Câmara de Almada quer Alfeite na esfera pública

Almada quer manter Arsenal do Alfeite como empresa pública

O município de Almada mostra-se preocupado com o futuro da empresa Arsenal Alfeite e diz que não pode deixar de acompanhar com máxima atenção “o desenvolvimento deste processo” considerando que esta “constitui uma mais-valia muito importante para a economia local, regional e nacional”. Esta é a reação da autarquia ao anunciado estudo sobre a “criação de cenários de evolução empresarial e de soluções de reestruturação para o Arsenal do Alfeite” encomendado pelo Governo. O estaleiro militar emprega quase 600 pessoas e um património avaliado em 110 milhões de euros. No entanto, declarou um resultado líquido negativo de 4 milhões e oitocentos mil euros em 2013. 

Governo estuda hipótese de privatização do Arsenal de Alfeite

Apesar de Aguiar-Branco ainda não ter definido uma solução para o Alfeite, em Almada, fontes das estrutura governamental falam ao Público na possibilidade de privatização ou sub-concessão a privados. Augusto Mateus deverá entregar em breve a sua proposta de "criação de cenários de evolução empresarial em situação competitiva e de soluções de reestruturação para o Arsenal do Alfeite", de acordo com o jornal Público.
Segundo o diário, passaram já seis meses desde que o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco assinou um contrato com o ex-ministro da Economia com vista a definir uma solução para aquele que é considerado um dos activos mais importantes do sector da Defesa.
O mesmo jornal explica que Aguiar-Branco ainda não revelou o seu plano para a única empresa no país capaz de realizar reparações e construções necessários aos navios da Marinha portuguesa, estando a solução para o Alfeite ainda em aberto. Contudo, algumas fontes das estrutura governamental falam na possibilidade de privatização ou sub-concessão a privados.

PCP contra privatização do Alfeite 
Tendo em conta este cenário, o PCP entregou no Parlamento na semana passada um projecto de lei onde propõe a "reintegração do Arsenal do Alfeite na orgânica da Marinha", refere o diário. "Excluída que deve ser, em absoluto, a possibilidade de privatização, só resta a internalização, a qual só pode logicamente ser concretizada com a reintegração na Marinha", pode ler-se na proposta.
Os militares não pensam de forma muito diferente. Em 2009, o Alfeite tinha “cerca de 20 milhões de euros, no banco, para se modernizar”, garante o almirante Melo Gomes, que era Chefe do Estado-Maior da Armada aquando da empresarialização. “Não devia um tostão a ninguém”, acrescenta o militar. Os problemas a sério começaram com a sua passagem para a esfera daholding. Ao longo dos anos, 32 milhões de euros foram transferidos para socorrer os Estaleiros de Viana, então já em dificuldades. “Lá se foi a modernização e a empresa foi-se degradando”, com o emagrecimento dos trabalhos para a Marinha e a saída do pessoal mais qualificado.

4800 milhões de prejuízo em 2013 
Nem mesmo a tão propagandeada internacionalização do Alfeite conseguiu travar os prejuízos. As duas reparações realizadas em dois navios da Marinha Real de Marrocos, nesses dois anos, não inverteram a tendência. Ainda que a administração se mostre mais animada com os próximos tempos. No Relatório, a empresa mostrava-se “particularmente optimista no segmento internacional” devido ao “fecho do primeiro contrato de grande carénage com Marrocos”, antecipando assim a “realização de mais três contactos a executar no corrente ano [2014]”. Que para os gestores permitiriam ao Alfeite chegar ao final do ano sem valores negativos nos resultados. Assim, uma das soluções pode passar pela privatização
Mas a expectativa “optimista” não demove Aguiar-Branco, decidido a rever o estatuto do Alfeite que se transformou numa empresa e saiu da esfera da Marinha para integrar a EMPORDEF em 2009. 
Com activos que ultrapassam os 110 milhões de euros, uma força laboral que atinge os 561 trabalhadores, o Alfeite é um colosso no que resta da EMPORDEF. Mas é um colosso actualmente fragilizado que luta para se manter à tona de água. Os cortes orçamentais retiraram à Marinha os meios financeiros para manter o nível de reparações nos seus meios, que sempre foram a actividade principal do Alfeite. No Relatório de Contas de 2013, a empresa declarou um resultado líquido negativo de 4 milhões e oitocentos mil euros. Em 2012 tinham sido 5 milhões e meio negativos. Assim, uma das soluções pode passar pela privatização dos únicos estaleiros navais da marinha portuguesa. 

Câmara de Almada relembra importância para a economia local, regional e nacional
Câmara de Almada quer estado a gerir o Alfeite 
A Câmara  de Almada anunciou ontem que defende a manutenção do Arsenal do Alfeite como empresa pública, sublinhando que o caminho a seguir deve ser diferente do seguido no caso dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
"O Arsenal do Alfeite continua a ser uma grande empresa. Possui ativos superiores a 110 milhões de euros, e emprega perto de 600 trabalhadores, com grande peso na vida económica e social do concelho", sublinha a autarquia em comunicado.
A Câmara de Almada, liderada por Joaquim Judas (CDU), está preocupada com o estudo que o Governo mandou efetuar em relação ao Arsenal do Alfeite.
"Representam particular preocupação para os trabalhadores do Arsenal do Alfeite alguns indicadores que apontam a intenção do atual ministro da Defesa em aplicar ao Arsenal do Alfeite o mesmo destino dado aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo: a privatização ou subconcessão da exploração a empresas privadas", acrescenta.
A autarquia salienta que o Arsenal do Alfeite é uma empresa "altamente especializada no trabalho de reparação e manutenção naval", lembrando a sua importância para a economia local, regional e nacional.
"Saudamos todas as iniciativas que contribuam para a manutenção do Arsenal do Alfeite como Empresa Pública e em laboração no concelho de Almada, num desejável quadro da sua reintegração na orgânica da Marinha Portuguesa", conclui o comunicado da presidência da Câmara de Almada.

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