrial (a CUF foi o pulmão económico do concelho). A Quimiparque possuiu as acessibilidades (tem ferrovia, por exemplo) que faltavam na Trafaria. Ao mesmo tempo, o Barreiro ocupa uma posição mais central na área metropolitana, tendo melhores ligações à plataforma logística do Poceirão, em Palmela, que deverá ser revitalizada depois do projecto ser "posto na gaveta".
"A decisão de localizar o terminal de contentores no Barreiro será benvinda e insere-se na nossa estratégia de desenvolvimento dos antigos territórios da CUF e da Quimigal, agora geridos pela empresa pública Baía do Tejo", diz Carlos Humberto para quem esta "é uma solução interessante". Sobre os assuntos que ainda não estão completamente fechados, Carlos Humberto destaca as acessibilidades e a inserção urbana do novo projecto na malha urbana do concelho. "Nas questões sobre as acessibilidades, já existem algumas soluções consideradas aquando dos estudos efectuados para a TTT - Terceira Travessia do Tejo, mas falta clarificar alguns aspectos. De qualquer modo, a questão das acessibilidades é menos exigente do que se poderia inicialmente pensar", admite. Segundo o autarca, "em termos de acessibilidades internas, terão de ser construídas duas pontes ou travessias", existindo "duas hipóteses, uma entre o Barreiro e o Seixal, e outra que é uma ligação entre o Barreiro e o Montijo, para posterior ligação à Ponte Vasco da Gama".
Estas hipóteses de acessibilidades internas, explica o autarca do Barreiro, "constam das diversas avaliações que têm vindo a ser efectuadas, estão a ser ponderadas. Também temos de ver com atenção os aspectos ferroviários. A Refer e a EP têm vindo a acompanhar estas matérias", conclui Carlos Humberto.

Governo "sem pressa" no anúncio  
Governo sem pressa de anunciar obra no Barreiro
Os próximos passos para a formalização da escolha do Barreiro para o novo terminal passam pelo anúncio formal da decisão, pela realização de estudos de impacto ambiental sobre o projecto, pela apresentação das candidaturas das vertentes elegíveis aos fundos comunitários e pelas negociações com os investidores privados que poderão estar interessados neste investimento.
Especialistas do sector garantem que a decisão está tomada, devendo ser comunicada nas próximas semanas. No entanto, durante o dia de ontem, Sérgio Mateus, secretário de Estado dos Transportes, revelou que "os próximos meses nos dirão qual é o 'timing' da decisão, mas nós não estamos com pressa. Estamos mais focados na geração do consenso do que propriamente num anúncio mais rápido desse investimento". 
Ainda de acordo com o governante além do Barreiro e da Trafaria, existe ainda possibilidade do novo porto ser deslocado para a margem norte do Tejo, para o Mar da Palha (entre Vila Franca de Xira e Lisboa) e Algés.
Em princípio, será a Administração do Porto de Lisboa a assumir o anúncio da nova localização do novo porto. A dimensão e outras especificações do terminal - custo, profundidade do cais, capacidade de carga ou modelo de exploração - são, por enquanto, desconhecidas.
No entanto, a fasquia está colocada em termos menos ambiciosos do que os fixados para a Trafaria. Barreiro não pretenderá rivalizar com Sines (por excelência, o porto de águas profundas). Com este anúncio, o distrito de Setúbal passa a contar com o três principais portos do país: Sines, Setúbal e, ao que tudo indica, Barreiro. 

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