Almada, um concelho para todos por Célia Margato

Civismo precisa-se 

“O termo civismo refere-se a atitudes e comportamentos que no dia-a-dia manifestam os cidadãos na defesa de certos valores e práticas assumidas como os deveres fundamentais para a vida coletiva, visando a preservar a sua harmonia e melhorar o bem-estar de todos”. Comecei por mencionar uma definição de civismo porque ela diz tudo num parágrafo apenas, ou seja não se trata de algo transcendental que os cidadãos com o mínimo de literacia não consigam compreender. Mas sendo assim, porque tantos reconhecem que a principal fonte de problemas sociais e urbanos no meu concelho é a falta de civismo!? Será porque esses não reconhecem os valores e as práticas que devem assumir, ou porque acham que não têm de se preocupar com os outros concidadãos?... 


Em minha opinião existem as duas causas para a falta de civismo, sendo que uma está relacionada com a outra. Aquilo que cada um de nós é como pessoa social resultou das nossas experiências de vida, com uma forte componente na nossa aprendizagem escolar e no nosso contexto familiar. Estes aspectos ninguém garante que contribuem para fazer um cidadão íntegro, apesar de tal ser o desejável. Isto porque também há relatividade nos exemplos das pessoas que nos influenciam, também elas são um resultado pela formação do seu Ser.
Resumindo, todos somos diferentes e todos temos as nossas próprias características sociais como humanas. Se essas características amadurecidas não forem realmente fortes na nossa personalidade, com alguma facilidade comportamo-nos conforme dita a envolvente que nos acolhe a cada dia, pois aos sermos seres influenciáveis também o somos ao socializar.
Chegámos ao âmago da questão... Então se há tantos de nós que pela relatividade a que estamos sujeitos canalizam os seus comportamentos para outras marcas da sua personalidade que não o civismo, como queremos que o clima social tenha esta forte componente activa!? Entendo que é uma ilusão se não fortificarmos a motivação cívica de todos, tanto mais os que menos importância lhe dão!
Acontece que a motivação não basta... é preciso que a mesma se desenvolva num enquadramento propício, porque sem ele a motivação perde-se na ausência de aplicabilidade prática. Ou seja, o civismo de que precisamos está implícito num sistema relacional dinâmico entre os cidadãos anónimos e o poder local que os rege, e só num jogo equilibrado de comportamentos, regras e penalizações, se alcança a harmonia e o desejável clima de bem-estar para todos.
Também não parece possível que os cidadãos que necessitem de melhorar as competências cívicas, melhorem-nas só porque outros cidadãos se queixam do seu desvio comportamental, aliás tal provoca “guerras” na socialização e só aumenta o mau-estar.
Referindo-me ao meu concelho, o de muitos de nós, o que posso adiantar da minha vivência é que, apesar de as tentativas autárquicas já existentes visando educar a população sobre alguns temas cívicos através do marketing, não houve progressos suficientes. Tal acontece precisamente porque o civismo não é uma matéria que se resolva por fracções, implica desenvolver e aplicar uma estratégia integrada e focada pelo todo, alinhando a população no clima social a conseguir. A eficácia reside na dimensão do impacto comunicacional.
Concluindo, entendo que é o poder local ou a quem este decidir atribuir a responsabilidade do difícil desafio, que pode criar o espírito do grande bem que é o civismo, dando azo ao “milagroso” sistema relacional que nos fará viver melhor em comunhão no espaço comum.
Face ao exposto, algumas palavras-chave me ressaltam... avaliação, planeamento, processos, recursos, acção, controlo, reconhecimento, penalização... São estas as étapas que usaria na ligação do sistema. Fica o desafio para quem pode contrui-lo!



Célia Losa Margato 
Gestora organizacional 
Dinamizadora do protejo cívico: 
"Almada, um concelho para todos os cidadãos" 







Agência de Notícias

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